quarta-feira, 15 de março de 2023

O misoginia idiota dos alfas, usando uma metáfora trans

Nos últimos tempos, graças a tendência de coachs - que por si só, para mim, são prejudiciais - nós tivemos o surgimento de um grupo bem patético de homens. Criando um misto de misoginia e fobia de mulheres, eles criam "técnicas" para lidar com elas, pois elas teriam se tornado muito independentes. Segundo esses rascunhos de pessoas, pois não quero xingar ninguém, eles teriam que voltar ao seu estado natural de predominância masculina. Como eram todos antes de a modernidade transformar aqueles que eram o topo da força humana, na visão deles, em animais adestrados.
Ironicamente, essa ideia parece até algo que se aproxime dos estudos do comunismo. Com uma diferença: na história, sabemos que as comunas realmente sempre estiveram envolvidas nas primeiras civilizações. Entretanto, nem sempre nelas, os homens mandavam. A figura da mulher, em tribos africanas e na sociedade dos grupos celtas, as mulheres tinham o simbolismo maior, representando - literalmente - a divindade. Como Ceridween, deusa celta e da cultura irlandesa.
Dito isso, esses coachs, usam termos como "alfa" e "beta", "red pill" e "blue pill". As duas primeiras palavras surgem da necessidade de usar termos emprestados de outras cultura, para afirma sua bravura e masculinidade, o que na verdade não tem. Um exemplo recente de como isso é patético e sem sentido, foi o caso do Calvo do Campari. Sem contar, que como dito antes, eles usam muito os termos da antiguidade, como se fosse natural deles. Me lembrou certos regimes nazi-fascistas no período da Segunda Guerra Mundial, que tomavam essa atitude. Usar um símbolo antigo, como seu.
Dito isso, que foi só para mostrar o quão patético isso é, vejamos a patética ideia das pílulas vermelhas e azuis.

'Mete bala', 'mete marcha', 'soca o pau', 'vamos embora' no sentido de vamos resolver essa questão.
-Thiago Schutz, o "Calvo da Campari
Bem a ideia desses itens surge com Matrix. Filme, dos até então, Irmão Wachowski.
Na trama, o personagem Neo, vive em uma realidade estagnada, ao qual quer fugir. Ao receber o chamado de um misterioso homem chamado Morpheus, para uma reunião. Mesmo porque, parece que ele estava sendo vigiado e controlado por algum inimigo maior. Nesse momento, é oferecido ao protagonista duas alternativas para enfrentar esses problemas: tomar uma pílula azul ou uma pílula vermelha. Com a primeira, ele voltaria para seu mundo pacato e calmo, como de costume, vivendo uma vida medíocre. Já com a segunda, ele seria libertado das amarradas daquela realidade que conhecia até então.
Ao escolher a vermelha, dentro da trama, ele se descobre sendo parte de um mundo pós-apocalíptico em que as máquinas tomaram o controle do mundo. Para continuarem vivas, elas usam os corpos humanos como baterias vivas que dariam energias a elas, e ao sistema principal desse mundo novo e sombrio, a Matrix. Neo, seria o Escolhido, um ser que foi profetizado como um meio de combater essa tecnologia, para enfim, obter a paz. De que modo e como? Ninguém imagina.
E acho que é aí que os defensores dos valores masculinos erram FEIO. Vamos por partes.
A figura de Neo é baseada em figuras poderosas de religiões e culturas diferentes. O Escolhido faz uma referência a Jesus e Buda, por exemplo. Alguém que iria mudar aquele status quo, onde pessoas mais fracas são controladas e torturadas por pessoas mais fortes, as libertando das dores mundanas e físicas. Com relação a Cristo, podemos nos lembrar do domínio romano sobre o povo judeu e a corrupção dos homens de leis em Jerusalém. Assim como Sidarta quer libertar as pessoas das tentações do mundo físico e espiritual, para alcançar o Nirvana.

Um dos maiores erros dessa galera, é a mesma dos religiosos fanáticos cristãos (quase sempre). Dar mais valores aos milagres e não a mensagem. Remonto aqui uma passagem de Jesus:
Quando um homem é levado, e este não consegue mexer as pernas, Cristo diz que ele está perdoado e juízes veem isso como sacrilégio. Pois segundo eles, apenas Deus pode perdoar os pecados. Então Jesus questiona, o que seria mais complicado: perdoar os pecados ou pedir que esse homem levante-se e anda-se. Eles dizem que o mais difícil seria que o homem anda-se. Quando o Messias o faz levantar, eles entendem, mas muitos religiosos hoje em dia, as vezes não. O perdão era mais importante que o milagre, do que a cura. Pois através do perdão, era possível curar.
Existe uma mensagem também em Matrix. Sim. Mas não é igual no seu motivo.

Porque Sr. Anderson?
-Agente Smith
Para entender tudo isso, devemos ter consciência sobre seus criadores. Ou melhor, atualmente, criadoras.
Como dito, quem criou Matrix foram os irmãos Wachowski. Que queriam soltar uma mensagem. Nós estamos tão presos nessa realidade, que ignoramos como ela nos detêm. Impede diversos sonhos que temos. As nossas convicções religiosas que vão contra a maioria, nossas visões políticas que se guiam por opiniões elaboradas, nossas escolhas de vida profissional e nossa questão sexual que vai contra a maioria. Daí vem a minoria, que sempre vem sendo oprimida.
E no caso, sempre existiu um desejo nos dois irmãos, Andy e Larry, de se transformar em mulheres. Ou seja, elas se tornaram transgênero. Por fim, em 2016, ambas já eram Lilly e Lana Wachowsky. Ou seja, as pílulas, em análise bem grosseira, seriam metáforas para a mudança. Tanto física, quanto mental delas. Ou seja, quando um "alfa" fala sobre assumir a "pílula vermelha" ou "pílula azul, mas que seja de preferência uma, ele está usando uma metáfora LGBTQIA+. E é bizarro, o quão frágil são essas masculinidades, ao ponto de analisarem o que consomem. Eles se fixam tanto na virilidade, nos combates, que perdem a mensagem de um filme. Assim como muitos fazem com a Bíblia.
Porque eu escolhi.
-Neo, o Escolhido

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