domingo, 14 de maio de 2023

Incentive os novatos no RPG


Recentemente, eu tenho ouvido uns comentários sem noção de que "os jogos de RPG deveriam só ter jogadores veteranos". Ou seja, só os velhos, os mais antigos jogadores. E isso não faz sentido, além de ser apenas... Preconceituoso. Mas para explicar, aqui irei fazer isso em três partes:
-Como surgiu o RPG;
-Comparação aos video-games;
-Experiência pessoal.

Gostaria que o mundo se lembre de mim como o cara que realmente gostava de jogar jogos e compartilhar seu conhecimento e seus passatempos divertidos com todo mundo.
-Gary Gigax
Quando Dungeons & Dragons foi criado, jovens amigos - entre eles, Gary Gigax - na verdade estavam jogando wargames. Versões antigas de jogos para tabuleiros, que simulavam conflitos reais inicialmente. Para mudar um pouco, decidiram que usariam uma forma de invasão do lugar ao qual precisavam acessar. E por isso, gerou o RPG que conhecemos hoje em dia. Se tornando até mesmo molde para os que aparecem em video-games e jogos de tabuleiro atualmente. Já entrarei nesse assunto.
Mas note, se não fosse por um bando de jovens, que tinham ideias (nem boas, nem ruins) esse hobby é tão valorizado hoje em dia. Eles queriam algo diferente, inovador, o que vamos ser sinceros, os mais velhos normalmente não conseguem. A não ser que tenham uma mente tão
aberta quanto os novatos. Me lembro até hoje, quando um narrador ridicularizou uma ideia que tive de fazer um brujah da periferia carioca, em Vampiro A Máscara. Entretanto, quando falei com pessoas especializadas em Mundo das Trevas, falaram que minha ideia era brilhante. Já que as áreas de comunidades devem ser redutos de pessoas que se rebelam com o sistema em vigor. O que combina com uma prole de Trole!
Enfim, devo lembrar que se fixar em um único grupo exclusivo de jogadores força e acaba com novos talentos. Quem se lembra da Dragão Brasil? Mas pouco se recordam das revistas Grimorium, Arkham e Tolkien, que se continuassem, poderiam fazer algo mais único e amplo dentro dos RPGs.

Foda-se o Oscar!
-Josef Fares
Josef Fares pode parecer maluco (e ele meio que é!), por conta dessa sua frase em um famoso evento dos games. Ele é um sueco, com sangue libanês também. Entretanto, seus games são mais que apenas crescer em poder e força dentro de um espaço virtual. Se trata de contar uma boa história.
Entre alguns dos games criados por ele, estão A Way Out e It Take Two, que são experiências únicas cada um. Mas falemos de A Way Out.
O game necessita que tenham dois jogadores, começa por aí. Ou seja, é algo que vai ser compartilhado entre duas pessoas. Cada um será colocado na pele de dois detentos em uma penitenciária, ao qual existe uma possibilidade de fugirem. Depois de idas e vindas, se descobre que um deles é um infiltrado da polícia, e que precisou do jogador para algo grande. Entretanto, isso vai gerar um conflito em que ambos terão que se enfrentar de forma a que apenas UM saía vivo.
Me lembro até hoje de quando os streamers Alan (Alanzoka, antes EDGE) e Cappuccino, jogaram. O Alan chorou, o Cap chorou e eu chorei. Pois de trata de envolver os fãs do gênero em uma história de dois personagens que aprenderam a confiar um no outro. E quem vê algo assim, vai notar que o game CONTA UMA HISTÓRIA. Como deve ser uma roleplay.
E se distancia de uma visão preconceituosa dos gamers. Quem conhece o mínimo de The Last of Us, e nem digo de conhecer a história, mas sobre o criador do game, tem consciência de que ele sempre quis que Ellie fosse homossexual. Desde atitudes pequenas no primeiro game, as ações da DLC Left Behind, entre outras declarações. Só que muitas pessoas ficaram irritadas com a morte do Joel, mesmo ficando claro que isso aconteceria, quando na verdade, isso se devia ao preconceito de uma das duas protagonistas.
A verdade é que a maioria dos gamers não cresceu mentalmente, assim como leitores de histórias em quadrinhos ou nerds em geral (devo confessar que já fui assim), sobre assuntos que deveriam ser tratados nessas obras. E isso meio que afetou também os mais velhos jogadores de RPG, que como os fãs de game, pensam em poderes e "skins" para personagens. Não em quão envolvido com a história os personagens estão nesse mundo.
E agora vem a minha experiência pessoal.

Eu não vou ser como aqueles que nos excluíam.
Luis Eduardo Caraça Tavares
Comecei a jogar junto ao meu primo em Vampiro A Máscara, e os amigos dele. Erámos muito novos para entender algumas coisas sobre o RPG. Como por exemplo, que ele não era recomendado para menores de 18 e que estávamos na "Geração Xerox" ou "Época de Caça as Bruxas do RPG". Que significa o seguinte: os livros oficiais, que vinham por exemplo da Devir, eram muito caros. Traziam xerox de livros famosos, como os da White Wolf, podendo ser destruído por pais que não compreendiam que aquilo era apenas um jogo.
E isso, inicialmente, era o meu mundo de RPG, pois era forçado a participar daquele grupo de garotos mais velhos pois queriam determinado sistema. Enfim, me colocaram para fazer uma ficha de toreador, com a ideia preconceituosa de que eles eram homossexuais. Só relembrando que talvez os toreadores, dentro da história do jogo, sejam os personagens com menos casos homossexuais. Só ver os tremere (Tremere, Goratrix e Etrius), tzimisce (Mika Vykos, depois chamado Sacha Vykos com Dagon) e a relação assamita e lasombra (Fátima e Lucita, respectivamente). De qualquer forma, instauraram que aqueles personagens que lidavam com artes eram gays.
Nunca pude jogar direito com aquele personagem. Depois de certo tempo, saí daquele grupo.
Ao ir para a Quinta Série (respectivo ao Sexto Ano do Fundamental II) encontrei amigos novos que queriam jogar RPG. Alguns tiveram boas experiências com pessoal disposto a ensinar. No final, formamos um grupo bom. Hoje em dia não participo daquele grupo, mas cada um se tornou bons jogadores até hoje.
Entretanto, quando chamamos um antigo conhecido de meu primo para jogar conosco, ainda adolescentes, fomos xingados pelo cara. Pois éramos novos no assunto. Nós criávamos sistemas, pois nem tínhamos grana pros livros, como era bem o meu caso. E isso poderia nos ter desestimulado para sempre.
E por conta disso, poderia nunca escrever meus livros com base fantástica, não teria ilustrado para a Brasil in the Darkness e nunca teria narrado várias partidas de RPG. Tudo por um preconceito com novatos. E só lembrando que um preconceito normalmente gera outros.

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