Héctor Gemán Oesterheld em 23 de julho de 1919 foi um escritor de histórias em quadrinhos argentino.
Geólogo de profissão, Héctor enveredou pela literatura desde a juventude. Seu primeiro conto foi publicado no jornal La Prensa, em 1943. Nos anos seguintes, foi um constante colaborador da Editora Abril argentina, pela qual publicou muitos contos infantis na revista Gatito e relatos de ficção científica em Más Allá, até começar a criar roteiros de quadrinhos.
Em 1951, ele publicou sua primeira HQ, Ray Kitt, junto com Hugo Pratt, que marcou início dessa mítica dupla, que logo apresentaram Sargento Kirk, o inovador faroeste lançado em Misterix, em 1952. Nesse mesmo ano, apareceu Bull Rocket, um de seus personagens mais populares, desenhado por nomes como Campani e Solano López, que marcou a primeira etapa de sua vida como roteirista.
Em 1957, em companhia de seu irmão, fundou a editora Frontera, em que se destacaram as revistas Frontera e Hora Cero. Nesses títulos, apareceram numerosas e importantes obras, como Randal, the Killer, com desenhos de Arturo del Castillo; Ernie Pike e Ticonderoga, com Hugo Pratt; e a saga de ficção científica O Eternauta, parceria com Solano López, que se tornou um clássico da HQ mundial.
A obra de Oesterheld é extensa, e nela sempre esteve presente o espírito humanista e combativo do autor. No início da década de 1960, publicou Mort Cinder, com Alberto Breccia. No final da mesma década, seu posicionamento político tornou-se cada vez mais presente em suas criações. Também com Breccia, fez as biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, em 1968, e uma segunda versão mais politicamente carregada de O Eternauta em 1969.
Seu ativismo se converteu em militância quando passou a fazer parte do movimento guerrilheiro Montoneros, ao qual aderiu junto e por influência de suas quatro filhas, todas na faixa dos 20 anos de idade. Durante o golpe militar na Argentina, em 1976, Oesterheld passou à clandestinidade, e em 1977 foi sequestrado pelas Forças Armadas da ditadura. Suas filhas tiveram o mesmo destino, junto a três de seus genros. Estima-se que o autor foi assassinado pelos militares em 1978, aos 59 anos. Seu corpo nunca foi encontrado. Da família Oesterheld, ficaram apenas sua esposa Elsa (que morreu em 2015) e dois netos. Fonte: Editora Figura (dezembro 2020).
O Eternauta é ambientada em Buenos Aires, a trama começa com uma misteriosa nevasca tóxica que mata instantaneamente qualquer um que entre em contato com ela. O protagonista, Juan Salvo (na série, Ricardo Darin), sobrevive ao lado de sua família e um grupo de amigos, ao se isolar dentro de casa.
Ninguém se salva sozinho. Essa talvez seja a principal premissa da série O Eternauta, adaptação recente da Netflix para a famosa HQ argentina publicada posteriormente, ao longo da Ditadura Militar, nos anos 1970.
Algumas das consequências da série, para se der uma ideia, é a ampliação da busca por desaparecidos da época da Ditadura Militar, dentro da Argentina. Além da procura pelas netas do autor. Relembrando que o país, teve cerca de 340 campos de concentração. E compreendemos que O Eternauta transforma horror cósmico em alegoria ao fascismo latino-americano.