sábado, 27 de fevereiro de 2021

Defendendo o Martha


Talvez um dos momentos mais criticados da tentativa de Zack Snyder até hoje de criar o Universo Cinematográfico DC, foi e é, o Marta em Batman v Superman: O Despertar da Justiça.

-Salve... A Marta!
Superman ou Clark Kent
Vamos entender o contexto. Após maquinações de Lex Luthor, com interesse em compreender mais sobre a tecnologia alien, Superman e Batman entram em conflito. Clark não quer brigar, mas o Cruzado Encapuzado quer. A briga se estende, com o Morcegão usando da fraqueza a kryptonita do Último Filho de Krypton, para o vencer. E consegue.
Quando Bruce iria matar o, até então para ele, alien com uma lança de ponta com kryptonita... Ele escuta "Salve Marta!". E é explicado por Lois Lane que aquele é o nome da mãe "terráquea" do Super.
E a internet vive criticando o filme, em especial por essa cena. Entretanto, ela tem muito mais do que podemos ver em uma primeira instância.

-Porque você disse esse NOME!?
Batman ou Bruce Wayne
Uma das coisas mais importantes em histórias em quadrinhos, e por consequência em filmes, é o uso de nomes a nos remeter a algo. Um exemplo é o próprio personagem Bruce Wayne. Seu primeiro nome é referente ao líder escocês Robert De Bruce, que comandou seus exércitos contra a Inglaterra. Querendo remeter ao Batman, a personalidade de alguém justo e um exemplo a seguir.
Mas uma coisa até engraçada é que muitas vezes um nome tem maior significado, em especial, quando ligamos eles a questões religiosas. Peter Parker é um exemplo disso.
Peter, seria a pronúncia inglesa para Pedro, o principal apóstolo de Cristo. Tanto que temos a basílica de St' Peter (de São Pedro). Só que essa personagem bíblica renega Jesus, ao menos três vezes, antes que o galo cantasse pela manhã e antes da morte do Messias. Isso demonstra no personagem um lado de sofrimento causado por não seguir os ensinamentos de seu mentor.
Podemos ver isso em Peter Parker, quando esse ignora a frase de Ben Parker, "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades", se fixando em só obter lucro. E tempos depois, o seu tio morre devido a um ladrão que o Homem-Aranha poderia ter detido. Não sei se isso foi intencional, mas notam o quão parecido são o personagem bíblico e da HQ? Ambos tinha pessoas que as guiavam e as "traíram", indo contra sua confiança.

-Marta! Porque disse esse nome?
Batman ou Bruce Wayne

Ai você vem e solta, "isso é nas HQs, não nos filmes". Errou. Errou feio. Errou rude.
Já assistiu Corpo Fechado? O primeiro filme da trilogia de Shyamalan é na verdade um ode as histórias em quadrinhos. Prova está no seguinte: o personagem principal (interpretado por Bruce Willis) desse filme se chama David, que provém do Rei Davi, líder guerreiro do povo de Israel. Assim como Samuel L. Jackson que interpreta Elijah (que provém de Elias, que foi um profeta da fé judaica). O filme faz diversas referências a essas histórias em quadrinhos clássicos, de uma forma bem bacana.
Então temos um filme de herói, com nomes inspirados em HQs. Mas com o que ele colabora com minha teoria? Simples, pois ele deve uma sequência: Fragmentado.
A sequência é um filme bom, mas que demorou para sair pela falta de confiança dos estúdios no diretor. Entretanto, Shyamalan fez o que pode e não criou alarde para a sequência, deixando isso para ser revelado com o final do filme. Mas o que importa aqui não é isso. É a fraqueza do personagem que James McAvoy interpreta.
James interpreta um jovem com múltiplas personalidades. Mas são várias mesmo. Inclusive uma que estava para nascer, que talvez tenha habilidades únicas. Algo parecido com o que David, de Corpo Fechado, tinha. Ainda assim, cada um de seu modo. De qualquer forma, uma coisa presente nessa história é a questão de como o jovem era psicologicamente afetado.
Essa nova personalidade que irá nascer é a Besta. Que seu poder seria afetado pelo transtorno do jovem. Afetando seu físico de uma forma grotesca! Cada personalidade, é na verdade uma área nova de seu cérebro que abre novas habilidades.
Ao ponto de que essa Besta devora jovens que ele tinha sequestrado. Mas como em HQs, este ser tem uma fraqueza, descoberto por uma psicóloga que o jovem consultava. Que deixou em um bilhete encontrado por uma das jovens, esse ponto fraco: ouvir seu verdadeiro nome completo, Kevin Wendell Crumb.
O filme que se mostra como uma sequência, termina falando que Kevin foi chamado como a Horda (devido ter diversas personalidades), mostrando David assistindo um jornal que falava daquele crime.
Notem como um homem foi quase vencido por conta de seu nome! Há mais coisas aqui, mas eu condensei tudo. Além disso, notem o quão psicologicamente o rapaz estava para criar personalidades ao ponto de cada um desenvolver habilidades únicas. E a película foi tão boa que rendeu outra sequência, Vidro.
Então notemos como o nome é algo extremamente importante para personagens. Em especial, para aqueles que de alguma forma psicológica foram afetados pela vida. Seja lá de que modo isso acontecer.

-Clark! Pare! Por Favor! Pare!
Lois Lane
Em HQs, existem heróis e vilões com fraquezas. Alguns deles normalmente tem algo externo, como Mr Mxyzptlk, que precisa ter seu nome pronunciado de alguma forma para ser derrotado, ou a kryptonita que afeta o Superman. Mas e quando a pessoa é mais comum, como o Batman? O psicológico. 
Certa vez, foi dito que o único jeito de derrotar o Batman é ameaçar as pessoas que ele ama. E faz sentido! Afinal, como afetar alguém que se prepara para tudo?
Batman nasceu da perda de uma criança de oitos anos, que viu seus pais morrerem diante de seus olhos. Então a perda é algo que o afeta psicologicamente sempre.
Podemos ir para um personagem claramente sociopata, como foi Rorschach de Watchmen. Ele não se via como sua forma civil. Tanto que exigia que entregassem seu "rosto". Ele não era o homem, ele era o vigilante. Esquecendo o significado de seu nome. 
Podemos até citar mitos e lendas que falam sobre a força de um nome. Em que saber o nome verdadeiro de uma pessoa ou entidade, lhe dá poder sobre a pessoa.

Batman: Porque você disse esse nome?
Lois Lane: É o nome da mãe dele! É o nome da mãe dele...
Mas e ai? No que isso ajuda em Batman v Superman? Em tudo!
Batman é uma pessoa traumatizada. E toda a cena da morte de Marta e Thomas Wayne sempre o afeta de uma forma que ele jamais tratou de forma psicológica de forma correta.
Quando ele enfrenta o Superman, ele trata o kryptoniano como um monstro, um ser que "trouxe a guerra até eles". Mas quando ele escuta Marta, aquele vigilante afetado psicologicamente não compreende aquilo e fica confuso. É quando Lois explica, que assim como Bruce, Clark tem uma mãe. 
E uma coisa que meu amigo Jack falou certa vez, antes do filme estrear, ressoa até hoje na minha mente. Ele disse, espero que explorem o fato de que ambos os personagens tem mães com nomes iguais. Era óbvio que isso seria explorado. E como foi. De uma forma clara! Mas o povo não compreendeu...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Crossovers antes da onda de crossovers

A Casa do Drácula:
Talvez o primeiro crossover dessa história seja o mais bizarro. Ele une personagens como o Drácula, o Lobisomem e o Frankenstein. Talvez por isso temos esse título de A Casa do Drácula, quase como uma casa da Mãe Joana. Mas o bom era que nessa época, muitas coisas poderiam ser reunidas sem grandes problemas. Ou seja, esses personagens icônicos poderiam se reunir sem grandes problemas, ainda.
Na história, o Drácula encontra um médico, o Doutor Edelman, pois queria ajuda. Pois estava procurando a maldição do vampirismo. Um outro homem procurava Edelman, pois um homem chamado Talbot afirmava um lobisomem, e era mesmo. Todos queriam a ajuda do médico, para se curarem. Após algumas brigas, eles encontram o monstro de Frankenstein. 
Isso dá problemas, pois Drácula, iria causar muitos problemas.
Esse é um daqueles clássicos dos filmes da Universal. Que teria só três personagens. Mas como veremos mais a frente que terá ainda mais monstros em outro filme dessa lista.
King Kong Vs Godzilla:
Se você acha que há exclusividade nesse crossover entre King Kong e Godzilla, pense de novo. A Toho, muitos anos antes, conseguiu fazer um baita crossover de monstros gigantes, os famosos kaijus.
A história é bem simples: Godzilla é despertado de seu sono, depois de ter sido preso pela humanidade em um bloco de gelo. Então, para combater essa monstruosidade nuclear, os humanos vão usar um outro monstro. Um que vive em uma ilha isolada, onde vive uma comunidade que venera um gorila enorme.
A verdade é que o filme foi comprado pela Toho, pois ninguém nos EUA queria fazer um filme com King Kong e Frankenstein (oh ideia maluca, mas que eu gostaria te ver). E essa era a ideia original. E pense bem, quando que alguém, naquela época, iria pensar em ver uma personagem asiática e americana em combate tão ferrenho antes? 
Ao que parece, mesmo sendo um filme para ver mais uma briga de monstros, parecia ter sim um fundo de história. Como o degelo das capotas polares, causado pelas ações humanas, o que libertou Godzilla. Aliás, o lagartão do Japão, ainda não era o herói nesse filme. Quem era o nosso protetor era o King Kong. Que foi levado com helicópteros... E balões gigantes.
Uma Cilada para Roger Rabbit:
Muita gente acha difícil terem unido Final Fantasy com Disney. Difícil mesmo foi reunir Disney com Warner Bros. Especialmente, quando pegariam personagens reais com desenhos animados. Ainda assim, conseguimos algo MAIOR que tudo isso. Mas vão entender quando comentar alguma curiosidades.
Na história, acompanhamos Ed Valiant, um detetive particular, que está investigando Jessica Rabbit, esposa de Roger Rabbit. Ela o estaria traindo. Entretanto, um magnata dos filmes morre misteriosamente, de um modo cartunesco, e Roger é o principal suspeito. Tudo se complica quando um personagem aparece querendo matar o coelho paranóico.
Com direção de Robert Zesmecks e produção de Steven Spielberg, não teria como falhar uma obra dessas. Além de trilha sonora de Alan Silvestri.
Você personagens, juntos da Disney com os da Warner Bros. Mickey com o Pernalonga, Pato Donald com o Patolino, entre outros. Aparecendo o mesmo tanto de tempo de cada uma das duas companhias. Mas não só das grandes produtoras aparecem os desenhos animados, mas de outras que sumiram, como Betty Boop. Possuindo um dos maiores gastos de produção em um filme dos anos 80.
Na história original, o Juiz Doom, seria tão terrível, que teria sido ele quem matou a mãe do Bambi! Monstro!
Deu a Louca nos Monstros:
Já falei aqui da união de monstros, mas ainda não era com um tom de comédia, nos anos 80 com um estilo de Goonies. Pois esse é basicamente o clima de Deu a Louca nos Monstros (o Monster Squad).
Nele, acompanhamos um grupo de garotos, pré-adolescentes, que querem desafiar perigos, mas que acreditam os monstros. E eles descobrem que o Drácula, o Frankenstein, o Monstro da Lagoa Negra, o Lobisomem e a Múmia, querem encontrar um amuleto para abrir um portal para as forças das trevas. Para os deter, eles devem encontrar um diário com uma magia para prender os monstros, que foi escrito por Van Hellsing. E uma virgem para o ler. Ok...
O filme nunca foi um grande sucesso, não arrecadando tanto quanto custou. Entretanto, hoje ele é um filme cult. Um personagem que se acreditava ser um alemão (tanto que ele é chamado em boa parte do filme de "alemão assustador") fala que já viu monstros piores. E a câmera se aproxima de uma marca em seu braço, com números. Ele seria uma vítima judia do regime nazista.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 4: Quando o vilão sabe que é O VILÃO!

Bem, chegamos ao personagem que mais gosto dessa leva de "protagonistas vilões". Lelouch de Code Geass. Ele é o protagonista e você até simpatiza com ele. Mas há um problema. Ele quer vingança!
Para situar você, assim como Death Note se passa na época atual e Attack on Titan se passa em uma terra diferente com ares do período de Segunda Guerra Mundial, aqui vemos um mundo (como a Terra) mas que usam mechas com ares do neo-colonialismo. E o que seria isso? Para resumir, ocorreu um período na Europa que, após a colonização que conhecemos, o continente dividiu territórios. Na África e na Ásia. Isso seria um dos fatores que geraria a Primeira e Segunda Guerra, mas isso não importa. Só note como é bem parecido nesse ponto ao anime.
Temos um personagem brilhante, chamado Lelouch. Um estudante do Japão, que devido a conquista de um império, se chama Area 11. Ele é filho do imperador do Sagrado Império da Bretanha, que após ver sua mãe morrer é deserdado junto com sua irmão para o país do Sol Nascente.
Ele e sua irmã, passam a viver na casa do Primeiro Ministro do Japão até então. E ele conhece o jovem Suzaku. E isso seria complicado, pois Lelouch seria atacado por Suzaku, devido ele assumir o alter-ego de Zero.
Tempos depois, vivendo com a família Lamperouge, ainda é um jovem brilhante. E conhece uma personagem chamada C.C. que lhe concede o Geass, o poder do rei. Uma habilidade visual que faz com quem ele mandar, acionando esse atributo novo, fará o que ele mandar.
Ele se transforma muitas vezes, mas notamos que ele quer fazer o bem. Entretanto, para alcançar a sua vingança ele cometerá crimes. E não me refiro as ações dele como Zero. Mas o simples uso do Geass demonstra isso: um poder que retira a escolha das pessoas, parece o que um ditador faria. Vide qualquer filme onde a trama se centra nisso.
Lelouch começa ajudando o grupo de resistência do Japão. Criando uma organização para recuperar o Japão, é o que ele diz. Mas isso é só um passo de sua vingança. E Zero se torna um símbolo de revolução. Ele não liga para seus companheiros. E a prova disso é o Geass.
Essa habilidade se adapta ao usuário! Ou seja, como ele é influencia o poder. O quão anti-ético é esse poder, ao forçar as pessoas a cumprirem o que queremos.
Apesar disso, sua atitude egoísta, vai se tornando altruísta até o final da história. Mas já era tarde demais a Lelouch. Pois a vingança o cegou, para notar o quão violente e perigoso ele foi. Apesar disso, ele conseguia enxergar além e pode remediar seus atos. Ele vai crescendo.
Então notamos que tanto Zero quanto Lelouch são ideologias, que devido ao crescimento dos dois, são imensas. E diferentes. O primeiro é o herói. E o segundo um vilão. E o segundo não precisava mais existir no mundo.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 3: Não é, mas Attack on Titan se parece muito com a Segunda Guerra Mundial

Tratar sobre Attack on Titan é extremamente necessário agora.
Nem preciso comentar muito isso, mas o tratamento que os eldianos sofrem dos maleyanos está muito parecido com o que judeus sofreram nas mãos dos nazistas, no período da Segunda Guerra Mundial. Separados em guetos da sociedade e tinham que utilizar um símbolo dourado nos braços, no casos da realidade era uma estrela. Podemos até ir mais a fundo e colocar ideias supremacistas como as de Hitler, mas que escondem na verdade um preconceito perpetrado por séculos. Então notamos já nesses pequenos exemplos, o quão próximo o autor aproxima esses dois pontos.

Eis que pelo sofrimento sentido pelo eldianos (fossem os de Paradis ou de além mar), muitas pessoas acreditam que Eren Jaegar está certo. Então aqui usarei dois exemplos: um da realidade e outro da ficção.
Primeiro, se formos fazer a comparação entre eldianos e judeus, acharia justo que eles atacassem e matassem os que lhes causaram tanto mal? A Alemanha hoje em dia, é um país de primeiro mundo que evoluiu muito socialmente e psicologicamente. Então destruiremos um país que aprendeu com seus erros, tanto que faz questão de não os esquecer, para não cometer eles novamente? Os judeus deveriam odiar os alemães, propagando a guerra. Se for assim. o Paraguai poderia nos matar fácil fácil. Caso não saiba, 90% da população paraguaia morreu na Guerra do Paraguai, sobrando só crianças, idosos e mulheres.
Isso só giraria mais uma vez esse círculo de ódio.
Então acha justa a ação de Eren?
Bem usando uma comparação de outro mangá, você acha justo Griffith? Tudo que ele fez foi por sua vontade. Assim como Eren. Não me venham falar que isso foi "manipulado pelo destino" no caso de Griffith ou "ele foi manipulado" no caso de Eren. Ambos desejavam isso, um por ambição ou vingança, respectivamente. Mas ambos estavam prontos para sacrificar alguém que amavam. Apesar de Mikasa não ter se dado tão mal quanto Gatts, Caska e Bando do Falcão, ela até então foi uma peça nisso tudo.
Sacrifícios voluntários são uma coisa. Mas quando usa e manipula pessoas para obter o que se quer nós vemos o quão cruéis conseguem ser.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 2: Kira sempre foi o vilão

O poder corrompe. É isso que você fala quando se trata de Death Note, se não protege Light Yagami (Raito Yagami ou Kira mesmo) por amar sua ideologia. Entretanto, em uma análise bem criteriosa, ele sempre foi o vilão. Mesmo sendo o protagonista.
Analisemos o começo de Death Note, no mangá e anime. Ambos, Light e Ryuk (o deus da morte/shinigami que lhe concedeu o caderno) estavam entediados. E encontram um no outro, uma forma de quebrar esse tédio. Não só pelo poder de mudar e melhorar o mundo, mas para passar essa fase horrível do mundo. Eles queriam sim, tentar fazer algo para se sentirem bem. Tanto que Kira gosta da briga de gato e rato contra L.
Mas vejamos como Kira trata as mulheres. Light é um grande machista em boa parte da obra. O tratamento que ele dá a Misa Amane (também chamada de Misa Misa), se iguala, ou é pior que Arlequina e Coringa. Mas nesse segundo caso, há na personagem da DC uma personalidade própria, que mesmo associada ao Palhaço do Crime consegue ser inteligente e com um carisma próprio. 
E não só com ela, com a antiga colega da época de escola que a usa como peça em seu jogo. Ou até cogita em matar a própria irmã em um determinado ponto. Note que ele não faz isso, por exemplo, com seu pai. Um dos líderes da investigação contra Kira!
Vamos a sua morte. Diferente de L, que morre de uma maneira quase poética, os momentos antes da morte de Kira são uma pura tortura contra ele. Ele acaba entregando a si e seu comparsa, e o força a se revelar alguém parecido com um criminoso. O que na verdade... ELE SEMPRE FOI! E pior, estava estampado em que ele era. 
Percebam: Kira seria uma leitura em japonês da palavra, Killer, ou seja Assassino ou Matador. O termo é sempre usado para designar, na nossa sociedade atual um criminoso que comete o crime de homícidio. E mesmo que ele use o termo de "deus de um novo mundo", isso só demonstra o quão cruel ele é. Quando pensamos em Death Note, nós associamos ao deus cristão, entretanto, notem que ele é um anime. Uma arte oriental. Que não se associa diretamente ao cristianismo católico apostólico romano. Tem suas próprias divindades (xintoístas, budistas e outras), além de em muitas mídias usar divindades gregas e germânicas, por exemplo. De qualquer forma, mesmo que seja o Deus que aparece na Bíblia, ele também era um genocida. Vide o Antigo testamento.
Então, chegamos a sua contraparte, L. Ele quer pegar Kira, não só por um cara desses ferir seu ego como detetive profissional internacional, mas por conta que ele acredita que ninguém é acima da Lei. Ou seja, enquanto Kira se coloca acima de todos se auto-intitulando "deus de um novo mundo", L quer servir a humanidade. Possibilitando a ela sua liberdade de escolha. Coisa que Light não permitia, já que coagia as pessoas a não cometer crimes, ao invés de os instruir na bondade.
Enfim, Kira jamais foi um herói. Ele era um jovem pretenso e pseudo-defensor das verdades sobre como lidar com o crime, entretanto, agia como os criminosos que sentenciava a morte.


sábado, 9 de janeiro de 2021

"Legal, mas você sabe que ele é o vilão?" - Parte 1: Protagonista

Recentemente, eu estava notando que muitas pessoas acompanhavam o final de Attack on Titan (Shingeki no Kiyojin). E a obra tem sim seu charme que nos traz muita coisa boa. Entretanto, eu tenho que ser o cara chato para comentar que algo me incomodou. Muitas pessoas falavam "Eren está certo", sendo que ele se torna praticamente um ditador. É engraçado que um cara como eu use uma camiseta do Magneto e fale isso agora, mas eu fiquei anos falando que Erik Magnus era de uma área cinza. Nunca o chamei de vilão. E ai está, até muito jovem eu tinha noções ao menos mais elaboradas de bem ou mal.
E depois de assistir um vídeo em duas partes do Tralhas do Jon, O Death Note da Netflix é bom, Otaku que é ruim, eu notei que necessitava comentar aqui o que é um protagonista. Pois o Jon estava altamente certo
Para isso entenda, em um enredo, podemos ter os seguintes aspectos:
  • Protagonista é um personagem principal, ao qual acompanhamos como foco da narrativa. Isso é fácil de ver em uma obra como Naruto, onde Uzumaki Naruto é o herói. Mas há também obras ocidentais personagens como Harry Potter, que também demonstram isso. Isso não significa que é necessário o nome do personagem na obra no título (como Bleach ou O Senhor dos Anéis) para sabermos quem é ele. Mas ele tem um oponente;
  • Antagonista é, nem sempre um personagem físico, pode ser uma ideia (uma empresa, como a Umbrella Corporation de Resident Evil), mas alguém que tem ou quer impedir o protagonista de obter êxito. Assim, em Saint Seiya, o maior vilão da obra seria Hades, que na mitologia grega não é um vilão, como já falaremos. E pegando Harry Potter como exemplo, o grande vilão é Voldemort, o Grande Lorde das Trevas;
  • Herói é basicamente uma versão de diversos valores humanos colocados em uma personagem fictícia. Tanto que os primeiros que nos veem a cabeça seriam Hércules e Perseu, que trariam os aspectos heróicos que tanto amamos. Mais tarde, autores vão definindo muito o que seria a Jornada do Herói. Mas algo que demonstra bem isso, seriam personagens como Luke Skywalker e o próprio Anakin Skywalker (que era Darth Vader);
  • Vilão é toda a personificação do "contra-herói", um personagem que repudia as virtudes heróicas. Por qual motivo? Isso pode variar, mas ele se encaixa com algo parecido ao antagonista. Mas no caso do vilão ele é MAL, se não for a representação desse mal. A prova disso são o Imperador Palpatine de Star Wars ou Sauron de O Senhor dos Anéis, que são as figuras do que é maldade até hoje.
Então, nos próximos posts irei desconstruir Death Note, Attack on Titan, Code Geass e Shield Hero. Esse último só para que fique claro, não é propriamente um vilão. Mas precisamos falar sobre isso.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Shrek: quebrando os contos de fadas

Antes de falar de Shrek, nós temos que falar de outras duas outras coisas: Disney e Dreamworks. E acima de tudo, como a força do ódio conseguiu quebrar a "força do amor", da empresa do "Miguel Rato".
Disney:
Jeffrey Katzenberg liderou a Disney para a revitalização da empresa, com diversos títulos como Alladim, A Pequena Sereia, O Rei Leão, entre outros. Então Katzenberg achava que seria promovido como segundo em comando da empresa. E isso não aconteceu.
Isso tudo pois ele foi o presidente da Walt Disney Studios de 1984 até 1994. Foi ele também que salvou a Touchstone Pictures e fechou contrato com o estúdio da Pixar. Ele não era MESMO, pouca coisa.
Ele se envolvia diretamente com os filmes. Fez a Disney renascer, com um olhar mais cuidadoso aos contos de fadas, de um modo melhor e que respeitava a mentalidade das crianças. 
Ele fazia campanha para ser promovido para presidente da Disney Company. Abaixo apenas do CEO na época, Michael Eisner. Mas isso implicaria rebaixar o então presidente Frank G. Wells.
Mas Eisner assegurou a Katzenberg que o iria colocar no poder, se Well saísse. O que aconteceu, pois Frank Wells, em 1994, morreu em uma acidente de helicóptero. Mas quem ficou com a posição dele... Foi o próprio Michael Eisner!  

Dreamworks:
Ninguém queria promover Katzenberg mesmo, pois ele sempre foi uma pessoa difícil de lidar. Mas ele deve a palavra de Eisner. Que voltou atrás. E além disso, muitos associavam a Katzenberg (na mídia da época) e só a ele, o sucesso da Disney Company. O que ofuscava Eisner. E aconteceram alguns problemas, forçando Jeffrey a pedir demissão. 
Os motivos aqui são bem obscuros...
A Dreamworks antes de Shrek era conhecida por filmes como O Príncipe do Egito. Ou seja, que tentava pegar uma fórmula até que bacana, mas que não deu tão certo: elementos místicos, mas mais voltados para histórias bíblicas, como se fosse um "conto de fadas". Algo próximo do que a Disney fez com os contos dos irmãos Grimm, e como esses fizeram com histórias e lendas europeias. 
Junto de Steven Spielberg e David Geffen, ele produziu uma animação tão maravilhosa que fez aquilo que NINGUÉM teria feito antes. DEIXOU A DISNEY DE QUEIXO CAÍDO. Daí vem o SKG que fica abaixo da logo da Dreamworks (Spielberg, Katzenberg e Geffen). Na verdade, depois de A Bela e a Fera, que foi a primeira animação indicada ao Oscar de melhor filme, a Dreamworks e Disney queriam aquele prêmio. 
Quando foi inaugurada a categoria de melhor animação, em 2002, Shrek ganhou o prêmio. 
Uma paródia de forma escancarada aos contos de fadas e aos filmes da Disney por consequência, onde a empresa do rato, capitaliza de forma massiva em cima da ideia de mundo feliz. Literalmente, brincando com as ideias de clichê.
Desde de sua abertura vemos essa sátira, ao imitar a abertura de filmes clássicos. Como A Cinderela e A Bela Adormecida. Pois nesse instante, ele simplesmente esfrega que esse jeito é uma merda. Pois Shrek, o protagonista, usa o livro que abre a história para limpar a bunda em um sanitário. Sutil...
Tudo isso ao som de All star de Smash Mouth. E tem mais piada a isso.
Toda vez que o Burro tenta começar um número musical, Shrek manda ele calar a boca. As músicas que tocam nos filmes do ogro, são famosas, antes de aparecerem no filme (Viva la vida loca, I need a hero, entre outras. . E não entram no contexto de uma obra de conto de fadas europeia medieval. O território de Lorde Farquaad é uma paródia aos parques da Disney. Quando a Fiona tenta cantar ela mata um pássaro. 
Para um filme tão amado por famílias, Shrek é bem cheio de pequenas piadas politicamente incorretas pra época. Como por exemplo, a famosa cena de Pinóquio usando uma calcinha, ou o lobo mau bem diferente que ama usar as roupas da vovozinha. 

Shrek: 
O filme foi e é, uma das animações mais influentes de todos os tempos. Ele fez com que as animações ocidentais seguissem um parâmetro de filmes que é seguido até hoje em dia. Além das sequências e alguns spin-offs, Shrek gerou coisas como musicais e todo um merchandising único. Em especial, de como seria o uso de CGI em animações, em uma época onde isso ainda não era bem definido. 
Ele foi lançado em 2001, mas quase ninguém dava nada por ele. Ah, mas como o mundo gira não é meus amigos?
Os próprios animadores chamavam o projeto de O Gulag, pois consideravam uma punição trabalhar num projeto de menor prestígio do setor de animação da Dreamworks. 
O filme poderia ser completamente diferente do que conhecemos. Shrek! era um livro infantil de 1990, de William Steig. E o livro não tem praticamente nada a ver com os livros. Pois no livro, o ogro solta raio pelos olhos e solta fogo pela boca! Ok... Isso eu queria ver. 
Entretanto, o conceito de um ogro monstruoso estrelando um conto de fadas não convencional, faz dele único. E Steven Spielberg aproveitou isso pois conseguiu os direitos sobre o livro em 1991. Ele próprio iria dirigir uma animação em 2D, produzida pela Amblin. E Shrek seria feito por Bill Murray e teria Steve Martin como Burro. Não deu certo.
Mas o projeto ressuscitou, quando o produtor John Waite Williams convenceu Spielberg a mexer em Shrek. Pedindo que ele trouxesse a história para seu recém-fundado estúdio Dreamworks. 
Ele foi considerado a ser feito por 2D, stop-motion, uma mistura de live-action e CGI mas o CGI puro venceu no final. 
O papel principal foi originalmente oferecido a Nicholas Cage nessa época.
Em 1995, quem estava com o papel de Shrek, seria Chris Farley, famoso pelo SNL (Saturday Night Live). O ogro, nessa época, não era antissocial e nem mal humorado. Ele ainda viveria com os pais que o obrigavam a fazer parte dos negócios da família. Mas Farley, mesmo fazendo 90% de suas falas já gravadas, morreu de overdose em 1997. Aos 33 anos. 
Então reescalaram o papel para Michael Myers. Assim, ele pediu que refizessem as falas da personagem, para se fixar no seu estilo cômico. E foi daí que tivemos o personagem e a história como conhecemos. 
E o Myers pediu que regravassem o filme inteiro, pois ele queria que Shrek tivesse um sotaque escocês. Katzenberg gastou mais quatro milhões para alterar detalhes do filme, mas ai ele já fazia qualquer coisa para o filme nascer.
Um filme cheio de problemas de produção, mas que é um verdadeiro milagre surgir. E que gerou milhões. E tudo por que Jeffrey tretou com a Disney. Pois ela era o padrão de filmes. Mas Shrek alterou isso.
Quando Shrek veio, a Disney apostava em filmes como Dinossauro, A Nova Onda do Imperador e Atlantis - O Reino Perdido. Que não eram filmes ruins, mas a fórmula não dava mais certo. Tanto que Planeta do Tesouro, um filme bom, não se saiu nada bem. Pois faltava alguma coisa. Ainda assim surgiam boas coisas como Lilo & Stitch e Irmão Urso. Mas essas duas últimas fizeram metade do lucro de animações da Pixar, sendo que Procurando Nemo arrecadou quatro vezes mais do que eles. 
Talvez o pior tenha sido Nem Que A Vaca Tussa. Até se renderem a fórmula de Shrek com o Galinho Chicken Little, que novamente, era bom, mas não deu tão certo. 
Entre outras piadas que existem, podemos ver que: Lorde Farquaad é um nanico, e ele lembra muito Michael Eisner que seria um homem alto, querendo claramente dar uma indireta no líder da Disney; Pinóquio usa roupa íntima feminina e ainda dança como Michael Jackson em alguns momentos; O Burro se casa com a dragoa, e que por isso, eles tem filhos com aspectos de burro e de dragão; a Branca de Neve atacando ao som de Immigrant Song do Led Zepellin; entre tantas outras.
Além disso, existem reflexões reais, não só paródia. A mais clara está que as pessoas não devem se fixar nas aparências apena, como podemos ver com Shrek e Fiona. E isso pode ser visto como uma crítica a Disney também. Outra personagem que demonstra esse senso de reflexão é Doris, a irmã trans feia da Cinderela. Na verdade, nós notamos duas coisas aqui: primeiro que Doris que em Shrek 2 era uma vilã, depois dos acontecimentos do longa se torna uma pessoa boa. Na verdade, ela poderia ser assim desde sempre. Entretanto é em Shrek 3 que ela se destaca, sendo a única na cena que apoia Fiona quando é dito que a princesa ogra está grávida.