sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 3: Não é, mas Attack on Titan se parece muito com a Segunda Guerra Mundial

Tratar sobre Attack on Titan é extremamente necessário agora.
Nem preciso comentar muito isso, mas o tratamento que os eldianos sofrem dos maleyanos está muito parecido com o que judeus sofreram nas mãos dos nazistas, no período da Segunda Guerra Mundial. Separados em guetos da sociedade e tinham que utilizar um símbolo dourado nos braços, no casos da realidade era uma estrela. Podemos até ir mais a fundo e colocar ideias supremacistas como as de Hitler, mas que escondem na verdade um preconceito perpetrado por séculos. Então notamos já nesses pequenos exemplos, o quão próximo o autor aproxima esses dois pontos.

Eis que pelo sofrimento sentido pelo eldianos (fossem os de Paradis ou de além mar), muitas pessoas acreditam que Eren Jaegar está certo. Então aqui usarei dois exemplos: um da realidade e outro da ficção.
Primeiro, se formos fazer a comparação entre eldianos e judeus, acharia justo que eles atacassem e matassem os que lhes causaram tanto mal? A Alemanha hoje em dia, é um país de primeiro mundo que evoluiu muito socialmente e psicologicamente. Então destruiremos um país que aprendeu com seus erros, tanto que faz questão de não os esquecer, para não cometer eles novamente? Os judeus deveriam odiar os alemães, propagando a guerra. Se for assim. o Paraguai poderia nos matar fácil fácil. Caso não saiba, 90% da população paraguaia morreu na Guerra do Paraguai, sobrando só crianças, idosos e mulheres.
Isso só giraria mais uma vez esse círculo de ódio.
Então acha justa a ação de Eren?
Bem usando uma comparação de outro mangá, você acha justo Griffith? Tudo que ele fez foi por sua vontade. Assim como Eren. Não me venham falar que isso foi "manipulado pelo destino" no caso de Griffith ou "ele foi manipulado" no caso de Eren. Ambos desejavam isso, um por ambição ou vingança, respectivamente. Mas ambos estavam prontos para sacrificar alguém que amavam. Apesar de Mikasa não ter se dado tão mal quanto Gatts, Caska e Bando do Falcão, ela até então foi uma peça nisso tudo.
Sacrifícios voluntários são uma coisa. Mas quando usa e manipula pessoas para obter o que se quer nós vemos o quão cruéis conseguem ser.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 2: Kira sempre foi o vilão

O poder corrompe. É isso que você fala quando se trata de Death Note, se não protege Light Yagami (Raito Yagami ou Kira mesmo) por amar sua ideologia. Entretanto, em uma análise bem criteriosa, ele sempre foi o vilão. Mesmo sendo o protagonista.
Analisemos o começo de Death Note, no mangá e anime. Ambos, Light e Ryuk (o deus da morte/shinigami que lhe concedeu o caderno) estavam entediados. E encontram um no outro, uma forma de quebrar esse tédio. Não só pelo poder de mudar e melhorar o mundo, mas para passar essa fase horrível do mundo. Eles queriam sim, tentar fazer algo para se sentirem bem. Tanto que Kira gosta da briga de gato e rato contra L.
Mas vejamos como Kira trata as mulheres. Light é um grande machista em boa parte da obra. O tratamento que ele dá a Misa Amane (também chamada de Misa Misa), se iguala, ou é pior que Arlequina e Coringa. Mas nesse segundo caso, há na personagem da DC uma personalidade própria, que mesmo associada ao Palhaço do Crime consegue ser inteligente e com um carisma próprio. 
E não só com ela, com a antiga colega da época de escola que a usa como peça em seu jogo. Ou até cogita em matar a própria irmã em um determinado ponto. Note que ele não faz isso, por exemplo, com seu pai. Um dos líderes da investigação contra Kira!
Vamos a sua morte. Diferente de L, que morre de uma maneira quase poética, os momentos antes da morte de Kira são uma pura tortura contra ele. Ele acaba entregando a si e seu comparsa, e o força a se revelar alguém parecido com um criminoso. O que na verdade... ELE SEMPRE FOI! E pior, estava estampado em que ele era. 
Percebam: Kira seria uma leitura em japonês da palavra, Killer, ou seja Assassino ou Matador. O termo é sempre usado para designar, na nossa sociedade atual um criminoso que comete o crime de homícidio. E mesmo que ele use o termo de "deus de um novo mundo", isso só demonstra o quão cruel ele é. Quando pensamos em Death Note, nós associamos ao deus cristão, entretanto, notem que ele é um anime. Uma arte oriental. Que não se associa diretamente ao cristianismo católico apostólico romano. Tem suas próprias divindades (xintoístas, budistas e outras), além de em muitas mídias usar divindades gregas e germânicas, por exemplo. De qualquer forma, mesmo que seja o Deus que aparece na Bíblia, ele também era um genocida. Vide o Antigo testamento.
Então, chegamos a sua contraparte, L. Ele quer pegar Kira, não só por um cara desses ferir seu ego como detetive profissional internacional, mas por conta que ele acredita que ninguém é acima da Lei. Ou seja, enquanto Kira se coloca acima de todos se auto-intitulando "deus de um novo mundo", L quer servir a humanidade. Possibilitando a ela sua liberdade de escolha. Coisa que Light não permitia, já que coagia as pessoas a não cometer crimes, ao invés de os instruir na bondade.
Enfim, Kira jamais foi um herói. Ele era um jovem pretenso e pseudo-defensor das verdades sobre como lidar com o crime, entretanto, agia como os criminosos que sentenciava a morte.


sábado, 9 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 1: Protagonista

Recentemente, eu estava notando que muitas pessoas acompanhavam o final de Attack on Titan (Shingeki no Kiyojin). E a obra tem sim seu charme que nos traz muita coisa boa. Entretanto, eu tenho que ser o cara chato para comentar que algo me incomodou. Muitas pessoas falavam "Eren está certo", sendo que ele se torna praticamente um ditador. É engraçado que um cara como eu use uma camiseta do Magneto e fale isso agora, mas eu fiquei anos falando que Erik Magnus era de uma área cinza. Nunca o chamei de vilão. E ai está, até muito jovem eu tinha noções ao menos mais elaboradas de bem ou mal.
E depois de assistir um vídeo em duas partes do Tralhas do Jon, O Death Note da Netflix é bom, Otaku que é ruim, eu notei que necessitava comentar aqui o que é um protagonista. Pois o Jon estava altamente certo
Para isso entenda, em um enredo, podemos ter os seguintes aspectos:
  • Protagonista é um personagem principal, ao qual acompanhamos como foco da narrativa. Isso é fácil de ver em uma obra como Naruto, onde Uzumaki Naruto é o herói. Mas há também obras ocidentais personagens como Harry Potter, que também demonstram isso. Isso não significa que é necessário o nome do personagem na obra no título (como Bleach ou O Senhor dos Anéis) para sabermos quem é ele. Mas ele tem um oponente;
  • Antagonista é, nem sempre um personagem físico, pode ser uma ideia (uma empresa, como a Umbrella Corporation de Resident Evil), mas alguém que tem ou quer impedir o protagonista de obter êxito. Assim, em Saint Seiya, o maior vilão da obra seria Hades, que na mitologia grega não é um vilão, como já falaremos. E pegando Harry Potter como exemplo, o grande vilão é Voldemort, o Grande Lorde das Trevas;
  • Herói é basicamente uma versão de diversos valores humanos colocados em uma personagem fictícia. Tanto que os primeiros que nos veem a cabeça seriam Hércules e Perseu, que trariam os aspectos heróicos que tanto amamos. Mais tarde, autores vão definindo muito o que seria a Jornada do Herói. Mas algo que demonstra bem isso, seriam personagens como Luke Skywalker e o próprio Anakin Skywalker (que era Darth Vader);
  • Vilão é toda a personificação do "contra-herói", um personagem que repudia as virtudes heróicas. Por qual motivo? Isso pode variar, mas ele se encaixa com algo parecido ao antagonista. Mas no caso do vilão ele é MAL, se não for a representação desse mal. A prova disso são o Imperador Palpatine de Star Wars ou Sauron de O Senhor dos Anéis, que são as figuras do que é maldade até hoje.
Então, nos próximos posts irei desconstruir Death Note, Attack on Titan, Code Geass e Shield Hero. Esse último só para que fique claro, não é propriamente um vilão. Mas precisamos falar sobre isso.