domingo, 14 de maio de 2023

Incentive os novatos no RPG


Recentemente, eu tenho ouvido uns comentários sem noção de que "os jogos de RPG deveriam só ter jogadores veteranos". Ou seja, só os velhos, os mais antigos jogadores. E isso não faz sentido, além de ser apenas... Preconceituoso. Mas para explicar, aqui irei fazer isso em três partes:
-Como surgiu o RPG;
-Comparação aos video-games;
-Experiência pessoal.

Gostaria que o mundo se lembre de mim como o cara que realmente gostava de jogar jogos e compartilhar seu conhecimento e seus passatempos divertidos com todo mundo.
-Gary Gigax
Quando Dungeons & Dragons foi criado, jovens amigos - entre eles, Gary Gigax - na verdade estavam jogando wargames. Versões antigas de jogos para tabuleiros, que simulavam conflitos reais inicialmente. Para mudar um pouco, decidiram que usariam uma forma de invasão do lugar ao qual precisavam acessar. E por isso, gerou o RPG que conhecemos hoje em dia. Se tornando até mesmo molde para os que aparecem em video-games e jogos de tabuleiro atualmente. Já entrarei nesse assunto.
Mas note, se não fosse por um bando de jovens, que tinham ideias (nem boas, nem ruins) esse hobby é tão valorizado hoje em dia. Eles queriam algo diferente, inovador, o que vamos ser sinceros, os mais velhos normalmente não conseguem. A não ser que tenham uma mente tão
aberta quanto os novatos. Me lembro até hoje, quando um narrador ridicularizou uma ideia que tive de fazer um brujah da periferia carioca, em Vampiro A Máscara. Entretanto, quando falei com pessoas especializadas em Mundo das Trevas, falaram que minha ideia era brilhante. Já que as áreas de comunidades devem ser redutos de pessoas que se rebelam com o sistema em vigor. O que combina com uma prole de Trole!
Enfim, devo lembrar que se fixar em um único grupo exclusivo de jogadores força e acaba com novos talentos. Quem se lembra da Dragão Brasil? Mas pouco se recordam das revistas Grimorium, Arkham e Tolkien, que se continuassem, poderiam fazer algo mais único e amplo dentro dos RPGs.

Foda-se o Oscar!
-Josef Fares
Josef Fares pode parecer maluco (e ele meio que é!), por conta dessa sua frase em um famoso evento dos games. Ele é um sueco, com sangue libanês também. Entretanto, seus games são mais que apenas crescer em poder e força dentro de um espaço virtual. Se trata de contar uma boa história.
Entre alguns dos games criados por ele, estão A Way Out e It Take Two, que são experiências únicas cada um. Mas falemos de A Way Out.
O game necessita que tenham dois jogadores, começa por aí. Ou seja, é algo que vai ser compartilhado entre duas pessoas. Cada um será colocado na pele de dois detentos em uma penitenciária, ao qual existe uma possibilidade de fugirem. Depois de idas e vindas, se descobre que um deles é um infiltrado da polícia, e que precisou do jogador para algo grande. Entretanto, isso vai gerar um conflito em que ambos terão que se enfrentar de forma a que apenas UM saía vivo.
Me lembro até hoje de quando os streamers Alan (Alanzoka, antes EDGE) e Cappuccino, jogaram. O Alan chorou, o Cap chorou e eu chorei. Pois de trata de envolver os fãs do gênero em uma história de dois personagens que aprenderam a confiar um no outro. E quem vê algo assim, vai notar que o game CONTA UMA HISTÓRIA. Como deve ser uma roleplay.
E se distancia de uma visão preconceituosa dos gamers. Quem conhece o mínimo de The Last of Us, e nem digo de conhecer a história, mas sobre o criador do game, tem consciência de que ele sempre quis que Ellie fosse homossexual. Desde atitudes pequenas no primeiro game, as ações da DLC Left Behind, entre outras declarações. Só que muitas pessoas ficaram irritadas com a morte do Joel, mesmo ficando claro que isso aconteceria, quando na verdade, isso se devia ao preconceito de uma das duas protagonistas.
A verdade é que a maioria dos gamers não cresceu mentalmente, assim como leitores de histórias em quadrinhos ou nerds em geral (devo confessar que já fui assim), sobre assuntos que deveriam ser tratados nessas obras. E isso meio que afetou também os mais velhos jogadores de RPG, que como os fãs de game, pensam em poderes e "skins" para personagens. Não em quão envolvido com a história os personagens estão nesse mundo.
E agora vem a minha experiência pessoal.

Eu não vou ser como aqueles que nos excluíam.
Luis Eduardo Caraça Tavares
Comecei a jogar junto ao meu primo em Vampiro A Máscara, e os amigos dele. Erámos muito novos para entender algumas coisas sobre o RPG. Como por exemplo, que ele não era recomendado para menores de 18 e que estávamos na "Geração Xerox" ou "Época de Caça as Bruxas do RPG". Que significa o seguinte: os livros oficiais, que vinham por exemplo da Devir, eram muito caros. Traziam xerox de livros famosos, como os da White Wolf, podendo ser destruído por pais que não compreendiam que aquilo era apenas um jogo.
E isso, inicialmente, era o meu mundo de RPG, pois era forçado a participar daquele grupo de garotos mais velhos pois queriam determinado sistema. Enfim, me colocaram para fazer uma ficha de toreador, com a ideia preconceituosa de que eles eram homossexuais. Só relembrando que talvez os toreadores, dentro da história do jogo, sejam os personagens com menos casos homossexuais. Só ver os tremere (Tremere, Goratrix e Etrius), tzimisce (Mika Vykos, depois chamado Sacha Vykos com Dagon) e a relação assamita e lasombra (Fátima e Lucita, respectivamente). De qualquer forma, instauraram que aqueles personagens que lidavam com artes eram gays.
Nunca pude jogar direito com aquele personagem. Depois de certo tempo, saí daquele grupo.
Ao ir para a Quinta Série (respectivo ao Sexto Ano do Fundamental II) encontrei amigos novos que queriam jogar RPG. Alguns tiveram boas experiências com pessoal disposto a ensinar. No final, formamos um grupo bom. Hoje em dia não participo daquele grupo, mas cada um se tornou bons jogadores até hoje.
Entretanto, quando chamamos um antigo conhecido de meu primo para jogar conosco, ainda adolescentes, fomos xingados pelo cara. Pois éramos novos no assunto. Nós criávamos sistemas, pois nem tínhamos grana pros livros, como era bem o meu caso. E isso poderia nos ter desestimulado para sempre.
E por conta disso, poderia nunca escrever meus livros com base fantástica, não teria ilustrado para a Brasil in the Darkness e nunca teria narrado várias partidas de RPG. Tudo por um preconceito com novatos. E só lembrando que um preconceito normalmente gera outros.

domingo, 7 de maio de 2023

Dungeons & Dragons: Honra entre rebeldes (SIM! Nós temos um filme baseado em RPG BOM! Aleluia!)

Isso é diferente de tudo que a gente já viu.
Xenk
Para quem não sabe, já ocorreram filmes usando como base o nome Dungeons & Dragons. Digo isso pois eles não são ruins... São pessímos! O primeiro de 2001 (Dungeons & Dragons: A Aventura Começa), tinha grande elenco e uma história usando artefatos antigos como algo similar as Orbes do Dragão, mas os bichos pareciam ser dinossauros rejeitados do Jurassic Park. Já no segundo (Dungeons & Dragons 2: O Poder Maior) eles conseguem colocar elementos de RPG, mas ainda saí ruim. E o terceiro (Dungeons & Dragons 3: O Livro da Escuridão) fechou a tampa do caixão. Até agora...
Em 2023, saiu Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes (Honor among in Thieves, no original). E é muito bom. Antes de tudo, contexto!

Pra ser sincero, nós ajudamos a pessoa errada a roubar a coisa errada.
Edgin
Em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, no mundo repleto de dragões, elfos, anões, orcs e outras criaturas fantásticas de Toril (Forgotten Realms, cenário mais conhecido e amado de D&D), sobreviver é sempre um grande desafio.
O bardo Edgin (Chris Pine), embarca em uma missão para resgatar uma relíquia mágica, capaz de ressuscitar sua esposa e recuperar a confiança de sua filha Kira (Chloe Coleman). O homem se une a um improvável bando de aventureiros, e juntos eles se arriscam entre os lugares mais perigosos e misteriosos desse universo, dispostos a combater quem se colocar em seu caminho e a derrotar as mais terríveis criaturas que surgem em seus caminhos. Mas as coisas podem sair perigosamente erradas. Entre os desafios, eles precisarão enfrentar o exército do ladino Forge (Hugh Grant), a maga vermelha de Thay Sofina (Daisy Head). A equipe é formada por Holga (Michelle Rodriguez) humana bárbara, Doric (Sophia Lillis) tiefling druida e por Simon (Justice Smith) mago elfo. Eles ainda são auxiliados por um paladino, Xenk (Regé-Jean Page), que já habitou o território thayano.

Ela está executando nosso povo.
Doric
Vamos começar pelo título. Dungeons & Dragons faz clara referência ao RPG criado por Gary Gigax. Mas além disso, que fica bem claro, temos o subtítulo. Inicialmente, pode parecer bem idiota mudar o nome de "honra entre ladrões", para "honra entre rebeldes", mas isso se deve que muitos não entendem esse contexto, a não ser que joguem o role playing game. Pois os aventureiros, especialmente quando não são altruístas, são ladrões. E isso pode parecer, para alguém que não participa das jogatinas, como algo cruel.
E eu amei os personagens, e a irmandade entre as personagens Edgin e Holga. Mesmo que o ator Chris Pine tenha alguns problemas por um filme anterior, ele não deixa cair a peteca. E a vilã é extremamente parecida com o que veríamos de uma maga de Thay. Mas vamos comentar isso melhor em duas frentes: a do RPG e da produção.

Que bom que ele está do nosso lado.
Holga
O universo usado para o filme foi o cenário de RPG, Forgotten Realms. É um dos suplementos do jogo, que concede um mundo pronto, com ideias de aventuras e sugestões de campanhas, baseadas naquele universo. 
O de Forgotten Realms, que se chama na verdade Toril, está em constante dinamismo de aventuras. Entre as divindades temos seres como Mystra, que tem uma relação com a lua destruída em uma das cenas da noite, com os cadáveres sendo interrogados. Já voltarei nessa cena maravilhosa. Mas acima disso, temos locais que estão sim nos livros, como Neverwinter (Nunca Neva), Waterdeep (Águas Profundas), Baldur's Gate (Portões de Baldur) e Thay.
Dentro do filme são introduzidos, de forma rápida mas eficaz, os grupos de vilões e heróis naquele universo. E alguns deles, se entrelaçando mesmo, como poderia e acontece em partidas reais de RPG. Vemos os Cultistas do Dragão (invocando um dragão em flashbacks dos mortos consultados pelas magias, o que não deixa a cena chata), o Enclave Esmeralda (como um grupo que tenta manter o verde, me fazendo lembrar de uma ONG ambiental, tal qual o Green Peace), os Harpistas (um dos principais grupos de heróis naquele mundo, que conta com personalidades como Elminster e Volo) e os Magos Vermelhos de Thay (um grupo de magos dentro dessa cidade magocrata, que se torna um grupo fascista e maligno além dos limites comuns). 
Tratado disso, devemos falar das citações e participações especiais. Como quando falaram de Elminster, meu coração pareceu voltar aos vinte e cinco anos de idade. Foi inteligente não o mostrar em um filme "teste" para conteúdo ligado ao RPG, mas colocar seu nome chama a atenção de quem curte isso.
Agora, vamos a coisas mais claras que detectei. Themberchaud é um dragão que foi alimentado por anões e ficou grande demais para sair dos subterrâneos. No filme, o dragão aparece em Dolblunde, uma cidade feita por gnomos. O que dá a entender que ele saiu de Gracklstugh, sua "terra natal" mas ainda está vagando pelo subterrâneo. Não se sabe se a história é canônica, mas D&D é bastante amplo.
E por último, o desafio proposto por Forge, nos mostra uma equipe formada por aventureiros que são a cara dos protagonistas de Caverna do Dragão. Isso foi uma referência, pois na verdade, o desenho que tem o nome original, Dungeons & Dragons, era para divulgar os livros de RPG. Só que isso não ajudou tanto quanto pensavam. Entretanto, em especial aqui no Brasil, isso colaborou para formar uma legião de fãs. E ainda bem que não colocaram aquela unicórnio!!!
Para quem não sabe, antes de terminar realmente essa parte, todo mundo que joga RPG adora usar urso-coruja. Como inimigo controlado pelo narrador ou personagem de uso dos jogadores.

É um urso-coruja
Simon
Sobre o filme em si, ele não é perfeito. Ele usa claramente de clichês previsíveis. Conseguimos os aceitar por conta de personagens carismáticos. Justice Smith faz um personagem perdedor que te faz simpatizar por seu jeito de ser. As expectativas sobre um personagem como Holga, é que ela fique com alguém bruto. Entretanto, nos dão uma pista quando ela fala que os lábios de Edgin são muito grandes, pois ela gostava de pequeninos (halflings). 
E o uso do humor é algo constante. Nada chato, como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, mas mais como Guardiões da Galáxia. Talvez, não tão bom como GdG.
Talvez, o maior problema seja Kira, que é uma maga vermelha pouco carismática. Apesar de parecer apática. Entretanto, isso é até deixado de lado, quando descobrimos que ela serve a Ssass Tazz, um líder dos Magos Vermelhos de Thay. O que, além desse fator, nos mostra que pode ter ganchos para novas histórias no cinema.
Pois a cena no cemitério é hilária com o uso da magia para falar com mortos. Pois ela é bem usada no contexto, com um clichê de humor bem colocado. Bem cafona, mas um "cafona bom". Assim como aquilo que já imaginamos, do protagonista que tem de desistir de algo valioso, pois há algo de maior importância para si. Você sabe que vai acontecer, mas isso não tira toda a graça, pois os personagens te cativam.
Em resumo, D&D: Honra entre rebeldes, é um bom divertimento. Quem não conhece de RPG vai curtir, mas não amar. Agora, quem conhece esse hobby, pode se sentir representado como aqueles vários jogos que participou desde criança.

domingo, 30 de abril de 2023

Lobisomem O Apocalipse e uma metáfora para o comunismo (e qualquer ideologia, mesmo que nobre)

“Não é como em Mad Max, por exemplo, mas é um mundo que está morrendo muito rápido e os humanos não percebem isso, estão animados com seus videogames, com internet de alta velocidade, pouco se importando com as mudanças climáticas. Os lobisomens mais jovens não estão preocupados em evitar o apocalipse. Para eles esse estágio já chegou e agora eles precisam reverter a situação e evitar que piore. Estão desesperados em pegar de volta o que foi tirado deles”
Justin Achilli

Bem, diferente de Vampiro A Máscara, onde o jogo se foca no horror pessoal, nós temos isso também. Mas em outro aspecto: um horror pessoal brutal. Onde o personagem é um garou, de uma raça metamórfica que tenta a todo custo proteger o mundo. Mesmo que para isso sacrifique sua vida no processo...
E por isso, podemos associar isso a pautas progressistas, de esquerdas, socialistas. Visando uma utopia comunista. E é aí que podemos associar Lobisomem O Apocalipse, a uma metáfora do comunismo. Como? Vejamos

“Estamos em 2021 e não cabe focar em como as circunstâncias de um nascimento, a pureza da raça, torna alguém menor ou maior. Estamos nos livrando desses elementos no jogo. Não existe mais essa questão do ‘Não Cruzarás com Outro Garou’ na Litania, por exemplo. Você é livre para amar quem você quiser e os lobisomens têm problemas muitos maiores para se preocupar – como recuperar Gaia do apocalipse – do que com quem vai cruzar, por exemplo”
Justin Achilli
Primeiro tenho que explicar que o Mundo das Trevas, é o mesmo de Vampiro A Máscara, em Lobisomem O Apocalipse. Mas a visão de mundo, para cada criatura das trevas é diferente. Uma hora pretendo explicar, mas enquanto o mundo dos cainitas é mais consumista e prático, o dos garous é mais bizarro e espiritual. Por mais incrível que pareça.
Garou é o termo usado para designar os lobisomens, que pode ter vindo do Japão, ou da leitura francês, para lobo.
De qualquer forma, eles seriam uma das criaturas que protegeriam Gaia. Essa seria a natureza, a fauna, flora e tudo que existe no mundo. No Mundo das Trevas, na cosmovisão dos garous, ela criou tudo e ela é TUDO. O plano físico e até o espiritual surge devido a ela. E cabe a esses seres lupinos, defender essa entidade, a todo custo.
Mas não são apenas elas que existem. Temos também as três irmãs, criadas por Gaia. Wyld (criação), Weaver (mantenedora) e Wyrm (destruição), aspectos, que mesmo conflitantes, deveriam manter a paz em Gaia. Entretanto ocorreu uma falha: certa vez, por uma briga entre as irmãs, Weaver que queria capturar Wyld em sua teia, prendeu Wyrm.
Por estar em uma teia de lógica e razão, de alguma forma, Wyrm emergiu daquela teia, louca e sedenta para destruir tudo que era de Gaia, e até hoje é assim.
Dito isso, vamos nos concentrar nos garous agora.

“Estamos atualizando Lobisomem para uma roupagem moderna. Obviamente, a cultura do jogo é focada em uma divisão por tribos, que tinham suas contrapartes inspiradas em culturas da vida real. O que estamos tentando fazer em W5 é quebrar isso, para que a gente abra as tribos e os personagens possam ser de qualquer cultura em qualquer tribo. Não existe isso de ‘o personagem nasceu em determinado lugar, logo ele obrigatoriamente é de uma determinada tribo'"
Justin Achilli
Como dito, os garous não eram os únicos metamorfos, mas os que defenderiam Gaia. Existiam outras raças, como os mokolé (homens-réptil) que seriam a memória de Gaia, os corax (homens-corvos) que seriam mensageiros, entre outras tantas. Mas por algum motivo, talvez pela influência da Wyrm, os garou atacaram e destruíram as outros seres metamórficos. O que gerou um ódio delas até hoje, contra os lupinos.
Aqui, já podemos associar, mesmo em épocas muito dispares, com a Revolução Russa, e como o ocidente e parte da Europa viu a Rússia (União Soviética), depois de sair da Primeira Guerra Mundial. Mesmo que houvessem motivos, sua saída do conflito nunca foi aceita pelos países, incluindo seus antigos aliados.
De qualquer forma, continuemos.
Mesmo com os personagens sabendo da Profecia da Fênix, uma mensagem cedida pelos espíritos e, talvez, até de Gaia, diz que o Apocalipse está para vir. Que quando a Wyrm devorará tudo. Não restando nada, a não ser o Oblívio.
Entre os garous vemos tribos diferentes, lutando por meios diferentes. Notem que os exemplos usados aqui, são as tribos até o W20 (o livro de 20 anos). Mas as tribos que formam eles se atacam, muitas vezes, por ideologias.
Os wendigos acreditam que se deve combater o progresso dos homens brancos nos campos indígenas, enquanto os uktenas se usam de seu poder místico para manter as tradições que seus irmãos mais novos ignoram. Os filhos de gaia creem que é possível uma resolução mais pacífica, o que destoa dos irlandeses fianna, bêbados e arruaceiros (que não deixa de ser uma visão preconceituosa sobre a cultura da Irlanda). As fúrias negras são tratadas como feministas extremistas, assim como os andarilhos do asfalto sendo vendidos para a Weaver. Os garras vermelhas e crias de fenris trazem o conflito, as vezes sem sentido, por um preconceito contra pessoas que nem estão envolvidos com seus ódios. Os presas de prata querem manter seu poder de outrora, enquanto os senhores das sombras trama a queda para guardar mais poder para si. E os roedores de ossos são tratados como párias, dentro de uma sociedade que já trata outros como ralé. 
No caso, podemos falar dos ronins e impuros.
Dito isso, notam como as tribos parecem diversas ideologias dentro do mundo real, que ignoram um fato: o Apocalipse está chegando! E nada poderá ser feito. Pois, talvez, não seja para ser derrotado, mas lidar com ele. Mas diversos conflitos internos enfraquecem esses grupos, essas tribos. Como no comunismo.
E não apenas o comunismo. Diversas ideologias, sejam políticas (como o anarquismo) ou religiosas (como budismo ou espiritismo), muitas vezes perdem sua força. Devido a conflitos ideológicos malignos. Com a Wyrm (que seria, o nazismo, aquecimento global e outras coisas claramente malignas) transvestida de uma empresa como a Pentex, que finge ser bondosa (Amazon é uma prova disso, com tratamento quase escravo em alguns países, e quase não colaborando com a economia local).
Temos que ter consciência que há um problema. E enquanto não notarmos isso, vamos nos digladiar. E é isso, que o inimigo quer.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Guerra dos Tronos RPG: Mate soldados em exércitos, trame contra senhores e de quebra, conheça dragões e mortos-vivos...

Muita gente é louca pra aprender a jogar RPG de Mesa, no entanto, muitas pessoas se sentem desestimuladas a experimentar essa modalidade de jogo, seja por acreditarem que tem um alto nível de dificuldade na hora de aprender as regras ou pelos altos preços dos livros de RPG. É nesse contexto que o "Guerra dos Tronos RPG"  surge como uma opção acessível e divertida para quem quer se aventurar no mundo do RPG de mesa.
O RPG de mesa é uma das atividades mais divertidas e imersivas que existem para quem se atrai por histórias, seja algo direto ao ponto, focado na aventura e ação, seja algo mais investigativo, cheio de reviravoltas e acontecimentos imprevisíveis até pelo narrador, que sempre tem que improvisar. Por meio dele, é possível se aventurar em mundos fantásticos, conhecer novas pessoas, criar histórias e viver experiências incríveis. Felizmente isso abre possibilidades para jogar em tudo quanto é universo, indo desde As Crônicas de Nárnia, até mesmo obras nacionais, como Noite na Taverna. Tudo pode virar RPG!
As Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor George R. R. Martin, são conhecidas por sua riqueza de detalhes, tramas complexas e personagens marcantes. O sucesso dos livros se estendeu para as telas, com a aclamada série "Game of Thrones" da HBO Max, que conquistou milhões de fãs ao redor do mundo. Além disso, o universo criado por Martin se expandiu para spin-offs, quadrinhos, jogos eletrônicos e, é claro, RPGs de mesa. E o estouro de "A Casa do Dragão" foi uma amostra do quanto o sucesso foi um estouro.
O RPG de mesa é uma atividade que surgiu na década de 1970 e que consiste em um grupo de jogadores se reunir para criar e interpretar personagens em um universo fictício. Os jogadores seguem as regras estabelecidas pelo mestre do jogo (também conhecido como "Narrador", "Dungeon Master" ou "Game Master") e enfrentam desafios, lutas, intrigas e aventuras. Existem vários sistemas de regras, alguns bem complexos que fazem uma simulação super imersiva, já outros mais suaves e direto ao ponto.
O RPG de mesa de Guerra dos Tronos foi feito para ter regras simples, trazendo um sistema de regras desenvolvido para simular o clima de traição, guerras e reviravoltas do seriado. Guerra dos Tronos RPG cobre de duelos entre cavaleiros a política na corte, de batalhas de exércitos a disputas entre casas nobres, com mecânicas ágeis e fáceis de aprender. Com este livro, você poderá criar suas próprias histórias de aventura, guerra e intriga no mundo de Westeros.
Galera! O Nerd Maldito tem um link de afiliado na Amazon atualizado todo dia com listas temáticas de itens que vocês vão amar! Já viram hoje? Confira no link de afiliado Amazon!
Nas 288 páginas do livro, o jogador vai encontrar uma obra lotada de detalhes sobre esse universo que vão ajudar a adaptar as aventuras nos mais variados lugares, indo desde algo mais interno, focado em um castelo, até uma verdadeira aventura pelo reino. Não é preciso ler o livro inteiro, as informações só estão lá para consulta, o que ajuda na exploração dos mais variados pontos do reino se por acaso a aventura for guiada pra lá. E com os suplementos lançados pela editora Jambô, tudo fica ainda mais profundo.
É impressionante como um livro tão robusto, que usa o nome de uma franquia famosa, conseguiu ser lançado por um valor tão acessível, tornando-se perfeito para quem quer começar a jogar RPG de mesa. Com ótimo custo-benefício e regras simples, o "Guerra dos Tronos RPG" é uma excelente porta de entrada para o universo do RPG de mesa, além de proporcionar aos fãs de George R. R. Martin uma forma única de se aventurar no mundo de Westeros. Vale muito a pena!

terça-feira, 18 de abril de 2023

Quem veio primeiro? 3


Homem-Aranha e Sideways:
O Sideways é um dos heróis mais recentes da DC Comics. E apesar do visual claramente inspirado no Homem-Aranha, possuí poderes bem diferentes.


Motoqueiro Fantasma e Caveira Atômica:
Um bem fácil agora. O Caveira Atômica, um vilão, surgiu na DC em 1976, quatro anos depois do Motoqueiro Fantasma. O primeiro mesmo.


Máscara Negra e Caveira Vermelha:
O Máscara Negra, vilão gangster de Gotham, surgiu décadas depois do Caveira Vermelha. Mas as semelhanças não vão muito além de suas aparências.


domingo, 9 de abril de 2023

Pocah bomba na internet, imitando personagens femininas em GTA

Na quinta-feira, 6 de abril de 2023, a cantora Pocah voltou a viralizar nas redes sociais. Isso, porque ela publicou um vídeo imitando a forma que a personagem do jogo ‘GTA (Grand Theft Auto)‘ anda, arrancando risos dos mais de 15 milhões e 200 mil seguidores que possui.
“Vambora no pique GTA. Liga no @multishow #TVZPocah”, escreveu ela na legenda da postagem feita em seu perfil no Instagram. Até o momento, a gravação já conta com mais de 3 milhões e 900 visualizações.
Nos comentários, os admiradores de Pocah aproveitaram o espaço para elogiá-la pela performance. “Eu morro com a andadinhaaaa”, disse a drag queen Pabllo Vittar. “KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK”, riu a cantora Marian Sena. “A Barbie GTA TVZ tá com tudoooooo !!”, enalteceu a atriz Linn da Quebrada. “HAHAHAHAHH eu passo mal com essa habilidade”, digitou a bailarina Ramana Borba.




quarta-feira, 5 de abril de 2023

A arte no mundo pop: quando é arte e quando é entretenimento?

Eu recentemente, tive uma conversa muito desgastante, pois não quero saber dos filmes da DC e da Marvel.

O primeiro caso se deve a palhaçada feita por James Gunn com atores como Henry Cavill, Ben Affleck e outros, devido a mudança de todo os atores. Isso pode ter sido parte culpa do Dwayne Johnson, vulgo "The Rock", vulgo "ator de meio centavo"? Há essa possibilidade, mas as mudanças de elenco e produção da empresa com posse de Superman, Batman e Mulher Maravilha, já estão beirando o absurdo. Especialmente quando Cavill largou The Witcher (série de sucesso na streaming, Netflix) para reassumir seu posto como Superman. Algo que fez rapidamente em Adão Negro. 
O segundo caso se deve a dois problemas com a Casa das Ideias: eles estão fazendo TANTA coisa que depois que saiu Vingadores - Ultimato, eles priorizaram quantidade, ao invés de qualidade, algo que acontece sempre. Por isso, a Disney (detentora da Marvel e Lucas Films) diminuiu as produções de Star Wars, aumentando a qualidade dessas obras. O outro é que os efeitos especiais beiram o ridículo. Isso pode ser por pagarem as pessoas responsáveis por efeitos especiais, com um guaraná dolly e um pastel de queijo, sem o queijo.
Mas o problema nem é esse. Eu notei que ao envelhecer e notar algumas coisas, meu senso crítico se alinhava com o de Alan Moore. E como!

"Eu acredito que um artista ou escritor é o mais perto que você poderia chamar de um mago do mundo contemporâneo."
-Alan Moore
Vamos lá, primeiro devemos ter consciência de que o vem sendo produzido pelas grandes companhias não é arte. É entretenimento. 
Entretenimento é aquilo que distrai, entretém; distração, divertimento. Arte é a produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana como "arte literária", "arte da pintura" ou "arte cinematográfica";
habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional; conjunto de meios e procedimentos através dos quais é possível a obtenção de finalidades práticas ou a produção de objetos; técnica.
Falado tudo isso, não podemos comparar algumas obras a outras. Pois não foram criadas para fazer refletir, mas sim para apenas entreter. Quando aquilo nos traz reflexão, ai sim posso chamar de arte. Isso na minha concepção. 
Para ser mais concreto, poderia usar obras como filmes da Disney. Tem muitos que podemos debater, como Rei Leão, Lilo & Stitch, Soul, Procurando Nemo, Zootopia, entre tantos outros. Mas vamos comparar algo mais direto: A Baleia (2023) como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

“O que chamamos realidade é apenas o senso comum de nossa cultura. Ignorar outras culturas é estar cego para outras realidades.”
-Alan Moore
O primeiro é a volta de Brendan Frasser como um ator, não apenas de obras que são mais fantásticas (os filmes da saga A Múmia e a série Patrulha do Destino), mas depois de um longo tempo fora dos holofotes devido a um caso de abuso dentro de Hollywood. No filme seguimos um professor de inglês e seu relacionamento fragilizado com sua filha, Ellie. Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês recluso, que vive com obesidade severa e luta contra um transtorno de compulsão alimentar. Ele dá aulas online, mas sempre deixa a webcam desligada, com medo de sua aparência. Apesar de viver sozinho, ele é cuidado pela sua amiga e enfermeira, Liz (Hong Chau). Mesmo assim, ele é sozinho, convivendo diariamente apenas com a culpa, por ter abandonado Ellie (Sadie Sink), sua filha hoje adolescente que ele deixou junto com a mãe Mary (Samantha Morton) ao se apaixonar por outro homem. Agora, ele irá buscar se reconectar com a filha adolescente e reparar seus erros do passado. Para isso, ele pede para que Ellie vá visitá-lo sem avisar sua mãe e ela aceita, com o única condição de que ele a ajuda a reescrever uma redação para a escola.
Vejam que isso aqui não foi apenas escrito. Foi elaborado de forma a tentar identificar o espectador com o protagonista. Pois Brendan Frasser, apesar de não estar tão perigosamente acima do peso, sabe como é a sensação de ser visto fora do padrão da sociedade. Isso sem contar o fator da homossexualidade, pouco tratada junto do excesso de peso. Trabalhar isso de modo a sensibilizar quem assiste, mesmo que não seja uma pessoa parecido com os personagens, demonstra a aproximação da arte. Usando sentimentos como empatia, temas polêmicos (mas não para chocar, mas sim gerar uma reflexão), isso demonstra uma elaboração bem clara de arte. Pois é isso que podemos sentir ao ler um livro, ver um quadro pintado com tintas acrílicas ou a óleo, ou até ler uma história em quadrinhos bem elaborada.

“Watchmen foi um dos livros responsáveis pela ridícula tempestade publicitária que as revistas em quadrinhos ou as graphic novels - como alguém no departamento de marketing decidiu que deveriam ser chamadas - se tornaram populares.”
-Alan Moore
Em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, após derrotar Dormammu e enfrentar Thanos nos eventos de Vingadores: Ultimato, o Mago Supremo, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), e seu parceiro Wong (Benedict Wong), continuam suas pesquisas sobre a Joia do Tempo. Mas um velho amigo que virou inimigo coloca um ponto final nos seus planos e faz com que Strange desencadeie um mal indescritível, o obrigando a enfrentar uma nova e poderosa ameaça. O longa se conecta com a série do Disney+ WandaVision e tem relação também com Loki. O longa pertence a fase 4 do MCU onde a realidade do universo pode entrar em colapso por causa do mesmo feitiço que trouxe os vilões do Teioso para o mundo dos Vingadores e o Mago Supremo precisará contar com a ajuda de Wanda (Elizabeth Olsen), que vive isolada desde os eventos de WandaVision.
Notem que isso é como uma franquia. Literalmente. Se pensarmos em franquias, nós podemos comparar com McDonald's, Burger King ou Subway da vida. Que nós dão lanches rápidos, drive-thrus até! Ou seja, algo rápido de se consumir. Que devoramos e nos dão satisfação. Uma vez, fiz uma comparação de Liga da Justiça de Zack Snyder com Stargate que faz todo o sentido aqui. Enquanto Liga era um x-tudo, o filme de viagem através de um portal estelar estaria mais para um prato bonito, como aquele que temos em um restaurante bom (não de rico, mas bom) ou o prato da mamãe. Você pode gostar do primeiro, mas o que faz bem mesmo é o segundo.
E as franquias servem apenas para isso, consumo em massa, sem a preocupação de quem irá assistir. Notem alguns detalhes sobre Multiverso da Loucura. Primeiro, seu diretor original seria Scott Derrickson (o mesmo de Exorcismo de Emily Rose) que queria um ar maior de terror no longa. Mas foi desmentindo em uma convenção, pelo homem forte da Marvel, Kevin Feige. Para não deixar de ser family friendly, assim, não diminuindo o capital final. Depois, colocaram cameos de personagens de outras franquias da Marvel, antes da compra da Fox (agora Star+). O apelo a nostalgia e o número maior de espectadores, tornam essa obra um entretenimento que um dia será esquecido.

"Ame sua raiva, não sua gaiola."
-Alan Moore
Mas por qual motivo é necessário dar mais valor a arte do que ao entretenimento? Pois a arte está compromissada a nos transmitir uma mensagem. Já o entretenimento pode transmitir uma mensagem, sem um compromisso com um cuidado e lapidação do mesmo. As vezes, nem sabe como transmitir isso. 

Alan Moore em entrevista ao Deadline disse “Não vejo filmes de super-heróis desde o primeiro Batman do Tim Burton. Eles arruinaram o cinema e até a própria cultura, de certo modo. Há muitos anos, eu disse achar preocupante que centenas de milhares de adultos fizessem fila para ver personagens que criados meio século atrás para entreter garotinhos de 12 anos. Para mim, isso vem de uma grande tentativa de fuga das complexidades do mundo moderno, de volta para (um mundo de) nostalgia, que lembra a infância. Parecia perigoso e infantiliza a população”.
“Pode ser uma grande coincidência, mas em 2016, quando o povo americano elegeu um “laranja” Nacional-Socialista e o Reino Unido votou para deixar a União Europeia, seis dos 12 filmes mais vistos foram de super-heróis. Não digo que um causou o outro, mas creio que são sintomas de um mesmo problema — uma negação crônica da realidade e uma busca tola por soluções simplistas e sensacionalistas”. E ele está certo.
Notem como um país que fez algo parecido foi o Brasil, em 2019, ao eleger Jair Messias Bolsonaro. Muitas pessoas comparavam Bolsonaro com personagens de quadrinhos. Ele com o Capitão América (já que ele também foi militar) e Sérgio Moro, juiz que julgou Lula como Superman. Noção? Nenhuma. Há uma glorificação, que faz os quadrinhos perderem sua utilidade. Pois é engraçado imaginar que Batman e Superman estão quase chegando aos 100 anos!
Não são como obras como Persépolis, também baseado em HQs, mas com uma profundidade TREMENDA. Mas tem muita gente que só aceita "vamos ver heróis estereotipados e marombados, destruir forças ancestrais ou alienígenas e falar que isso representa algo", quando na verdade isso são metas dos estúdios, que ignoram as coisas que realmente são boas.
Estou falando para pararem de ler/assistir/consumir DC e Marvel? Não. Estou falando para criarem mais critérios, como quando assisti Pantera Negra e notei o quão bom ele é. Não por ser uma parte da franquia Marvel, mas por demonstrar o quão bonita é a cultura africana e como o mundo ocidental (em especial as Américas) desmembrou ela com a colonização. Aliás, colonizador é o nome pejorativo que é dado aos brancos, o que é uma sacada de mestre. Só notam isso, quando se desligam de algo apenas como entretenimento.