segunda-feira, 1 de maio de 2017

13 Reasons Why: uma boa série, mas péssima conselheira

"Se você recebeu essa fita, seu nome vai aparecer uma hora ou outra..."
Hannah
Talvez uma das séries mais comentadas em 2017, trazendo consigo um tema (até então) pouco abordado em mídias. 13 Reason Why (13 Porquês, em uma tradução mais literal), trata sobre o protagonista Clay um jovem estudante americano. Ele recebe uma caixa que contêm várias fitas cassetes, ao qual o remetente é Hannah. Uma jovem que se suicidou recentemente e era a paixão platônica do jovem. Nelas, a jovem lista os 13 motivos que a levaram a interromper sua vida - além de instruções para elas serem passadas entre os demais envolvidos.
A série passou pela Netflix, e foi produzida por Selena Gomez, cantora e atriz extremamente conhecida pelo público adolescente.
Essa temática de suicídio mostra que o seriado é relativamente pesado. O que vai contra a ideia de ser uma série adolescente. É um tema muito maturo e perigoso em alguns pontos. Vejamos, você tem uma pessoa, a Hannah que cometeu esse ato contra a própria vida. Quantos jovens teriam o discernimento de falar sobre isso como algo a ser evitado? De modo saudável? Pouquíssimos. Sem contar que sua faixa etária é dos 16 anos em diante. Será mesmo? Um tema de suicídio sem os devidos cuidados realmente estaria nesse nível de idade? Logo explico o motivo de falar.
Existe sempre uma transição muito boa entre presente e passado de forma muito boa. Quando a fotografia retrata o passado, antes do suicídio, as imagens ficam com tons mais quentes, mais vibrantes. Já na hora em que se foca no presente, após o suicídio, eles perdem esse tom e se transformam em algo mais azulado, quase mórbido. Em relação a essa questão temporal é muito bem explorada a diferença dos fatos.
Ainda assim, uma dos grandes defeitos sobre a série talvez seja ter episódios tão longos. Para uma temática como essa, eles fazem "encheção de linguiça" em alguns episódios.
Talvez um dos maiores problemas dessa série seja a polemização de um problema. Querer um fato sério de forma um tanto sem cuidado. Um fato que é notado com a série são a assimilação da personagem. A maioria dos espectadores se identifica com Hannah, a personagem que se suicida, do que com um Why (Um dos Porquês). Contudo, usando um raciocínio de Gabriel Gaspar do canal no Youtube, Acabou de Acabar, esse entretenimento foi criado para os "culpados", não as "vítimas". E coloque muito aspas ali atrás.
Os Whys seriam pessoas que cometem bullying, o que faz com que essa série cometa um erro já. Pois ninguém pensa que pode causar mal a outra pessoa. Só que é mais uma "Hannah". Um conteúdo com essa temática tem que nos fazer refletir, em mais de um aspecto. Tecnicamente, é mais fácil lembrar de quando apanhamos do que quando batemos. E isso não causa uma mudança de atitude o que é uma falha.
Além disso, com a assimilação da Hannah como uma pessoa a ser admirada, é mais fácil você seguir seus passos do que evita-los. Não querendo disser que a série impele o suicídio, só que ela nem consegue mandar uma boa mensagem do contrário. Imagine uma pessoa que esta com a mente fragilizada. Compreende?
Para completar, a série viola vários dos termos ligados ao Manual de Prevenção ao Suicídio. Um documento criado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), para ajudar exatamente os profissionais da mídia a tratarem sobre esse tema. Justamente para não criar um incentivo a essas atitudes contra a própria vida. E isso faz sentido, já que muitas vezes as pessoas deturpam o que é dito em diversas mídias. Isso nem sempre significa que as pessoas estão sendo malignas com isso, só que muitas vezes não compreendem qual a moral de uma obra. E ela já quebra duas das regras desse manual que são: não publicar fotos nem cartas suicidas, muito menos atribuir culpa.
Hoje em dia, o modelo americano de estudo é algo pesado. Causa uma grande repercussão o modo de agir dos adolescentes por lá. E sem contar com novos métodos de bullying como o famoso "Desafio da Baleia Azul", que se popularizou. Até mesmo no Brasil.
De certa forma, essa série fez algo bom em sua temática: nos fez ficar mais sensíveis aos casos de depressão. Isso sim deveria ser muito mais abordado, do que o suicídio em si. Até faz isso, mas fica colocado de forma muito superficial. As vezes até em segundo plano.
Ai as pessoas dirão "mas Luis, você esta muito insensível". Engano seu. Eu sofro de um caso bem leve mesmo de depressão. E isso me atingiu com tudo no ano de 2014. Sem contar que anos antes, em duas oportunidades, eu pensei em suicídio. Acreditem, quando olho para os motivos noto como foram superficiais e tolos. 
Para sintetizar, é uma série boa. Contudo ela peca em diversos aspectos que poderia ter conseguido tratar de forma bem melhor. Mas sinceramente, eu não recomendo ela para adolescentes MESMO. 

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