quinta-feira, 19 de junho de 2025

O perigo de A Atração Perigosa dos Games e Jogos de RPG, não é o RPG... Mas o contexto!


Eu pretendo escrever sobre vários casos, em que o RPG foi transformado em ferramentas, por grupos religiosos e sociais (e muitas vezes políticos), para instaurar um terror na população que não conhece nada sobre o assunto. Mas não começaram com isso no Brasil, mas nos EUA, onde o hobby surgiu. Entretanto, com o surgimento do Satanic Panic, existiam até mídias, como filmes contra esse lazer. Voltando para o "mundo tupiniquim", nós temos uma problemática semelhante, mas que HOJE EM DIA, não é tão voltado para esse entretenimento com dados. Entretanto, emissoras, tais como a Record ou a Band já "ajudaram" a irem contra o roleplaying game e outros parecidos (jogos de tabuleiro ou card games, por mais incrível que pareça.
Esse livro/revista A Atração Perigosa dos Games e Jogos de RPG, parece ser uma daquelas cartilhas que fanáticos, ou pessoas influenciáveis, usam para ir contra coisas que não entendem. Eu mesmo, já passei por isso, com minha mãe queimando ilustrações, histórias em quadrinhos e fichas de jogos (como Vampiro A Máscara, entre outros) por ela achar que era algo maligno. Ainda assim, isso poderia causar um estrago, se não o fez, em mentes mais frágeis e simples. Isso gerou na minha vida uma batalha contra esse tipo de ideia furada pseudo cristã, que na verdade era para ferrar as crianças e adolescentes que encontraram um hábito saudável.
O texto começa falando esse antigo termo que era do mestre, que surgia do DM (dungeon master, ou mestre da masmorra, em tradução), que os jogadores se reuniam, ao redor dele. Já vem aí a ideia que fosse um ritual. Mas sem o cuidado em explicar de onde vem essa origem, para tal nomenclatura. É simples: pois ele que controlava a "dungeon" (daí, que vinha o nome Dungeons & Dragons). Só que depois, é dito que uma escritora
chamada Pat Pulling, dizia que o RPG teria coisas como: demonologia, feitiçaria, vodu, assassinato, suicídio, insanidade, entre outras coisas... Que podem, sim, ser tratadas em jogos, mas não como se fossem coisas legais, mas como parte do enredo. Quase sempre com autorização dos jogadores. E aqui, no trecho que aparece, temos a minha crítica a pastores e padres, que sempre colocam versículos bíblicos para justificar suas teorias escabrosas e seu preconceito. Aliás, não apenas com jogos assim, mas com pessoas por questão de serem de outra religião, questões étnicas ou que tem a ver com sexualidade.
Nesse texto, eles usam livros, como um tal de Desmascarando as Seduções, com textos de Gary L. Greenwald. Dizendo uma verdade que é, a juventude é um dos principais alvo dos comerciantes, mas já entra na ideia de "Satanás vende". Assim como os versículos bíblicos como argumentos são um erro, falar isso é tão fraco, pois se uso o cristianismo para isso, posso usar a umbanda, budismo, judaísmo, islamismo e por ai vai. Ou seja, religião, não serve de argumento, pois se torna mais um ponto de vista próprio, uma opinião. Tirado tudo isso da frente, ele trata, nesses textos, como se um jogador se tornasse alguém daquele mundo e "se convertesse" se joga com um clérigo, um sacerdote. Então, se um ator faz o papel de um demônio, ele torna aquele mal? Não, só se ele for bem mente fraca! Uma pessoa não se torna corrupta, por fazer um personagem desse jeito. Compreendem?
Além de comentarem que o RPG causaria depressão. O que é exatamente o contrário! Leiam isso: 
"Os jogos de RPG (Role-Playing Games) têm evoluído muito além de entretenimento para se tornarem ferramentas terapêuticas poderosas. Ao oferecer uma plataforma segura para a exploração de emoções, interações sociais e resolução de problemas, o RPG encontrou um lugar valioso na terapia. [...] Os RPGs têm mostrado ser uma ferramenta terapêutica eficaz que pode ajudar as pessoas a enfrentar uma ampla gama de questões emocionais, sociais e de saúde mental. Através da exploração de personagens, situações e narrativas, os pacientes podem ganhar insights, desenvolver habilidades e encontrar apoio dentro de um ambiente seguro e estruturado. À medida que a terapia com RPG continua a evoluir, é possível que mais pessoas descubram o poder da imaginação e do jogo como uma ferramenta valiosa em sua jornada terapêutica."
"Psicólogos frequentemente usam jogos para se conectar, diagnosticar e tratar crianças, mas alguns tipos de jogos também estão se mostrando eficazes como intervenção terapêutica para adolescentes e adultos. Combinando aspectos de intervenções baseadas em evidências, como dramatização, psicodrama e psicoterapia de grupo, cada vez mais psicólogos estão utilizando jogos de RPG de mesa como modalidade de tratamento para todas as idades. Até o momento, a pesquisa na área é limitada, mas psicólogos que utilizam essa intervenção acreditam que ela seja promissora para a melhora dos sintomas de muitos transtornos clínicos."
O primeiro texto é de uma página sobre o RPG Ordem Paranormal. Já o segundo, vem da Associação Americana de Psicologia. Poderíamos contra a primeira, mesmo com bons argumentos, pois defende seu hobby, sua diversão, mas a segunda parte vem de pessoas especializadas!
O resto do texto se torna até uma piada. Falando sobre os lojistas que trabalham com isso sendo "lojistas feiticeiros", visto que recentemente ocorreu a divulgação que empresas como a Cacau Show, estaria fazendo reuniões próximas de seitas. E essa informação sobre a CC, tem mais chance de ser verdade, pois há casos de coachs e empresários que fazem uma verdadeira lavagem cerebral. Só lembrar o mau tratamento com pessoas que trabalhavam para a Livraria Cultura. Tanto que fechou.
E nesse balaio, o texto fala sobre jogos de carta, como Magic The Gathering. Como se fosse um jogo maligno, mas ignora jogos comuns, como o de truco. Entenderam como isso é problemático. Pois lógico, o segundo é um jogo de azar, MAS o conceito de jogos com cartas, se torna o mesmo, se entendermos que há um vencedor, diferente do RPG. Então, como comparar um ao outro, se roleplaying game é relacionado a contar história, e não ganhar dos outros? Só lembrando de quando Gilberto Barros falou dos cards de Yu-Gi-Oh! como algo demoníaco e admitiu - anos depois, quando os problemas já tinham terminado (ao menos, em partes) que só fez sensacionalismo para chamar a atenção para o programa. Sem se preocupar com a verdade, assim como essa revista faz.
Para finalizar, mesmo que tenha referências reais, isso não significa nada, se você as usa só para sua narrativa, para pessoas que estão dispostas a aceitar essa visão sem questionar. Como no caso dos evangélicos. Um exemplo, foi Rafinha Bastos, comparando Léo Lins, com suas piadas cruéis e criminosas, com atrizes e atores que fizeram vilões. Se fossemos pegar, nós poderíamos fazer o processo inverso, com os atores que mataram a filha da escritora Glória Perez, Daniella Perez. Quem vai defender? Quem não liga para piadas cruéis e outros humoristas, que não ligariam para isso.


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