sábado, 11 de março de 2023

Vampiro A Máscara e uma metáfora para o capitalismo


Eu fiquei conjecturando, que textos poderia escrever sobre o Mundo das Trevas. O que eu poderia extrair de útil, para que as pessoas que viessem a jogar esse RPG, não se focassem apenas em poder? Caso não saibam, muitos jogadores iniciantes (e depois veteranos) transforma as sessões desse tipo de entretenimento, uma forma de ter muito poder. Apenas isso. O que não conseguem ou não tem, no mundo real, transferem para esse universo fictício. Transformando sessões de Vampiro A Máscara, em "Vampiro Os X-Men", cheio de sobretudos e katanas, dando até um termo para esse estilo de jogatina com cainitas. E as sessões de Lobisomem O Apocalipse se tornaram cada vez mais violentas, que esqueceu das partes espirituais, ao qual perdem o teor misterioso da jogatina. No máximo, usando isso apenas como ferramentas do jogos, não como foco.
Então, eu pensei, por que não usar esse mundo como um meio de explicar e mostrar uma visão, do que cada jogo pode estar criticando? Então, vamos começar com o capitalismo, podendo ser criticado em Vampiro A Máscara.

O capitalismo gera o seu próprio coveiro
-Karl Marx
Bem, comecemos pela história de Vampiro A Máscara. Independente de ser tratado como mitologia ou não, a história de Caim é a base dos cainitas, nome dado a esses monstros que um dia foram mortais. Ele, filho de Adão e Eva, teria assassinado seu irmão, Abel. Para dar ao Pai seu maior presente na, então, vida. Independente do que acredite, ou como isso tenha ocorrido, isso geraria nele a maldição que conhecemos como vampirismo. Isso o faria gerar suas três primeiras crias (a Segunda Geração), e estes outros cainitas que seriam os líderes dos futuros clãs ou linhagens (a Terceira Geraçã). Só para lembrar que Caim é a Primeira Geração, eles viveram em paz com os mortais na cidade de Enoque por um certo tempo, mas depois tudo deu errado, antes do Dilúvio (por isso, os vampiros gerados antes disso, são tratados de Antideluvianos).
Nos dias atuais, alguns acreditam nessa história por completo, outros nem tanto e ainda há os que consideram isso algo próximo das mitologias mortais, inclusive as cristãs. Nas Noite Finais, ou nesse momentos próximos da Gehenna (o apocalipse dos vampiros), o que importa é sobreviver de um modo que possam consumir o sangue de anciões cainitas, para ficarem mais poderosos. Pois é no sangue deles que reside o poder. E não perderem o seu líquido vermelho, pois poderá ser visado. Seja pelas pessoas ao seu redor, como por aqueles que o odeiam. Enquanto equilibram tudo isso com o que lhe resta de humanidade. Onde matar, os levará a uma monstruosidade que nunca imaginou ter dentro de si.

A liderança dos Amaldiçoados é meu fardo, não o seu.
-Frase de um ventrue
Dito isso, devemos notar como funciona esse traço de geração. Quanto mais próximo de Caim, mais poderoso dentro da sociedade cainita o personagem é. Seja na Camarilla, Sabá ou os Anarchs, ele é perigoso e tem o temor daqueles que vivem nas cidades com a mesma maldição do jogador. Mas reparem, se trata do sangue do primeiro assassino que, de alguma forma, corre em você. Mesmo que o personagem seja de um clã como Gangrel, Nosferatu, Ventrue, ou tantos outros, a verdade é uma: você se tornou descendente e está ligado, de alguma forma, ao primeiro assassino. Por isso, a Besta, um lado selvagem que tenta controlar para não perder sua humanidade, fica sempre lhe tentando a consumir mais sangue. Note que isso não acontece aos carniçais, que querem "apenas" consumir o sangue de seu mestre.
Mas aonde isso começa a ser uma crítica ao capitalismo? Note que, para obter poder, um cainita deve ter o sangue de alguém mais poderoso. Podemos tratar isso como o nepotismo, que acontece quando um pai arruma um serviço para o marido de sua filha. Se quer um exemplo mais claro, podemos usar Elon Musk como exemplo. Ele nasceu rico, mesmo que muitas pessoas achem que não, pois seu pai explorava esmeraldas na África. O que não significa que ele seja perfeito. Cometeu falhas, quando ao comprar o Twitter, excluiu comediantes que zoavam ele e a ex-namorada.
Ou seja, nem sempre ter poder significa ter moral ou realmente saber o que fazer com isso. Mas muitas vezes, isso tem relacionamento com as influências que possuí. E devemos ter consciência, que quando nos tornamos poderosos, muitas vezes perdemos a humanidade. Como o conflito dos cainitas com a Besta.
Podemos enxergar esse "vampirismo", nos grandes capitalistas, quando colocamos armazéns da Amazon do lado de favelas. Ignorando o sofrimento das pessoas humildes que moram ali do lado. Afinal, um ser poderoso não liga para o seu "rebanho", seu "gado".
Para finalizar, não podem existir tantos vampiros, assim como não podem ter tantos ricos no mundo, pelo pensamento capitalista. Pois isso atrapalha o quanto "vão poder consumir de sangue", ou seja, o quanto poderá lucrar dos trabalhadores. Parece bizarro, mas notem o quanto isso faz sentido.
Finalizando, o subtítulo, A Máscara, demonstra que esses seres (vampiros ou capitalistas verdadeiros) usam máscaras na sociedade. Para parecerem mais "humanos", mas são monstros dos dias atuais. Só lembrando que isso pode ser trazido na Idade das Trevas, que é quando essa regra foi mais usada por eles.
E só lembrando a coisa mais simples. Um cainita, um vampiro, suga o sangue de qualquer humano (na maioria das vezes), pois tem poder para tal. Pois estão em uma classe acima de qualquer um. Mesmo um nosferatu dentro de esgotos, pode ser mais poderoso que um mero mortal.
O próximo texto falará de Lobisomem e o comunismo.


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