domingo, 18 de fevereiro de 2024

Vai Vai e a endemonização dos homens do CHOQUE

A escola Vai Vai que retratou a Polícia Militar como demônios, foi a protagonista - com isso - de uma das principais polêmicas de 2024. A organização de samba foi autorizada a captar R$ 2,1 milhões para o desfile deste ano por meio da Lei Rouanet. Observação que tudo ao qual vai ser utilizado essa grana, deverá ser repassado e documentado ao governo.
A autorização foi dado pelo Ministério da Cultura em julho de 2023. Inicialmente, a escola de samba poderia angariar os recursos até 31 de dezembro, mas em janeiro, o Governo Federal prorrogou o prazo. E não apenas a escola de samba Vai Vai. Só uma coisa que deixo claro, que muitas mídias conservadoras colocam o nome de Lula, como se "fosse o interessado dessa endemonização dos policiais".
O momento tratado aqui, ocorreu no dia 10 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi, durante o desfile. Que possuíam um aspecto igual a tropa de choque.
Após o tal desfile, parlamentares como o deputado federal, Capitão Augusto (PL-SP) e a deputadas estadual, Dani Alonso (PL-SP), enviaram ofícios ao governador paulista, Tarcísio de Freitas, e ao prefeito da capital, Ricardo Nunes.
Nos ofícios, os parlamentares pedem que a escola seja proibida de receber recursos públicos estaduais e municipais no Carnaval. 
E deve até político falando que a PM não seria composta por demônios, mas "anjos de farda". O que convenhamos, está meio longe da verdade. Compreendam, tenho respeito por todos os servidores públicos. Sejam professores (como eu), enfermeiros, médicos e policiais. Entretanto, não é de hoje que a figura policial se perdeu.
Para começo de conversa, os policiais retratados como demônios eram do CHOQUE, grupo especial da PM. Que por sinal teria sido o responsável - e daí essa retratação - pela morte e massacre na antiga penitenciária do Carandiru. E por conta desse ato terrível, que gerou tanta carnificina, geraria o embrião do atual Primeiro Comando da Capital. Visto que os presos precisavam se sentir protegidos contra o poder militar, já que sabiam que não poderiam contar com o poder público. A velha política de "bandido bom é bandido morto", usada mais atualmente pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, foi um dos motivos do conflito atual entre palestinos e israelenses (Guerra na Faixa de Gaza).
Sem contar que a música que foi usada como referência para tema da Vai Vai é um clássico do grupo Racionais MC. Tanto que os membros, incluindo Mano Brown, estavam lá, no dia. Mas aí está uma coisa engraçada, que o rap, assim como o samba, foram ritmos e músicas marginalizadas. Pois vem da periferia, ou seja, de origem negra. É patético como a ala conservadora da política sempre tenta quebrar as pernas daqueles que fazem críticas, independente de que área musical, através de arte.
Um exemplo disso é que o motoboy Galo, participou também por lá, próximo de uma versão da estátua, pichada e "destruída" de Borba Gato. Para quem não sabe, esse construto faz referência uma bandeirante conhecido por matar indígenas e negros, além de os torturar. E ao qual, o rapaz tentou queimar. Fazer crítica aos policiais que foram contra presos em sua maioria negra, não pode, mas manter os símbolos de poder dos brancos, isso pode. Coisa engraçada.
Não falo que o Galo esteja cem por cento certo. Mas retirar aquilo do centro de São Paulo, bem que poderia.
Por último, não é a primeira vez que um grupo de carnaval é censurado no Brasil: A gestão Fábia Porto (2017 a 2020) impediu em Santa Isabel que pessoas pudessem fazer uma paródia com a prefeita; já em alguns outros carnavais posteriores, grupos carnavalescos fizeram polêmica retratando como corrupto Jair Messias Bolsonaro.
O pecado no Brasil, as vezes é apenas se expressar. Especialmente se vierem da periferia e de uma minoria.

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