quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Watchmen (e como os fãs "pau no cu" são bem retratados nessa série!)


Nunca achei que depois de me enganar com Deadpool (pois não gosto do Ryan Reynolds) eu me enganaria com outra obra audio-visual. Contudo, eu assisti Watchmen, a série da HBO e mano... Eu me enganei mais uma vez!

O ovo ou a galinha?
Watchmen se passa após os acontecimentos da série de quadrinhos escritas por Alan Moore e Dave Gibbons. Isso é estritamente necessário entender para compreender as nuances do seriado. O motivo é que eventos que ocorreram nas HQs causam problemas até os dias atuais, onde se passa boa parte da história.
A tecnologia é atrasada comparada a nossa pois os acontecimentos envolvidos com o Dr. Manhattan, fez com que boa parte da população tivesse medo de avançar. Devido a novos grupos de bandidos surgindo, a polícia usa máscaras para proteger suas identidade civis. E vez ou outra... Tem uma chuva de lulas.
Nó começo da série, vemos um grupo criminoso chamado de racista dando problemas usando a ideia de um "herói". Angela Abar, é uma detetive policial que investiga o assassinato de um colega. Neste universo, os policiais usam máscaras sobre seus rostos para protegerem suas identidades, e precisam descobrir a origem e o objetivo de um grupo supremacista chamado Sétima Cavalaria, cujos membros usam máscaras semelhantes à de Rorschach. Uma clara alusão ao Ku Klux Klan.
Enquanto isso, nós acompanhamos, não só Angela (chamada de Sister Night) mas também Ozymandias, Adrian Veidt. Ele inicialmente parece estar em um lugar utópico e perfeito que não é bem assim.
Ainda assim, o mundo ainda sente a sombra do Dr. Manhattan. Mesmo ele estando tão longe. Ou será que não?

Agradeço a chance de corrigir os erros de seu terrível passado
Você vê as consequências de ações como a de Rorschach (Eu não sei falar essa bosta, nem escrever direito... Acho...) que fez surgir a Sétima Cavalaria, o inferno pessoal que Ozymandias fez para si (ou quase isso), entre outros personagens da história antiga. Mas os vários núcleos pegam algumas coisas novas como a Sister Nigh e Looking Glass. 
As aparições de atores tão bons como Regina King como protagonista e Jeremy Irons que é um deleite a parte. Mas a reviravolta sobre o Dr. Manhattan me fez pular da cama e falar "isso é uma série com base em HQs! Isso é digno de Alan Moore".
A ideia de continuar Watchmen para mim era um problema. Inicialmente. Mas quando vi as primeiras impressões sobre a obra, isso começou a me fazer pensar. Continuar algo feito por Alan Moore me parecia um sacrilégio. Só que eu quis dar uma chance. E ISSO me salvou a alma. Ela combina muito bem os temas de Alan com uma abordagem totalmente diferente do que muitos pensavam. 


Inicialmente, talvez pela abordagem a Sétima Cavalaria você pode pensar que o foco maior é sobre a verdadeira identidade do Hooded Justice. Contudo, isso é meio deixado de lado e se aprofunda em alguns detalhes muito bacanas.

Homens são presos. Animais são abatidos.

É muito claro que a Sétima Cavalaria, que surgiu devido os textos de Rorschach, é uma espécie de paralelo com os racistas atuais na América do Norte e outros países. Até mesmo com coisas aqui no Brasil. Mas será mesmo que só com preconceituosos tão claros assim? Me acompanhem.

Quando Watchmen foi criado, por Alan Moore, ele queria usar personagens da Charlton Comics, comprados pela DC Comics, como personagens em uma nova história. Entre eles estariam o Capitão Átomo, Lightbolt e Questão. Mas ele não deve essa permissão. Então ele criou seu mundo próprio.
Ao invés do personagem Questão ele criou o sociopata Rorschach. Mas esse sujeito também era inspirado em Steve Ditko ao que parece. Moore não gostava de Ditko por conta de pensamentos bem controversos desse segundo. Steve, resumindo era um ferrenho defensor do objectivismo que seria "o conceito do homem como um ser heroico, com sua própria felicidade como o propósito moral de sua vida, com a realização produtiva como sua atividade mais nobre e a razão como seu único absoluto".
Moore não discrimina Rorschach. Mas conscientiza que ele não é um herói. Notamos os traços de um "fã" do objectivismo na personagem de qualquer modo.
Talvez um dos pensamentos que deve ter desagradado Moore sobre Ditko é esse: "O ser humano, cada um, é um fim em si mesmo e não um meio para o fim de outros humanos. Deve existir em função de seus próprios propósitos, não se sacrificando por outros nem sacrificando outros por ele."E tudo isso teria sido incorporado a personagem vigilante/sociopata de Watchmen, Rorschach.
Dito isso, voltemos para a série. No final da HQ, o diário de Rorschach chega a um jornal. E ai, a Sétima Cavalaria lê a obra e "entende" o que ele escreveu. Na verdade, desvirtua algo que já era errado, obra de um sociopata. Agora vamos a uma comparação triste.
Tenho uma pessoa que amo mas que odiou Star Wars - O Despertar da Força. O motivo? Finn estava sendo cotado como o protagonista (ainda não sabiamos que seria a Rey). Ontem, a mesma pessoa falou sobre isso de outro modo. "Desde quando stormtrooper é negro?"
Os fãs nerds estão ficando cada vez mais chatos. Ignorando o que uma obra quer passar através de suas palavras. Parem de ser tão idiotas... Pois transformam algo bom e algo podre.

Eu preferi não refutar mas, cara eu fiquei triste. Ele não queria saber se a obra é boa. Ele não se interessou que mesmo através das críticas J.J. Abrams é um fã de Star Wars. ELE SE IMPORTAVA SE O FINN ERA NEGRO. Caralho a história se passa em um universo em que o vilão, a Primeira Ordem é um grupo supremacista, pois só vemos humanos quase sempre entre as fileiras de suas tropas. Isso que esse meu "conhecido" fez vai totalmente contra as ideias como a de George Lucas e da própria Disney, detentora do direitos atuais sobre a Lucas Arts.
Pouco a pouco, os fandoms tem se tornado mais idiotas, impedindo novas oportunidades. Ou seja, tantos os velhos fãs quando os novos fãs de obras, normalmente transformam as obras em um lugar chato que não podemos mais aproveitar. Fazendo com quem gosta de algo só fique nervoso, pois muitas vezes, esses "fãs", se podemos chamar assim, destroem toda a graça de qualquer coisa.
Parafraseando James Gordon "essa não é a série que merecemos, mas é a série que precisamos".

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