quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Hazbin Hotel e sua temática LGBTQIAP+

Para começar, Hazbin Hotel era um piloto de uma série para o Youtube. Uma produtora se interessou tanto, que comprou os direitos sobre essa história, A24. Com a rede social de vídeos meio que cortando a monetização e mandando strike em vídeos que nem geram tantas visualizações, mas não falando nada de youtubers cheios de fascismo e nazismo, foi uma boa ideia essa venda para o criador.
Então, vemos uma série, originalmente indie, ganhar cada vez mais relevância. E apesar dos palavrões, e até uma temática mais adulta, ela tem sim uma mensagem muito boa por de trás, que poucos enxergam. Mas é através desses demônios - literais - que a obra trata de todo o seu conteúdo único.
Na história, temos Lúcifer, que era um anjo extremamente criativo. Que era visto como problemático, mas além disso foi banido para longe. E aqui já começa a "mágica" da série: ela inverte os valores, onde temos um bando de anjos CONSERVADORES e demônios só aproveitando a vida no Inferno - literalmente, mais uma vez - do melhor modo possível, em um mundo decadente. 
É algo que podemos até usar ver na história humana mesmo. Quem conta é sempre o vencedor, ou quem calou a boca dos outros mais rápido, ou quem está no topo da estrutura do poder. O que me faz pensar que odeio a Globo, mas temo que um dia a Record fique no topo do ibope... Misericórdia!
Enfim, ainda temos Adão e Lilith (personagem que não está na Bíblia, mas em relatos do povo judeu, como versões do Torá), ao qual o primeiro era abusivo com a segunda. Ela fugiu e acabou ficando com Lúcifer. E acabaram com uma filha, a Charlie.
Mas antes disso, Lúcifer e Lilith são mandados ao Inferno. Toda a série é praticamente um musical, o que combina, já que a Primeira Mulher, usa sua canção para inspirar as pessoas. E por conta disso, ela obtém muito poder, o que faz com que os anjos criem um terrível costume: uma vez por ano, exterminariam vários demônios, para que eles nunca pudessem ser uma ameaça real. Uma decisão bem política e parecida com países em que o governo não tolera homossexuais. Na verdade, me fez lembrar o Brasil, durante o governo Bolsonaro, já que surgiram leis (que não foram para frente, graças a Deus!) impedindo o casamento homoafetivo. Paralelos, nós temos aos montes no mundo. 
Charlie, filha de Lilith e Lúcifer, tem o sonho de salvar essas pessoas do Inferno. Criando um hotel, para salvar esse pecadores e encontrando uma chance de redenção a eles. É uma personagem incrível e cheia de vida, mesmo estando em uma situação de entre a cruz e o diabo - mais uma vez esse raio de literal aqui! Ela funciona quase como um terapeuta ou psicólogo infernal.
O hotel promete não ter violência e pecados. Sendo uma ideia bem utópica por parte da Charlie, mas que demonstra uma personagem idealista. Perseguindo algo parecido com a mãe, que mesmo no Inferno, fez algo bom. E observação: não há garantia nenhuma que o hotel ira trazer a salvação, ela só crê MESMO nisso.
Mas falado isso, vamos tratar sobre os demônios. Seguindo um raciocínio cristão, independente de qual crime uma pessoa cometeu, ela vai parar no Inferno, se não se arrepender disso em vida. Mas nós usamos no nosso dia a dia uma visão meio baseada na justiça comum para designar os tais atentados a religião. Incluindo coisas que eram crime anos atrás, como o homossexualismo. Obviamente, no tal Inferno, há pessoas que não merecem a redenção ou não a querem de forma nenhuma. Será que seria necessário isso para eles?
Os seres quando morrem, e param no Inferno, preferem fazer das coisas um caos. E a galera do Hazbin Hotel tenta trazer eles para lá, já que não podem obrigar as pessoas. Já que a salvação deve ser uma escolha e não algo forçado. Diferente do que muitas igrejas protestantes, evangélicas e católicas fazem. 
Somos apresentados ao personagem Angel, que é um demônio que participa de filmes adultos. Que faz muita coisa errada, mas só o faz por ser forçado. Ele está no hotel, só por estar, pois não crê na salvação, devido ao tanto que ele se desiludiu com aquele mundo infernal. Além disso, ele entendeu que mesmo seja um mundo ruim, aquele é único lugar para ele. 
E aí vem uma ideia que une essa visão sobre o Inferno e a temática LGBTQIAP+: eles, em ambos os casos, estão tão acostumados com aquela visão de mundo, que não querem mudar as estruturas dele. Não se acostumarem com as coisas sendo tão ruins, como estão. 
Pois o Hazbin Hotel seria esse lugar de paz, em um caos infernal - mais uma vez esse troço de literal, oh raios - o que é uma visão única sobre o assunto. Só lembrando que a própria Charlie tem uma namorada, a Vaggie, que demonstra que quer um lugar melhor para si, e para os outros, para ter algo bom no futuro a todos e quem ama.
Mas para isso, a protagonista terá que passar por Adão, que sinceramente, é um escroto - compare a ele ao político mais escroto que imaginar como Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Marcos Feliciano e depois mande a merda ou para o caralho - tentando o convencer ao não extermínio. Enquanto os anjos entendem as almas que foram para o Paraíso e se tornaram anjos como mais valiosos, Charlie entende todos com o mesmo valor, independente de terem cometido crimes ou não! Pois ninguém existe sem ter cometido uma falha na vida.
Acima de tudo, se compararmos os demônios a grupos LGBTQIAP+, mostra que eles não precisam ser boas ou más, mas podem escolher como viver. Obtendo a salvação por conta própria. Ela tem alguns problemas em seus tons (quando quer que o episódio seja sério ou triste ou engraçado, além de piadas com abuso fora do tom... Mas é difícil quando se trata do Inferno mesmo), mas tem tudo de bom.


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