sábado, 17 de setembro de 2022

Anéis de Poder: Uma série com muita fantasia... Pouco Tolkien...

A missão dele, agora é minha.
-Galadriel
A história de Anéis de Poder trata sobre a Segunda Era, um período dentro do legendarium criado por Tolkien, em que não existe o mal de Melkor, o primeiro senhor do escuro. MAS, uma nova ameaça surge na forma de Sauron, um maiar, espírito que também teria sido exilado por Erú Iluvitár, por se rebelar contra a criação.
Ao que tudo indica, ela tratará da queda de Númenor. Essa civilização é de humanos que colaboraram com os deuses desse universo (chamados de valar), e ganharam esse território como presente, essa ilha. Entretanto, é dele que surgirá Sauron para corromper os humanos de lá. Enquanto isso, a história na Terra-Média se concentra em outros lugares.

Pensávamos que nossa luz, nunca iria esmorecer.
-Galadriel
Bem, isso deve ter sido feito a partir dos apêndices de textos de Tolkien. Entendam: Tolkien trata sobre Númenor em O Simarillion sim, mas não de forma tão descritiva. Ele e seu filho, Christopher Tolkien, sempre falaram que não era interessante se concentrar tanto nisso, nos detalhes superflúos ao criar uma obra. Então, vamos reparar algumas coisas.
Antes de tudo, eu gostaria de deixar claro uma coisa: a crítica não visa ser feita de forma negativa, nem por eu achar que ela se afasta do que seria um texto de Tolkien, nem pela questão de etnia. J.R.R. era um ferrenho combatente do apartheid, e como tal, seguindo seu exemplo, também o faço. E a qualidade das atuações está ótima. Com uma ou outra exceção, mas nem é disso que quero tratar aqui, pelo menos. Dito isso, vamos a crítica.
A Amazon só pode fazer certas alusões para o trabalho de Tolkien. Como assim? Na verdade, eles tiveram que fazer uma adaptação enorme para a série. Pois a Amazon está contando a história da Segunda Era, sem ter os direitos sobre os principais livros que tratam sobre ela. A Prime Video tem direito sobre A Sociedade do Anel, as Duas Torres, O Retorno do Rei, os respectivos apêndices, e O Hobbit. Eles não têm os direitos sobre O Silmarillion ou Contos Inacabados! Por isso, eles podem reescrever esse "trecho" das histórias como quiser. E isso não garante qualidade, só liberdade artística.

O céu está estranho.
-Sadoc Burrows
Uma das coisas que mais amo dentro de O Senhor dos Anéis e O Hobbit é a não criação de cliffhangers safados. Isso se deve por um simples motivo, as séries se usam disso como modo de criar expectativa para os próximos episódios e gerar platéia nas próximas exibições. Legal, mas nem parece algo que Tolkien faria.
Já em Contos Inacabados e O Simarillion, vemos tudo como lendas e mitos, apesar de tratados por elfos e anões como parte de sua história. E como algo de uma mitologia, é uma coisa que não nos dá certeza sobre nada. Existem diversas versões de um lobisomem em culturas, tanto que a do Brasil, nem se baseia em um lobo, já que não temos esse animal na fauna local. Voltando ao assunto... O escritor deixava lacunas, para que nossas mentes preenchessem o resto com a imaginação. Acho que ele fazia o mesmo com as lendas germânicas e celtas que leu em sua juventude.
Voltando ao fato de que eles só têm direito sobre a trilogia principal e O Hobbit, coisas importantes como as silmarils, Ungoliant, Melkor e outras coisas não podem ser citadas de forma direta. E eles estão sabendo lidar com essas limitações. Entretanto, com o que tem, já fizeram uma besteira tremenda.
O que muita gente ficou incomodada foi a personalidade de Galadriel. O que a mim, confesso, não me atingiu. Todos os reis, incluindo aqueles que ganharam os anéis de poder, são destemidos e poderosos, e creio que Tolkien se incomodasse pouco com isso, visto que deu a Eówyn, sobrinha do rei Theóden, a função de destruir o Rei-Bruxo de Angmar e líder dos Nazgul. Meu problema é o personagem que se supõe ser Gandalf.

Esse reino ainda vai ser seu.
-Disa
Ele caiu na Terra-Média através de um meteoro, com fogo místico. Talvez as chamas de Anor. E acreditam que ele seja Gandalf por várias pequenas referências a seus poderes, tanto nas obras escritas, quanto em livros. O problema nisso está no que chamo de "Paradoxo Michael Myers".
Se conhece a franquia Halloween, sabe que os melhores filmes sobre o personagem são o 1 e 2, e aqueles que pouco explicaram sobre a mente assassina do personagem. H20, o reboot de Rob Zombie, e outras tosqueiras que foram surgindo após o Halloween 4 (já que o terceiro é uma história a parte do universo de Myers), se deram muito mal pois queriam explicar demais. Ou o vilão era abusado física e mentalmente pelo pai ou estava ligado com uma profecia antiga e misteriosa. E tirava todo o mistério do serial killer.
Agora, dito isso, se o personagem for mesmo Gandalf, não seria uma boa essa abordagem. Por qual motivo? Simples: retira toda a química inicial de Gandalf e Frodo. Nos textos de Tolkien, Mithrandir (outro nome para Gandalf) encontra os hobbits, meio que por acaso. Assim como foi a criação desses personagens pelo próprio autor. Ele disse, certa vez, que corrigia provas e escreveu "em um buraco no chão, vivia um hobbit". Nunca antes ele tinha citado essa palavra como tudo indica. Foi algo natural.
Mas com ele, praticamente alguém "tacou" o sujeito na Terra-Média. Mais um pouco e seria como em Pokémon: Vai lá Gandalf e solte o golpe, Chama de Anor!
Em resumo, Anéis de Poder é lindo. Como uma série de fantasia, mas não como uma obra de Tolkien. E os racistas, vão tomar no cu que a mulher do Darin estava ótima! E vocês iriam criticar se ela tivesse barba, nerdolas do caramba.