quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Eles Vivem! (They Live): A obra-prima de John Carpenter

Eu vim aqui para mascar chicletes e chutar bundas. E acabaram meus chicletes.
-John Nada
John Carpenter é muito conhecido por filmes como Halloween, sendo tratada como sua obra-prima. Mas ele também tem outras coisas boas, mostrando que ele não é o diretor de um filme só. Entre suas obras estão Vampiros de John Carpenter (como ficou conhecido aqui) e Aventureiros no Bairro Proibido. Só que a obra máxima dele, que é um tapa na cara de Hollywood e das mídias, até hoje em dia é outra. Eles Vivem. Que por sinal, para mim, é sua obra máxima!

A gente se vende todos os dias
Na história, temos um homem desempregado sem-teto chamado de John Nada. Ele sem querer obtém óculos que faziam ver coisas únicas: em placas comerciais existem mensagens escondidas de controle como "obedeça" e "submeta-se". Além disso, pessoas importantes na sociedade normalmente apareciam com face de "aliens cadavéricos". Pois seriam eles que colocariam essas "frases subliminares" nos cartazes. 
Após isso, John encontra-se com outras pessoas e monta uma resistência contra os aliens. 
They Live é um filme de 1988. E John Carpenter queria fazer uma crítica ao comercialismo vigente da época. Então, ele começou esse filme que é uma ficção científica, mas tem um teor bem crítico. 
Os aliens são uma crítica clara aos empresários e políticos que ignoram a população, mas que quer manter as pessoas sob controle. Além dos outdoors na cidade tentando vender diversos produtos, mas ignorando a condição social da população geral, soltando frases que colaboram com a ideia "para ser aceito você deve ter o produto X". Sendo que a pessoa as vezes se endivida para ter esse item. Leitor, veja por exemplo isso, note em sua casa alguns produtos que realmente necessite e que comprou mais por status social. Entende onde quero chegar?
Em resumo, isso mostra como as propagandas manipulam a sociedade. Naquela época e até hoje. 
O personagem principal, feito pelo lutador de WWE, "Rowdy" Roddy Piper, é mais uma crítica a sociedade. Seu nome é John Nada, pois era assim que os aliens veem os mais pobres, ou seja, como os ricos fazem.
Quando "Rowdy" disse que iria fazer esse filme, pois John Carpenter adorou ele em outro filme (Hell Comes To Frogtown), ele quase se ferrou. Isso pois o dono da WWE queria que os lutadores só fizessem filmes dele, na WWStudios. Contudo, Roddy Piper via que se daria melhor fazendo o filme de John. 
O dono da WWE disse que iria despedir "Rowdy", mas não o fez, pois o nível do lutador se elevou. Fazendo o cara ser ovacionado por muitos anos como um dos mais importantes. Além disso, até hoje, a obra tem um ar de cult.
Existe uma cena entre John Nada e outro personagem que demorou muito para ser coreografada. Isso devido ao fato de Rowdy querer realismo na cena. E o ator que contracenou com ele, nessa cena, o ajudou a fazer melhor John Nada pro filme. Foi uma troca que rendeu ótimas cenas, incluindo essa cena que foi uma briga em um beco. A luta rendeu cinco minutos muito bons! Tanto que na cena seguinte eles AINDA ESTÃO MACHUCADOS.
Aliás, os comunicadores dos aliens no filme são os radares usados no filme Caça-Fantasmas. E você achava que Star Wars I revolucionou usando uma gilete? 
Enquanto gravavam o filme, os sem teto são de verdade. Eles fizeram parte do filme em uma favela norte-americana. E alimentaram o pessoal que vivia lá. Isso demonstra o coração do elenco ajudando aquelas pessoas humildes.
Certa vez John Carpenter ouviu uma frase de um executivo que descreve bem a ideia dos vilões do filme e que usaria no filme "A gente se vende todos os dias". Uma referência ao empresário. "Rowdy" fazia frase para o WWE, e John gostou de uma delas em que diz "Eu vim aqui para mascar chicletes e chutar bundas. E acabaram meus chicletes". Ela seria usada pelo personagem Duke, no jogo Duke Nukem 3D.

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