sexta-feira, 23 de março de 2018

Por que a Marvel não tem o direito sobre os seus personagens no cinema?

Você deve saber que a Marvel não tem direitos sobre certos personagens próprios, ao menos nos cinemas. Alguns dos mais adorados, como Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men e até mesmo alguns que são só elenco de apoio, não estão nas mãos da editora. Entenda o motivo disso.
No início dos anos 90, as HQs em geral eram um excelente negócio. Já que desde os anos 80, esse entretenimento não era visto só como um simples atrigo, mas colecionáveis de valor inestimável. E eles poderiam pagar por valores muito maiores nas edições das revistas.
Então começaram a melhorar suas técnicas para atrair fãs de quadrinhos: capas variantes, embalagens únicas, cards dos personagens exclusivos, técnicas novas de impressão. Muita coisa boa surgiu com isso. 
O problema, é que isso não duraria. Os artigos, por assim dizer, eram muito mais caros do que eles realmente valiam. Fazendo que a oferta se perca e deixando uma bomba para a empresa. Os fãs notavam que aquelas HQs não valeriam uma fortuna no futuro, muito pelo contrário. As histórias que realmente valeriam algo mais seriam, ou com bons roteiristas ou bons ilustradores.
A Marvel tinha sido comprada em 1989 por Ron Perelman. O dono de uma empresa de cosméticos. E ele lançou ações da Casa das Idéias na bolsa de valores. Elas foram bem no começo, mas a crise surgia para meados de 1992. Lembrando que foi nessa época que ocorreu o exodus.
Jim Lee, Todd McFarlane, entre outros saíram da empresa pela política da Marvel em não dar crédito aos criadores de conteúdo. Se criasse um personagem na empresa, enquanto trabalhasse lá, ele seria da editora e fim de papo. Entende como isso é complicado?
Ron Perelman, em 1993, acreditou que tudo melhoraria se ele aumentasse os preços das histórias em quadrinhos de sua empresa! Acreditando que os fãs não abandonariam seus heróis. Ele só se esqueceu que além da editora DC (sua eterna concorrente), os artistas que abandonaram a Marvel, fundaram a Image Comics! Preços altos com uma qualidade baixa. Tanto em roteiro, quanto arte.
As vendas caíram em 70%!
Foi então que tiveram uma única alternativa, menos complicada, mas perigosa: venderam os direitos cinematográficos dos seus principais personagens. Assim:
-Homem-Aranha foi pra Sony;
-Quarteto Fantástico e X-Men foram para a Fox;
-Blade foi para New Line;
-e a Universal conseguiu um acordo para distribuição dos filmes do Hulk. O que seria uma dor de cabeça pra Disney, que comprou a Marvel.
A Marvel não veria nenhum tostão sobre aquele lucro obtido nessas histórias.
Mas veja a situação. As ações da Marvel que valiam US$ 35,75 em 1993, valiam US$ 2,37 em 1996. A editora estava decretando falência. 
Tempos depois, o primeiro filme com personagem licenciado surgiu e era Blade. E isso abriu portas a outros personagens, só que nunca rendendo um centavo para a Marvel. Mas isso fez o público voltar a se interessar por HQs. O que faria com que eles tivessem uma cartada nas mãos para lidar com esses problemas.
Eles pediram um empréstimo, depois de se estabelecerem como uma editora forte nos quadrinhos, para a criação de dez filmes. Todos eles, interligados. Um universo compartilhado e cinematográfico. E receberam 525 milhões de dólares. Só que como garantia, eles teriam que dar... tudo ao banco! Personagens, direitos, cada pedaço da empresa... Seria do banco se eles não conseguissem pagar sua dívida. 
O primeiro filme eles apostaram alto, personagem nem tão pouco conhecido, mas nem tão nas sombras da editora. O Homem de Ferro. E contaram com um ator que estava quase com sua carreira no fim devido ao seu envolvimento com drogas. Robert Downey Jr.
O filme foi um sucesso. Inaugurando a Marvel Studios.

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