quinta-feira, 9 de julho de 2020

A mensagem sobre preconceito dentro de X-Men

O preconceito existe entre todas as pessoas. Inclusive naquele que diz não ter preconceito. Na verdade, o que fazemos é ignorar o preconceito que temos. E aqueles que realmente sabem e entendem essas atitudes, lidam com isso diariamente, independente de sua raça, sexo e religião.
A fantasia muitas vezes serve como uma alegoria ou metáfora, para explicar certas coisas da vida real. Através de subtextos, nas entrelinhas, nós identificamos muitas coisas da nossa realidade. Um momento de reflexão. E aqui poderemos ver que a arte imita a vida, mas a vida também imita a arte.
Como sempre falo em aulas de história "a história está fadada a se repetir, enquanto as pessoas não se interessarem por ela". E foi usando um contexto histórico que surgiram os X-Men.
Muitas vezes, a humanidade acaba odiando a necessidade de compreender algo. A xenofobia. Pois ficam com receio de que essa diversidade seja algo falho ou perigoso. Para se ter uma ideia, os super seres mutantes da Marvel são uma referência disso. Magníficos seres com habilidades únicas, muitas vezes são vistos com preconceito.
Eles seriam mutantes por uma alteração de genes, o gene X, que os identifica como seres habilidosos. E como eles não são comuns, ou ordinários, são vistos com preconceito pela sociedade em geral. Sendo ofendidos como "mutunas", assim como diversos outros adjetivos usados para etnias, pessoas de diferentes sexualidades ou religiões de doutrinas diferentes da sociedade vigente.
Muitas vezes, o fato de um ser humano (pois mutantes, são sim humanos) ter só a pele verde ou azul é visto com maus olhos pela sociedade. Uma herança genética, que é vista com estranheza. Quando os personagens de X-Men surgiram foi usando o contexto da época: a luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Mesmo em 1787 quando aprovaram sua Constituição, os Estados Unidos afirmavam aos cidadãos à vida, à liberdade, a busca da felicidade, mas não eram todos que tinham esse direito. Não foram passados aos escravizados e aos seus descendentes. A escravidão foi mantida e até ampliada após a independência. Foi abolida apenas em 1863. Além disso, a discriminação continuou legalizada até a década de 1960, ou seja, pouco menos de 60 anos.
Outro grupo que não foi contemplado pelos direitos afirmados na Constituição norte-americana foi o de indígenas. Muitas vezes sendo vítimas de massacres por anos.
Para se ter uma ideia, Jack Kirby e Stan Lee foram quem criaram os personagens de X-Men. E entre eles estava a famosa comparação entre Charle Xavier e Magneto, com Marthin Luther King e Malcom X. Em ambos os casos, os dois tem visões diferentes sobre o mesmo assunto: direitos iguais a todos.
Em X-Men, muitas vezes podemos somar ao fato de serem mutantes, os personagens muitas vezes pertencerem a outros grupos  discriminados pela sociedade na vida real: Ororo Munroe, a Tempestade é negra; Erik Magnus, o Magneto e Kitty Pryde, a Lince Negra, são judeus (o primeiro, aliás, foi perseguido na época da Segunda Guerra Mundial por conta disso), Charles Xavier é paraplégico, Estrela Polar é gay, entre tantos outros grupos perseguidos até na atualidade.
Como prova de que a vida imita a arte, Donald Trump venceu as eleições para presidente dos Estados Unidos. Lembrando que Trump sempre foi considerado um homem intolerante (tanto que parte de sua campanha se resumia em fazer um muro entre os States e o México), antes disso, um intolerante quase subiu ao poder nas HQs da Marvel. Graydon Creed. Que é filho de mutantes (Dentes-de-Sabre e Mística). Entretanto, notem a ironia pois, Donald é filho de imigrantes (Escócia e Alemanha). Não é hilário notar isso?
Observação extra: notem que o presidente do Brasil (Jair Messias Bolsonaro) e dos EUA (Donald Trump) em 2020 tem um discurso "religioso que visa armar a população", que destoa do que seria parte dos preceitos cristãos. O que lembra outro personagem dos X-Men, William Stryker, um vilão humano extremista religioso.

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