domingo, 7 de maio de 2023

Dungeons & Dragons: Honra entre rebeldes (SIM! Nós temos um filme baseado em RPG BOM! Aleluia!)

Isso é diferente de tudo que a gente já viu.
Xenk
Para quem não sabe, já ocorreram filmes usando como base o nome Dungeons & Dragons. Digo isso pois eles não são ruins... São pessímos! O primeiro de 2001 (Dungeons & Dragons: A Aventura Começa), tinha grande elenco e uma história usando artefatos antigos como algo similar as Orbes do Dragão, mas os bichos pareciam ser dinossauros rejeitados do Jurassic Park. Já no segundo (Dungeons & Dragons 2: O Poder Maior) eles conseguem colocar elementos de RPG, mas ainda saí ruim. E o terceiro (Dungeons & Dragons 3: O Livro da Escuridão) fechou a tampa do caixão. Até agora...
Em 2023, saiu Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes (Honor among in Thieves, no original). E é muito bom. Antes de tudo, contexto!

Pra ser sincero, nós ajudamos a pessoa errada a roubar a coisa errada.
Edgin
Em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, no mundo repleto de dragões, elfos, anões, orcs e outras criaturas fantásticas de Toril (Forgotten Realms, cenário mais conhecido e amado de D&D), sobreviver é sempre um grande desafio.
O bardo Edgin (Chris Pine), embarca em uma missão para resgatar uma relíquia mágica, capaz de ressuscitar sua esposa e recuperar a confiança de sua filha Kira (Chloe Coleman). O homem se une a um improvável bando de aventureiros, e juntos eles se arriscam entre os lugares mais perigosos e misteriosos desse universo, dispostos a combater quem se colocar em seu caminho e a derrotar as mais terríveis criaturas que surgem em seus caminhos. Mas as coisas podem sair perigosamente erradas. Entre os desafios, eles precisarão enfrentar o exército do ladino Forge (Hugh Grant), a maga vermelha de Thay Sofina (Daisy Head). A equipe é formada por Holga (Michelle Rodriguez) humana bárbara, Doric (Sophia Lillis) tiefling druida e por Simon (Justice Smith) mago elfo. Eles ainda são auxiliados por um paladino, Xenk (Regé-Jean Page), que já habitou o território thayano.

Ela está executando nosso povo.
Doric
Vamos começar pelo título. Dungeons & Dragons faz clara referência ao RPG criado por Gary Gigax. Mas além disso, que fica bem claro, temos o subtítulo. Inicialmente, pode parecer bem idiota mudar o nome de "honra entre ladrões", para "honra entre rebeldes", mas isso se deve que muitos não entendem esse contexto, a não ser que joguem o role playing game. Pois os aventureiros, especialmente quando não são altruístas, são ladrões. E isso pode parecer, para alguém que não participa das jogatinas, como algo cruel.
E eu amei os personagens, e a irmandade entre as personagens Edgin e Holga. Mesmo que o ator Chris Pine tenha alguns problemas por um filme anterior, ele não deixa cair a peteca. E a vilã é extremamente parecida com o que veríamos de uma maga de Thay. Mas vamos comentar isso melhor em duas frentes: a do RPG e da produção.

Que bom que ele está do nosso lado.
Holga
O universo usado para o filme foi o cenário de RPG, Forgotten Realms. É um dos suplementos do jogo, que concede um mundo pronto, com ideias de aventuras e sugestões de campanhas, baseadas naquele universo. 
O de Forgotten Realms, que se chama na verdade Toril, está em constante dinamismo de aventuras. Entre as divindades temos seres como Mystra, que tem uma relação com a lua destruída em uma das cenas da noite, com os cadáveres sendo interrogados. Já voltarei nessa cena maravilhosa. Mas acima disso, temos locais que estão sim nos livros, como Neverwinter (Nunca Neva), Waterdeep (Águas Profundas), Baldur's Gate (Portões de Baldur) e Thay.
Dentro do filme são introduzidos, de forma rápida mas eficaz, os grupos de vilões e heróis naquele universo. E alguns deles, se entrelaçando mesmo, como poderia e acontece em partidas reais de RPG. Vemos os Cultistas do Dragão (invocando um dragão em flashbacks dos mortos consultados pelas magias, o que não deixa a cena chata), o Enclave Esmeralda (como um grupo que tenta manter o verde, me fazendo lembrar de uma ONG ambiental, tal qual o Green Peace), os Harpistas (um dos principais grupos de heróis naquele mundo, que conta com personalidades como Elminster e Volo) e os Magos Vermelhos de Thay (um grupo de magos dentro dessa cidade magocrata, que se torna um grupo fascista e maligno além dos limites comuns). 
Tratado disso, devemos falar das citações e participações especiais. Como quando falaram de Elminster, meu coração pareceu voltar aos vinte e cinco anos de idade. Foi inteligente não o mostrar em um filme "teste" para conteúdo ligado ao RPG, mas colocar seu nome chama a atenção de quem curte isso.
Agora, vamos a coisas mais claras que detectei. Themberchaud é um dragão que foi alimentado por anões e ficou grande demais para sair dos subterrâneos. No filme, o dragão aparece em Dolblunde, uma cidade feita por gnomos. O que dá a entender que ele saiu de Gracklstugh, sua "terra natal" mas ainda está vagando pelo subterrâneo. Não se sabe se a história é canônica, mas D&D é bastante amplo.
E por último, o desafio proposto por Forge, nos mostra uma equipe formada por aventureiros que são a cara dos protagonistas de Caverna do Dragão. Isso foi uma referência, pois na verdade, o desenho que tem o nome original, Dungeons & Dragons, era para divulgar os livros de RPG. Só que isso não ajudou tanto quanto pensavam. Entretanto, em especial aqui no Brasil, isso colaborou para formar uma legião de fãs. E ainda bem que não colocaram aquela unicórnio!!!
Para quem não sabe, antes de terminar realmente essa parte, todo mundo que joga RPG adora usar urso-coruja. Como inimigo controlado pelo narrador ou personagem de uso dos jogadores.

É um urso-coruja
Simon
Sobre o filme em si, ele não é perfeito. Ele usa claramente de clichês previsíveis. Conseguimos os aceitar por conta de personagens carismáticos. Justice Smith faz um personagem perdedor que te faz simpatizar por seu jeito de ser. As expectativas sobre um personagem como Holga, é que ela fique com alguém bruto. Entretanto, nos dão uma pista quando ela fala que os lábios de Edgin são muito grandes, pois ela gostava de pequeninos (halflings). 
E o uso do humor é algo constante. Nada chato, como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, mas mais como Guardiões da Galáxia. Talvez, não tão bom como GdG.
Talvez, o maior problema seja Kira, que é uma maga vermelha pouco carismática. Apesar de parecer apática. Entretanto, isso é até deixado de lado, quando descobrimos que ela serve a Ssass Tazz, um líder dos Magos Vermelhos de Thay. O que, além desse fator, nos mostra que pode ter ganchos para novas histórias no cinema.
Pois a cena no cemitério é hilária com o uso da magia para falar com mortos. Pois ela é bem usada no contexto, com um clichê de humor bem colocado. Bem cafona, mas um "cafona bom". Assim como aquilo que já imaginamos, do protagonista que tem de desistir de algo valioso, pois há algo de maior importância para si. Você sabe que vai acontecer, mas isso não tira toda a graça, pois os personagens te cativam.
Em resumo, D&D: Honra entre rebeldes, é um bom divertimento. Quem não conhece de RPG vai curtir, mas não amar. Agora, quem conhece esse hobby, pode se sentir representado como aqueles vários jogos que participou desde criança.

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