sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Por que chamamos história em quadrinhos de Nona Arte?

A Nona Arte é importante até os dias de hoje, mas talvez, devido a uma massificação de filmes e mídias sobre personagens de histórias em quadrinhos, parte de seu conteúdo foi perdido.
Mas vamos compreender por qual motivo, as histórias em quadrinhos são chamadas de Nona Arte. Bem, as artes clássicas são consideradas seis: música, dança, pintura, escultura, teatro e a literatura. Elas aparecem com numerações diferentes, dependendo dos textos e autores que tratam sobre elas. Pois essa numeração, na verdade, não se relaciona com a importância, com origem ou com data de criação de uma ou outra.
Entretanto, em 1923, o teórico e crítico italiano, Ricciotto Canudo, ele publicou o Manifeste des Sept Arts (Manifesto das Sete Artes). Nele, Canudo propunha que o cinema fosse a sétima manifestação artística. Se transformando em parte do nosso patrimônio material cultural artístico.
Do mesmo modo, a fotografia foi tratada como a Oitava Arte. Mesmo que muitos autores considerem que ela deveria ser a Sétima Arte, já que ela antecede ao cinema. Mas como escrito, uma ordem cronológica não afeta a importância daquelas manifestações artísticas.
Enfim, chegamos as histórias em quadrinhos, ou arte sequencial, que é considerada a Nona Arte. Elas combinam a imagem, a cor (muitas vezes) e as palavras para criar narrativas. Elas são acompanhadas em diversas formas: tiras de jornais, revistas, encadernados, fanzines, etc. E tem diversos nomes, dependendo de onde estejam sendo impressas, tais como gibi, histórias em quadrinhos, em Portugal se chama banda desenhada, em francês se escreve bande desineé, nos Estados Unidos se fala comics, no Japão temos o mangá, na Coréia do Sul é denominado como manhwa. Independente do país, muito de sua arte e narrativa terá uma influência única, seja de forma externa ou interna, dentro dessas produções.
Alguns estudiosos dizem, que na verdade, essa arte remonta de muito mais tempo atrás, das pinturas rupestres dos homens das cavernas. De qualquer forma, só em 1896, Richard Felton Outcault, teria criado aquela que seria tratada como a primeira história em quadrinhos do mundo, The Yellow Kid. Publicado originalmente em um jornal dos EUA, sua função era aumentar as vendagens dos jornais. Para cada nova história do personagem naqueles impressos, uma nova aventura seria vista, forçando quem o queria acompanhar a compra.
Se diversificando em formas, textos e conteúdos até os dias de hoje. Abrangendo a comédia, terror, suspense, faroeste, ficção científica, eróticas, de super-heróis, drama, filosofia, entre tantos outros.
O que ocorre é que, com um público consumidor muitos mais voltado para um público jovem – a princípio – houve uma diversificação no estilo de escrita e ilustração. De uma arte mais simples e pouco trabalhada, ela foi tomando mais forma. Ainda por cima, com o avanço da imprensa do último século como um todo. Com diversas técnicas de uso para produção das histórias em quadrinhos, até hoje em dia que se usa muitas vezes arte digital.
E as histórias em quadrinhos acabaram mantendo um caráter mercadológico, que foi e é utilizado até hoje para discriminar essa arte. Lembrando que ela influencia, assim como tantas outras, a cultura pop, e sendo um dos grandes patrimônios culturais da humanidade. Tratar HQs, como uma forma de subcultura é de uma falha grave que gera na sociedade um olhar preconceituoso, dividindo-a em dois nichos que pouco sabem o universo de quadrinhos que os rodeia.
Normalmente, acreditando que só existem histórias em quadrinhos de super-heróis (de forma internacional, focando apenas em editoras como Marvel e DC) e de comédia infantil (de forma nacional, só lembrando dos trabalhos de Maurício de Sousa). Tratando assim, trabalhos desse tipo como “literatura para crianças”. O que é exatamente o contrário.
Sim, esse tipo de leitura serve para o desenvolvimento dos jovens em diversas áreas, sociais, literatura, psicológicas e históricas – além de outras – mas não é apenas isso. Em si mesmo, ela traz manifestações artísticas muito profundas em diversos pontos únicos.

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