quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Black Mirror: uma antologia distópica sobre tecnologia

"Isso é tão Black Mirror..."
-Frase comum dos fãs
Black Mirror impressiona muito até hoje. Sendo que ela começou em 2011, com origem britânica. Mas foi somente em 2016, na terceira temporada, que ela começou a engrenar. Chamando a atenção do grande público.
Seu nome Black Mirror (Espelho Negro, em uma tradução literal) se refere a tela dos PCs, celulares e tablets, aparelhos eletrônicos em geral. Pois a série em si, trata de tecnologias que podem ser utilizadas futuramente, ou como, podemos estar viciados em softwares e hardwares. Sempre sendo verossímil. Por mais incrível que pareça.
Seu criador é Charlie Brooker, um roteirista, satirista e comentarista britânico.

"Se a tecnologia é uma droga, Black Mirror conta sobre seus efeitos colaterais."
-Charlie Brooker
Suas temporadas são formadas por poucos episódios, cada um com sua própria história, sem ligação entre si (ou nem tanto...), com um enredo distópico. Algo que muitos podem ver que é parecido com Twilight Zone, ou como ficou conhecido no Brasil, Além da Imaginação. O motivo de se parecer tanto é que mesmo muitas vezes contando histórias sombrias, assim como TZ, nem sempre tem um final tão escuro. Mas que faz a audiência refletir sobre determinados assuntos citados na obra.
Nem todos os episódios se passam no futuro, mas muitos usam tecnologia avançada demais. Ainda assim, não fica tão longe de nossa realidade. 
Existe uma teoria que todos os episódios se passam no mesmo universo. Basta colocar os episódios em ordem. E faz muito sentido, devido a easter eggs por cada um deles. Mas o autor diz que isso não é algo real, só um modo te fazer a audiência se focar em detalhes. Bem, ele fez isso com talento.
Vejamos um pouco de alguns dos episódios que mais gostei.
Hino Nacional: A princesa Susannah, membro da família real britânica e queridinha da população (inclusive mídia), é sequestrada. Para recuperar a princesa, o sequestrador exige que o primeiro-ministro do país, Michael Callow, tenha relações sexuais com um porco na televisão ao vivo, caso contrário, ele a matará. Callow se recusa a ser chantageado, mas a opinião pública está gradualmente se voltando contra ele.
Toda a sua história: As pessoas implantaram um "chip" atrás da orelha, que lhes permite gravar tudo o que vêem e ouvem. Usando um controle remoto, os usuários podem executar uma "redemonstração", reproduzindo suas memórias diretamente nos olhos ou em um monitor de vídeo. Em um jantar, Liam desconfia do comportamento de sua esposa, Ffion, em relação a um homem chamado Jonas. 
Volto já: Ash mora com sua namorada Martha, e passa muito tempo nas redes sociais, até que um dia ele morre em um acidente de trânsito. Alguns dias depois, Martha descobre que está grávida e decide usar uma nova tecnologia capaz de simular a voz e a personalidade de Ash no celular, com base em seu perfil nas redes sociais e outros materiais audiovisuais. Este serviço a ajuda a superar seu desespero, até que um dia ela acidentalmente deixa seu celular cair no chão e entra em pânico. O Ash artificial lhe conta sobre o estágio experimental do serviço, no qual ela concorda em fazer com que a réplica seja transferida para um corpo sintético, quase idêntico a Ash. 
Manda quem pode: Um jovem é chantageado por hackers invisíveis para que siga um conjunto de diretrizes ou, caso contrário, imagens incriminadoras dele serão vazadas para o mundo.
USS Callister: Uma mulher acorda em uma nave espacial onde a tripulação enaltece o esperto e corajoso comandante, que usou coletas de DNA para simular pessoas reais dentro de seu jogo.

"A sinceridade é impiedosa."
-Frase que aparece em um episódio de Black Mirror
O próprio Charlie diz que a série é uma mistura de Twilight Zone com Tales of the Unexpected
Robert Downey Jr. gostou tanto de um certo episódio, que quer fazer um filme sobre ele. É o Toda sua história, onde as pessoas vivem em um mundo onde todos possuem um implante que grava suas memórias. O próprio Stephen King falou que é fã da série. Charlie Brooker disse que não se pode receber um elogio melhor que esse.
Em 2012 a série ganhou um Emmy de Melhor Filme para TV ou Mini-Série. 
Foi só depois que a Netflix colocou a série em seu catálogo que ela bombou. Por isso, ela viu seu potencial, e comprou os direitos sobre ela. Por 40 milhões de dólares. 
Muitos episódios podem parecer piadas, mas por exemplo, existe uma proposta na China para "rankear seus cidadãos". Atos errados, farão cair sua "nota". Parecido com o episódio Queda Livre. Lembrando que a China é um país conhecido por sua política que incentiva casais a terem só um filho, já que esse terá suas contas pagas até a velhice. Não é algo tão totalitário, mas cria certo sentido.
A música Anyone Who Knows What Love Is, da cantora Irma Thomas, é cantada ao menos uma vez por temporada. 
E como uma série britânica, eles tem também episódios especiais de Natal... Daquele jeito... Tudo em um só especial.
Os autores nunca consultam especialistas em tecnologia. Mas será que precisam? Sua ideia não é comentar algo real, mas chocar através de uma realidade próxima.
Por isso que muitas pessoas dizem coisas como "Onde Está Segunda? é tão Black Mirror" ou "Westworld é um episódio longo de Black Mirror". Pois Brooker criou não uma, mas várias formas de criticar o uso de tecnologias. Aliás, por onde você esta lendo esse texto?

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