quinta-feira, 1 de junho de 2017

Tolkien: o Rei da Fantasia e criador da Terra-Média

"Encontra-se a coragem em lugares improváveis".
-J.R.R Tolkien
Ele nasceu em 3 de janeiro de 1892, J.R.R. Tolkien na cidadezinha de Bloemfontein, na África do Sul. A leitura de seu nome completo é John Ronald Reuel Tolkien. Seu pai trabalhava para o Bank of Africa, sendo que a região era de posse britânica. Então, mesmo vivendo por quase três anos naquele país, ele se considerava inglês. E sua formação mostra bem isso.
Quando Tolkien completou quatro anos, Arthur, seu pai, morreria. Ele teria que se tornar uma "figura paterna" para seu irmão mais novo. Antes praticante do anglicanismo, sua mãe converteu-se para a fé católica. O que fez seus parentes a execrá-la. Doente com diabete, ela perdeu a ajuda financeira e acabou morrendo e o jovem J.R.R só tinha doze anos nessa época. O autor sempre viu aquilo como um ato de sacrifício e amor da mãe pela fé. O que seria explorado de forma sutil em suas obras.
Os estudos e a escola se tornaram seriam seu refúgio, depois da perda sua mãe. Como um elemento mais estável em sua vida. Tolkien estudaria muito tempo na King Edward's School. Lá, ele e mais três amigos formaram um grupo denominado TCBS (Tea Club Barrovian Society), onde tratavam de mitologia, literatura de poemas e outras coisas. Tempos depois, o jovem Tolkien se formaria em literatura inglesa pela universidade de Oxford.
Mas esse contato com línguas antigas de grandes sagas só expandiram a mente do talentoso estudante.
Seu único e verdadeiro amor, maior que literatura, foi Edith Bratt. O começo desse enlace foi complicado: o tutor de Tolkien, após a morte de sua mãe, padre Francis Morgan, proibiu J.R.R. de encontrar com a moça. Tudo isso por ela ser protestante e três anos mais velha que o rapaz. Mas acima disso, o sacerdote temia que ela atrapalhasse os estudos do jovem, na época com dezoito anos.
Quando eles voltaram a ter contado Edith estava noiva de outro rapaz. Tolkien convenceu ela a reatar seu antigo relacionamento, desmanchando seu noivado.
Em 1914, começou seu Legendarium. Tanto que em 24 de setembro fez um poema sobre Erendil. Mas deve que "desacelerar" a criação de seu mundo pois teria que participar de um dos mais graves conflitos da humanidade.
"...é preciso estar pessoalmente sob a sombra da guerra para sentir totalmente sua opressão..."
-J.R.R. Tolkien
Lutou durante a Primeira Grande Guerra Mundial, em Somme, na França. Lugar onde soldados franceses e ingleses tentaram romper as linhas de defesa alemã, mas foram massacrados. Calcula-se que só no primeiro dia dessa empreitada (1º de julho de 1916), 20 mil pessoas morreram só nesse conflito. O segundo-tenente Tolkien era oficial de sinalização da Companhia B do 11º Batalhão dos Fuzileiros de Lancashire.
Muitos amigos íntimos dele participaram da guerra. Quase todos pereceram durante o conflito, em especial em Somme.
Nos momentos de calma ele escrevia em um caderno que chamou de The Book of Lost Tales. Estariam alguns dos primeiros elementos da Terra-Média. Tudo isso, enquanto estava nas trincheiras de batalha.
Milagrosamente, nem se feriu. Depois de três meses, ele pegou a febre das trincheiras (infecção transmitida por piolhos) e voltou a Inglaterra em novembro do mesmo ano.
Após o conflito, se tornaria professor na Oxford. Isso em 1925, onde ensinaria anglo-saxão.
Para Tolkien, a Inglaterra não tinha uma mitologia. Só contos do folclore, muitas vezes sem ligação entre si. E outras vezes provêm de uma cultura "vizinha". Poucos são os contos exclusivamente ingleses. Ele lamentava que boa parte das lendas inglesas tivessem sido erradicadas com a Invasão da Normandia em 1066. Pois bem próximo de sua morte, ele ainda trabalhava na escrita de fatos lendários na Terra-Média.
Ele e Edith tiveram quatro filhos: John, Michael, Christopher e Priscila. E sempre foi um pai extremamente carinhoso, visto que não deve muito tempo com seus pais. 
A lenda diz que Tolkien estava corrigindo provas quando teria escrito em um papel em branco, sem nenhum motivo aparente, "em um buraco no chão, vivia um hobbit". Esse seria o início de O Hobbit.

Existem muitos tesouros reluzentes (...) O dragão de fogo, sob arame entrelaçado Combinaram a luz da lua e do sol
Misty mountains - Tolkien, cantada pelos anões da comitiva de Thorin
O mago Gandalf recruta o hobbit Bilbo Bolseiro para uma missão. Ele precisa do jovem pequenino para uma empreitada: um grupo de anões, liderados por Thorin Escudo de Carvalho, pretende invadir o covil de Smaug. Esse é um dragão poderoso que tomou para si Erebor, antiga nação anã, e com isso, todas as suas riquezas. O motivo para que aquele arcano quisesse o Bolseiro parece um mistério a princípio.
Aquele pequenino sempre se interessou por histórias de aventuras, mas nunca tinha deixado até então o seu Condado, sua terra natal. E depois de muita insistência, ele acompanha a comitiva. Com isso ele encontrará vários seres: aranhas gigantes, trolls, orcs, elfos e um dragão!
Durante a jornada, Bilbo encontra um item único, um pequeno anel. Quase ao mesmo tempo ele conhece um ser chamado Gollum. Depois de um jogo de adivinhas na escuridão, o hobbit foge e descobre uma das funções daquele item que era originalmente daquele ser: o item torna quem usa invisível.
Lembrando que esse livro inicial, era voltado para o público infantil.
Na verdade, o próprio Condado é inspirado em Sarehole, um povoado perto de Birmingham onde Tolkien viveu com a família durante quatro anos de sua infância. Algumas pessoas, por exemplo, inspiraram personagens como a dupla de pai e filho nada simpáticos que gerenciava um moinho e um fazendeiro que perseguia as crianças por roubarem cogumelos. Sem contar que o jeito de falar dos hobbits é baseado no dos camponeses britânicos que o autor conheceu na infância.
Talvez a pessoa mais sortuda de toda a história tenha sido Rayner Unwin, filho do editor Rayner Unwin. É que o pai de Rayner acreditava que crianças seriam boas para julgar livros infantis, lembrando que O Hobbit era voltado para esse público. Para isso, Stanley pagava, além da mesada ao menino, um xelim para avaliar algumas obras. Em 1936, o garoto fez um relatório sobre a obra de Tolkien, que o faria ser publicado. Tanto que J.R.R. lhe pediu sua opinião sobre a continuação da obra, O Senhor dos Anéis, lhe enviando dois primeiros capítulos de seu livro.
O Hobbit seria publicado em 1937 e foi um sucesso no Reino Unido. O que fez com que o editor de Tolkien pedisse ao autor, uma continuação. A continuação seria conhecida como O Senhor dos Anéis.
As primeiras pessoas que conheceram os textos de Tolkien foram, fora sua família, os Inklings. Essa era uma sociedade literária informal, ao qual o escritor fazia parte em Oxford. Em especial O Senhor dos Anéis foi declamado para pessoas como C.S.Lewis e Charles Williams.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los, Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam
O Poema do Anel
Na história, temos como protagonista dessa vez o sobrinho de Bilbo Bolseiro, Frodo. Os dois vivem bem no Bolsão, no Condado. Eles chamam o mago Gandalf para auxiliar na festa de aniversário de Bilbo. Convidam todos os hobbits das imediações, e quando a comemoração ocorre, simplesmente Bilbo desaparece na frente de todos. Isso lógico, é obra do anel mágico que ele encontrou anos atrás da criatura denominada Gollum. Deixando antes aquele item para seu sobrinho e único parente vivo.
Depois, é dito pelo próprio mago que na verdade, aquele item se tratava do Um Anel. Com poderes antigos, seu usuário pode ficar invisível, concede longevidade e comanda vontades e pensamentos dos donos de outros anéis de poder. Aquilo era uma criação de Sauron, o Senhor do Escuro. Portanto ele corromperia o portador daquele item. Era necessário que aquele item fosse destruido antes que fosse usado por aquele ser das trevas.
Então começa a saga dele para conseguir levar o Um Anel até a Montanha da Perdição, lugar onde foi forjado o item. E única maneira de destruir item que se é conhecida. O problema é que as forças de Sauron estão para ter combates contra os humanos de Gondor, em um confronto que decidirá o destino de toda a Terra-Média. Para isso é formado a Sociedade do Anel, aliança formada por representantes de várias das raças livres de Arda.
Você pode encontrar as coisas que perdeu, mas nunca as que abandonou.
-Gandalf
Em 1965, a editora americana Ace Books, especializada em ficção científica, "pirateou" O Senhor dos Anéis. Ou seja, não pagando os direitos autorais. Quando o escritor soube disso, através dos leitores e fãs americanos, ele processou a Ace. Essa briga jurídica foi denominada "Batalha pela Terra-Média". A brochura autorizada vendeu um milhão de cópias em um ano sendo mania nas universidades e adeptos da contracultura.
Depois de um tempo, toda a saga do anel foi tão popular que se tornou o segundo livro mais lido no século XX, depois da Bíblia!
Muitos nomes de pessoas e lugares foram traduzidos por recomendação de Tolkien. Como a história é contada do ponto de vista dos hobbits (cujo a língua foi "substituída" pelo inglês), uma tradução com os nomes de forma desleixada significaria com a perda de trocadilhos e piadas. Por isso, em O Senhor dos Anéis, ele escreveu um "Guia para os Nomes". Assim orientando a tradução. Veja alguns exemplos a seguir:
Nome
Significado
Tradução
Rivendell: Dell é uma palavra do inglês arcaico.
Vale fendido
Valfenda (usa-se “val” para representar o dell em português).
Shelob: É o monstro que quase mata Frodo; lob é um sinônimo arcaico para aranha.
Ela-Aranha
Laracna (o “la” substitui o “ela”, enquanto o “aracna” dá o tom velhusco).
Bracergirdle: Sobrenome de uma família de hobbits cheia de gordinhos.
Cinta Apertada
Justa-Correia (o “Correia” é usado para lembrar um sobrenome em português).
Logo após O Senhor dos Anéis ser publicado em alguns países, Tolkien notou erros de traduções em alemão, sueco e holandês. Ele percebeu que seus livros em outros idiomas estavam aquém do grau que desejava para suas obras. O tradutor Ake Ohlmarks, fez uma introdução absurda inventando fatos sobre o autor. Então, ele criou um guia para facilitar a tradução de suas obras.
Mas quase que ele engavetou a publicação de O Silmarillion e O Senhor dos Anéis. 
Pois depois de terminar O Senhor dos Anéis, ele ainda tinha esperanças de publicar o Silmarillion junto com o primeiro, já que nesse (O Silmarillion) trabalhou desde 1910. A saga do anel só foi finalizada em 1949 e Tolkien decidiu que talvez fosse hora de mudar de editora, já que a Allen & Unwin, que tinha publicado O Hobbit, não se interessava pelo seu mais querido livro de seu Legendarium. Em 1950, ele iniciou negociações com Milton Waldman, da editora Collins, e tudo caminhava bem. Porém, quando se deram conta do tamanho das duas obras, a Collins desistiu do projeto. Foi quando o escritor voltou a negociar com sua antiga editora, aceitando a sugestão da editora e dividiu SdA em três volumes. Finalmente, em 29 de julho de 1954, A Sociedade do Anel chegou as livrarias.
Mesmo assim O Silmarillion, mesmo sendo sua obra mais querida, não foi publicado até depois de sua morte. Seu filho Christopher deve que dar os toques finais no livro. 
Isso tudo ocorria pois ele era especialista em filologia - ciência que estuda a origem e a evolução das línguas. Ele estudava principalmente o anglo-saxão, língua ancestral do inglês, o médio inglês (que dura do século XII até o século XV) e o islandês antigo. Tolkien ensinava essa disciplina em Oxford.
Ele até mesmo auxiliou na elaboração do dicionário Oxford. Nas letras U a Z, com destaque para os verbetes(vespa), water(água), wick(pavio) e winter(inverno). Colaborou com diversos colegas da redação de 1919 a 1920.
Seu amor por línguas o fez criar suas próprias línguas. Muitas não terminadas (com certos conceitos de gramática ainda não acabados), mas algumas são conhecidas até hoje. Podemos contar como línguas razoavelmente desenvolvidas as línguas élficas como o quenya, sindarin, telerin, élfico primitivo e doriathrin; o adûnaico, o westron e o rohírrico dos humanos; o khuzdûl dos anões; e a Língua Negra de Mordor. Ou seja, temos cerca de dez línguas desenvolvidas por ele e mencionado no decorrer dos livros. Em especial na saga do anel e em O Silmarillion. E isso criou nele o desejo de fazer uma mitologia toda envolta desse assunto, como vimos anteriormente.
O próprio autor falava, pelo menos, dezesseis línguas diferentes. Idiomas como o finlandês e o galês foram as bases para criar idiomas como os dos elfos.
No Apêndice F de O Senhor dos Anéis, o autor explica que o termo hobbit é derivado do anglo-saxão hol-bytla, "habitante de toca" (os hobbits tratavam suas casas subterrâneas como tocas).
Algumas das inspirações de J.R.R. Tolkien foram por exemplo em obras de origem germânica. Como Beowulf e O Anel dos Nibelungos. O próprio autor admitiu que o deus Odin foi uma grande inspiração para Gandalf, e não Merlin, como muitos pensam. Outras influências externas foram a dos épicos finlandeses, como Kalevala, que gira em torno de artefato mágico de grande poder, o Sampo. Além das narrativas escandinavas.
Entre algumas das obras de dentro do seu território estão como inspiração William Shakespeare. Mesmo que não admita, não há como deixar de comparar o ataque dos ents a Isengard e o combate de Eówyn e Merry contra o Rei Bruxo de Angmar, a obra Macbeth. Além disso também se inspirou em escritores como, Charles Dickens, George MacDonald e William Morris, sua maior influência.
Até mesmo sua vida pessoal se tornou fonte de inspiração para o autor: o romance turbulento entre Beren e Lúthien foi inspirado em seu conturbado enlace com sua mulher. Os personagens são uma das várias histórias de O Silmarillion, mas uma das mais belas histórias de amor daquela obra. Isso é tão real, que na lápide do casal, ambos estão com seus nomes inteiros e os "apelidos" respectivos aos personagens.
A Terra-Média, como é chamada o mundo criado por Tolkien na maioria de suas obras, é tratado como "passado mítico da Europa". Quando recebeu uma carta da leitora Rhona Beare, em 1958, resolveu fazer uma estimativa. Segundo ele, teriam se passado seis mil anos entre a derrota de Sauron e a época atual. No entanto, ele deixa bastante claro que passado mítico, nesse caso, significa passado imaginário. Pois ele mesmo também admitiu que se fosse um livro histórico, seria difícil encaixar algumas regiões e eventos, nas atuais evidências arqueológicas ou geológicas do continente.
Era um pouco brincalhão com alguns fatos sobre suas obras, ao que tudo indica. Ele adorava dar nomes élficos aos planetas e estrelas. Valacirca, "A Foice dos Valar", é a constelação da Ursa Maior; Remmirath, "Rede de Estrelas", são as Plêiades. O planeta que representaria o marinheiro Earendil, carregando a famosa joia Silmaril na frinte é Vênus. Enquanto Carnil, "Brilho Vermelho", é Marte.
Os nomes dos anões são inspirados no poema Voluspá, poema medieval da Islândia. Praticamente todos os nomes dos anões de Tolkien vem de lá como Thorin, Balin, Gimli, Durin, Fili, Kili e etc. Assim como o próprio Gandalf esta lá. Até mesmo os nomes dos hobbits tem cada uma origem diferente!
Aliás Gandalf e os outros magos, nada mais são do que "anjos encarnados". A metáfora é do próprio Tolkien. Para ser mais preciso eles são membros dos Maiar, seres que ajudavam e serviam os Valar. Estes por sua vez, são divindades apresentadas de forma melhor em O Silmarillion. No caso desses seres, receberem corpos de humanos idosos, com muito vigor. Eles seriam emissários de forças maiores dentro da Terra-Média. Lembrando que eles são proibidos de agir usando todas as suas forças e combater o Senhor do Escuro de forma bruta. Por isso, um de seus papéis é o de unir os povos livres contra a ameaça vinda de Mordor. Entre eles vieram cinco para essas terras: Saruman, o branco; Gandalf, o cinzento; Radagast, o castanho; e Alatar e Pallando, os azuis.
Hoje em dia existem vinte nove livros de Tolkien no mercado. Se quisermos colocar aqui as traduções de clássicos da literatura medieval inglesa feitas pelo autor, esse numero sobre para mais de trinta. Apenas alguns foram publicadas enquanto o autor estava vivo. Entre eles O Senhor dos Anéis, O Hobbit, As Aventuras de Tom Bombadil e The Road Goes Ever On.
Há também entre as obras póstumas, no qual se incluem O Silmarillion e Contos Inacabados, mais doze livros. Estes são da série The History of Middle-Earth, que reúne toda a evolução do universo de Tolkien, desde as versões mais primitivas, até textos que complementam e ampliam as histórias mas conhecidas. Os demais livros contêm contos infantis e ensaios acadêmicos.
Não existe até hoje, autores de ficção tão detalhados ou tão precisos sobre história e informações em suas obras como J.R.R. Tolkien. Isso se deve pois muitos creem que para uma história ser convincente deve se saber sobre o que esta tratando em todos os detalhes. Sendo que até mesmo conceitos como os de geologia e geografia ele já tinha até mesmo mapeado em seus textos. Por incrível que pareça, O Senhor dos Anéis é só uma pequena parte da grande mitologia criada por este inglês. O levando muito além de um mero livro de fantasia.
Entre as raças que Tolkien criou, sem dúvida a mais original foi a dos hobbit. Assim como os ents e orc. Tanto que seus nomes são inspirados em termos do anglo-saxão.
Muitos podem até chama-lo de minucioso, obstinado e cabeça-dura.
Ainda assim, ele inspirou a Tolkien Society. Formada por fãs do autor e de sua obra, que se dedicam a estudá-la e divulgá-la. Ela possui smials (subsedes) em vários continentes, publicando estudos literários e linguísticos sobre diferentes aspectos dos livros. E realiza a Oxonmoot, um mega encontro dos amantes das obras em Oxford.
Apesar de muito se identificar com os hobbits, devido ao gosto por seu modo de vida simples e rural, um dos personagens que mais se identificava era Faramir. O jovem capitão de Gondor, tinha visões parecidas com as de Tolkien sobre a estupidez das guerras.
Que há algo de bom neste mundo, Sr. Frodo e que vale a pena lutar.
-Samwise Gamgi
Mas muitos faziam analogias modernas com a obra dele. O que lhe deixava horrorizado. Ele sempre rejeito que as histórias se baseassem, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, na ascensão de Hitler e tudo mais. O fato é que ele era extremamente contra ideais racistas, em um período em que muitos europeus não tinham problemas em considerar outros povos como inferiores. Em uma de suas cartas, ele crítica claramente a política do apartheid na África do Sul, onde nasceu. Quando um editor alemão se interessou em publicar O Hobbit, ele exigiu que Tokien provasse não ser judeu (Adolf Hitler esta no poder, nessa época). E o escritor, o respondeu de forma desafiadora, dizendo que era uma infelicidade não ter ancestrais judeus, visto que esse era um povo extremamente talentoso. Acima de tudo, não gostava de alegorias em suas obras. Não queria que sua obra fosse reduzida em simples comparações, por exemplo, do Um Anel com a energia nuclear. Ele queria que sua obra tivesse uma aplicabilidade que transcendesse esses conceitos tão simples. Sendo que o leitor pudesse preencher o significado daquela obra, com suas próprias experiências de vida. Isso que torna O Senhor dos Anéis quase atemporal.
Coragem é a melhor defesa que vocês têm agora!
-Gandalf
Um dos traços de seus personagens, e que muitos ignoram na obra, é quando eles tem coragem mesmo sem  ser corajosos. A bravura também é demonstrada quando vamos em frente mesmo quando não temos esperanças em mais nada. É nos momentos de escuridão que as chamas de valentia podem reacender as almas mais perturbadas.
Não se pode ter coragem sem medo. Sem se superar aquilo que teme. Frodo e Bilbo são hobbits, seres pequenos em estatura e que se veem cercados por um mundo gigantesco, cheio de seres que podem lhe esmagar, tanto física quanto espiritualmente.
Outro fato que muitos não notam é que muitas vezes, é possível perceber claramente o quanto o poder corrompe. O Um Anel é um item desejado por todos aqueles que estão ao redor de Frodo, porém, como ele não é alguém que possui valores dos homens, dos elfos e anões, resiste por mais tempo. Mas no final, até ele que dava mais valor ao seu Condado e a vida simples, é quase tomado pelo artefato. Não é só o hobbit que se vê tentado pelo anel em toda a saga: Galadriel, Gandalf, Aragorn, Bilbo, Faramir e Boromir, esse último quase toma o item do Bolseiro. Muitas vezes, com o poder nas mãos, boas ações podem sim se transformar em más, sem nem ao menos notarem. E isso não se dá somente com líderes, mas qualquer pessoa.
Ele tinha um profundo problema com relação a tecnologia. Certa vez descreveu que a pior criação do homem eram os "motores de combustão inferna"(trocadilho com motores de combustão interna). Faz sentido, visto que a tecnologia é muito poderosa, viciante, e várias vezes, prejudicial se não for usada corretamente. Ele tinha um grande respeito pela Terra e a natureza. Pois não concordava que ela fosse só um território onde usamos e abusamos dos recursos até eles se extinguem. Uma curiosidade: certa vez, ao visitar um amigo na Irlanda, pediram-lhe que lesse trechos de O Senhor dos Anéis diante de um gravador. Meio sério, meio brincando, só fez depois de rezar um pai-nosso - em gótico - para exorcizar a máquina.
Antes dos filmes de O Senhor dos Anéis, a estimativa da venda de livros da saga do anel era de cinquenta milhões de exemplares, mas calcula-se que, só nos Estados Unidos, mais vinte e cinco milhões de cópias de OSdA e O Hoobit tinham deixado as prateleiras das livrarias em 2001 e 2002. Hoje em dia, a obras estão em pelo menos trinta e quatro línguas!
Para quem não sabia, até os Beatles queriam filmar O Senhor dos Anéis. John Lennon seria Gollum, Paul McCartney seria Frodo, Ringo Starr viraria Sam e George Harrison faria Gandalf. E o diretor seria Stanley Kubrick. Imagine isso agora...
Até hoje, Tolkien é uma referência de escritores mais atuais, como George R.R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo. Além de seu universo ser sempre usado como parâmetro para a criação de mundos de RPG. O "pai da literatura fantástica moderna", como ficou conhecido, influenciou gerações. Até mesmo inspirou George Lucas a criar "Star Wars".
Suas obras foram traduzidas em mais de 30 idiomas, algumas viraram histórias em quadrinhos e animação. Mas foi em 2001, pelas mãos do diretor Peter Jackson, que a história de Tolkien pôde ganhar o grande público.  A trilogia de "O Senhor dos Anéis" rendeu 17 Oscars.
Tolkien morreu em 1973, dois anos depois de sua mulher Edith, por úlcera. Ainda assim sua mágica sútil esta inserida até hoje em muitas pessoas até hoje. Um fato curioso (e talvez mágico): o ano em que ele morreu, de trás para frente encaixa com a primeira parte do poema criado por Sauron para os anéis de poder: Três Anéis para os Reis-Elfos sob este céu (3); Sete para os Senhores-Anões em seus rochosos corredores (7); Nove para os Homens Mortais fadados a morrer (9); Um para o Senhor do Escuro em seu Escuro Trono (1),(...)
A guerra deve acontecer, enquanto estivermos defendendo nossas vidas contra um destruidor que poderia devorar tudo; mas não amo a espada brilhante por sua agudeza, nem a flecha por sua rapidez, nem o guerreiro por sua glória. Só amo aquilo que eles defendem.

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