segunda-feira, 20 de abril de 2020

Lovecraft: o horror que transcende o tempo e espaço

(...) o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido.
H.P. Lovecraft. Howard Phillips Lovecraft. Hoje em dia, é quase impossível não passar pelos livros e séries de terror, ou até mesmo, de ficção científica sem cruzar. Até mesmo em comédias como Rick & Morty tem sua dose de Lovecraft. Ou como muitos chamam, o terror cósmico. O terror que teria vindo das estrelas, pelo espaço, superando o tempo e tudo que existe. De um modo quase cósmico e místico.
Na última década aparece muita referência desse terror cósmico bizarrento.

Não está morto o que jaz inanimado, e em estranhas realidades até a morte pode morrer
H.P. Lovecraft foi um escritor de contos de terror do início do século XX, que teria influenciado outros autores como Robert E. Howard. E ele mesmo tinha como inspirações Edgar Allan Poe. 
O horror cósmico é esse conceito de que existem divindades e entidades mais antigas que o mundo e incompreensíveis para a mente humana. Em suas histórias, ele já admitiu querer escrever histórias que superam os limites mundanos do tempo e do espaço. E usa o terror, pois para ele, o medo é nosso sentimento mais profundo. Mais intenso.
Assim, ele quer mostrar através de seus textos, que a humanidade não tem importância em comparação a vastidão do universo. Em quase todos os seus contos há um resquício disso.
Ele é filho de Susan e Winfield Lovecraft. O pai de HP, teve um colapso nervoso que o fez ficar internado por cinco anos. Depois desse tempo, o pobre homem morreu.
O jovem viveu com a avô, em uma pequena mansão. Lá tinha uma biblioteca e onde passava grande parte do seu tempo.
Entre seis e sete anos, ele começou a escrever seus primeiros contos. Como A Pequena Garrafa de Vidro, A Caverna Secreta, O Mistério do Cemitério e O Navio Misterioso.
Aos nove anos, Lovecraft descobriu Edgar Allan Poe, a quem o jovem admirou enormemente. 
Depois de adolescente, Lovecraft perdeu o padrão de vida que detinha antes. Essa talvez tenha sido uma das primeiras vezes que pensava em suicídio. Mas seguiu em frente.
Em determinada época, ele manda uma carta para determinado jornal. Se tornando até presidente da associação de imprensa amadora. Escreveu até um periódico de sua própria mão.
Ele começou a se comunicar com escritores e fãs. Entre eles temos Robert E. Howard, escritor de Conan, Rei Kull e Solomon Kane
A mãe de Lovecraft foi internada no mesmo hospital que seu pai morreu. Foi diagnosticada com distúrbios mentais e depois de uma cirurgia mal feita, sua mãe morreu. H.P. passou alguns meses abalado tentando se recuperar e mais uma vez conseguiu. 
Lovecraft teria conhecido o amor com Sonia Greene. E passaram por grande dificuldades financeiras. Lembrem que os contos dele não eram famosos. E só foi ganhar a fama que tem após sua morte, como muitos escritores e artistas.  
Lovecraft queria que Plutão tivesse o nome de um planeta que criou para sua obras. Yuggoth, lar dos seres conhecidos como Fungos de Mi-Go. Isso pode ser visto no livro Um Sussurro nas Trevas.
Algo que foi criado por Lovecraft, mas muitos acreditam ser de verdade era o Necronomicon. Seria algo como o livro dos mortos, escrito por um árabe. Ele sempre foi usado por muitas obras como um livro de demônios, mas normalmente seria um guia de magias e "catalogo" dos antigos, os seres criados por Lovecraft. Um dos filmes que faz referência ao livro é Evil Dead (A Morte do Demônio)

A ironia raramente está ausente, mesmo no maior dos horrores.
No conto Dagon, vemos um soldado norte-americano capturado por alemães. A história se situa no período da Primeira Guerra, e ele consegue fugir. Solto no mar e sem entender bem de navegação se perde. Chegando a um lodo infernal no meio do mar. Um mal e horror absoluto surgem na história, trazido por ideias como o silêncio indescritível ou mal inenarrável. 
Ele deixa lacunas de propósito na sua escrita, para que o leitor  preencha imaginando que horrores podem estar envolvidos naquele mundo apresentado através de sua escrita. 
É sabido que Lovecraft era racista e xenofóbico. Há citações dele em cartas sobre o desprezo das culturas de homens negros, como o vodu. É possível ver isso em textos como O Chamado de Cthulhu e A Rua (menos conhecido). Mas por mais ruim que isso seja, não há esse terror de Lovecraft sem racismo. Não entendam mal, sou contra o racismo e todos devem ser. O problema é que ele se torna a estrutura do terror de H.P. Lovecraft. O pilar que faz esse horror funcionar.
Pois no contexto histórico em que H.P. Lovecraft viveu, esse racismo era estimulado Na verdade, acreditava-se na superioridade branca. Até mesmo com estimulo de cientistas, como Charles Darwin. Esse xenofobismo, está envolvido com o medo do desconhecido, assim como o horror descrito pelo escritor. Entendem onde quero chegar agora? Os monstros são o medo para ele de existir é a miscigenação. Pois eles seriam uma corrupção dos genes. Tanto que os deep ones, seriam uma prova dessa ideia. 
Mas não pense que o autor é desprovido de uma mente ligada só ao racismo. Existe profundidade em sua escrita também, como a comparação desses horrores, com o terror das guerras que ele presenciou.
Outro ponto de suas narrativas é a descrição de lugares, tais como se tornassem uma nova personagem. Segundo Lovecraft, um lugar novo não irá conter tanta história quanto algo mais antigo. Não terá vivenciado o mesmo número de coisas que um área urbana suja e imunda de uma cidade. Pois eles tem "fantasmas próprios" que devem contar parte de sua vida.
Ele faz ideias que existe um certo terror nesse mundo antigo que nem Lovecraft conhecia, com relação aos dias atuais que ele vivia.
Lovecraft aproveitava-se dos demônios que tinha e os expulsou em linhas de textos. E tente não olhar para eles. Pois pode ficar louco no processo.

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