domingo, 14 de dezembro de 2025

O Incrível Exército de Brancaleone


A jornada do mais improvável exército medieval começou com um peru onde não deveria estar. Enquanto Brancaleone de Norcia - o cavaleiro falido com sua armadura enferrujada e cabeleira em forma de cebola - liderava seus homens rumo a Aurocastro, um anacronismo deliberado cruzava a tela: um peru, animal que só chegaria à Europa após Colombo. Esta foi a primeira declaração de princípios de Mario Monicelli - não faria um épico histórico, mas uma sátira onde a grandiosidade cavalheiresca naufragava na miséria cômica da realidade.
Nos bastidores de "O Incrível Exército de Brancaleone" (1966),  criava-se a alma sonora dessa horda. Monicelli e os roteiristas Age-Scarpelli forjaram um dialeto fictício, mescla de latim corrupto com italiano arcaico. Enquanto no filme o judeu Abacuc negociava e o grupo enfrentava a peste com humor macabro, nos estúdios surgia o desafio: como traduzir esse idioma inventado? A crítica da Variety, em Cannes, alertava: "O humor desafia as legendas". O êxito internacional dependia de capturar o espírito daquela fala única.
A filmagem no outono de 1965 era um espelho das desventuras na tela. Vittorio Gassman mergulhou no cavaleiro inepto, enquanto Catherine Spaak - cuja personagem Matelda tinha apenas 20 minutos de tela - enfrentava provocações machistas no set. Sua jornada de donzela que culpa Brancaleone pela perda da virgindade era ofuscada pelo ambiente conturbado. Até Barbara Steele aparecia em cena mais ousada, num jogo de tensões que transcendia a ficção.
Os figurinos, entre "samurai japonês e maltrapilho italiano", materializavam o tom satírico. Enquanto o exército enfrentava sarracenos e suas próprias incompetências, as roupas grotescas acentuavam o contraste entre a pretensão nobiliárquica e a realidade nua. A sequência de luta inicial, considerada chocantemente sangrenta para uma comédia, reforçava essa visão desencantada do medieval.
O sucesso transformou o caos de "O Incrível Exército de Brancaleone" em legado. Cartazes eram roubados das ruas de Roma, a bilheteria atingia 2,15 milhões de dólares e uma sequência nascia. Monicelli provara que a verdadeira comédia medieval não estava nos castelos brilhantes, mas na estrada poeirenta, entre perus anacrônicos e homens demasiado humanos, vestindo armaduras de sonhos e trapos.

sábado, 6 de dezembro de 2025

Fathom


Com o traço espetacular de Michael Turner, que também participa do roteiro ao lado de Billy O'Neil, a trama se inicia há mais de duas décadas no passado, quando o navio "Paradise" é encontrado dez anos depois de ter desaparecido misteriosamente em mar aberto, porém, para o espanto de todos, uma sobrevivente é encontrada na embarcação, uma garotinha que está sem memória.
Essa garota então é adotada, cresce, recebe o nome de Aspen e fica cada vez mais familiarizada com a água, virando uma grande nadadora e se tornando uma bióloga marinha.
Aspen então é convidada a ir para uma plataforma submarina e uma descoberta impressionante é mostrada à ela.
"Fathom" retrata com muita beleza o mundo aquático, principalmente pelas cores de Jonatham D. Smith, que colore com maestria as cenas com água, que são constantes na história.


sábado, 15 de novembro de 2025

Grandes vilões de Dungeons & Dragons


Asmodeus - O Senhor dos Nove Infernos: Ele e o mestre dos pactos, rei dos diabos e senhor do inferno. Ele não conquista as coisas pela espada - mas pelas promessas. Onde há ambição, sede de poder ou contratos tentadores, há um pedaço da sua influência. E quando a dívida é cobrada... não há escapatória.
Lolth - A Rainha Aranha:  Deusa dos drows (os elfos negros), do caos e da traição. Ela alimenta impérios subterrâneos com paranoia, sangue e disputa. Nas teias que ligam famílias drow, na desconfiança entre aliados e no silêncio entre punhais, Lolth observa - e exige mais.
Cyric - O Príncipe das Mentiras: Cyric é o deus da loucura, da trapaça e do assassinato. Ascendeu matando outros deuses e dominando pela mentira - até enlouquecer com o próprio poder.
Ele reina onde há caos, cultos fanáticos, delírios de grandeza e revoluções malditas. Tudo que é distorcido e contraditório encontre abrigo em sua fé insana.
Vecna - O Deus dos Segredos: Antigo lich, agora deus das mentiras ocultas e segredos esquecidos. Vecna não precisa ser adorado - basta ser temido. Cada segredo guardado, cada conspiração e cada história não contada fortalece sua presença. E quando você pensa que ninguém está ouvindo, ele já sabe.
Shar - A Deus da Escuridão: Shar representa o vazio que antecede tudo. Ela devora memórias, esperanças e estrelas. Seus cultos prometem alívio - e entregam esquecimento. Cada sombra profunda e cada lembrança perdida pode ser um sussurro dela. Shar não destrói, ela apaga.

sábado, 8 de novembro de 2025

A cena de ‘Johnny B. Goode’


Na cena de ‘Johnny B. Goode’, eu só pedi: filmem minhas mãos. ”
"Antes de ser ator, eu era um garoto do rock. Eu tinha bandas no liceu, tocávamos em garagens e sonhávamos com cenários impossíveis. Quando chegou a cena de Johnny B. Goode, já estava tudo gravado: as vozes, a guitarra, tudo. Mas eu sabia que podia tocar aquele riff. Então eu disse ao diretor: "Disparem meu take, gravem minhas mãos.
Eles não queriam fazê-lo. Disseram que era uma perda de tempo, que não se notaria. Mas eu insisti. Para mim, Marty não fingia tocar. Sentia a música, transformando-se naquele momento. E se eu quisesse que o público também sentisse, tinha que fazê-lo de verdade.
Então eu me concentrei só nisso: em minhas mãos contarem a história. Quando vi a cena terminada, percebi que tudo tinha valido a pena. Foi só um segundo no ecrã, mas esse segundo foi real.
E esse pequeno detalhe, essa teimosia em fazer bem, é o que faz com que as pessoas continuem a lembrar dessa cena quase 40 anos depois. "
Michael J. Fox sobre como conseguiu tornar autêntica uma das sequências mais icônicas do cinema.