segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O Guia do Mochileiro das Galáxias

"Pois é... Eu com o cérebro do tamanho de um planeta e me mandam levar vocês até a ponte. Isso lá é realização profissional? Eu acho que não..." 
-Marvin
Vamos falar um pouco sobre Douglas Adams.
Ele já escreveu para rádio e televisão, e até mesmo foi segurança. Escreveu episódios de Doctor Who nos anos 70 (inclusive o aclamado episódio Shada, que virou livro) e de Monty Python. Inclusive, foi ele que escreveu para o grupo de humor, a sketch da enfermeira assassina. 
Diz a lenda que quando Douglas estava bêbado, ele estava em viagem pela Europa e viu um guia de mochileiro jogado no chão. Esse seria o título de sua primeira grande obra. E mesmo fazendo um livro que é ficção científica, todos os livros são fáceis de entender.
Os livros dessa saga épica e hilária, são cinco. Também chamada de trilogia de cinco livros... Que coisa não?
São eles: O Guia do Mochileiro das Galáxias (1979), O Restaurante no Fim do Universo (1980), A Vida, o Univreso e Tudo Mais (1982), Até Mais e Obrigado Pelos Peixes (1984) e Praticamente Inofensiva (1992). Sendo que eles começaram como uma rádio-novela na BBC.  
Há um sexto livro, dessa trilogia de cinco (Não me culpem! Esta escrito na capa desses livros isso!), que não foi escrito por Douglas Adams. É Tem Outra Coisa (2009). Escrito por Eoin Colfer (autor da saga “Artemis Fowl”), e continuou os relatos das jornadas de Arthur Dent e companhia, mas com sucesso limitado.
Mais de 250 mil cópias de O Guia do Mochileiro das Galáxias foram vendidas em apenas três meses após o lançamento. Inicialmente, a série de livros foi criada para ser uma trilogia, porém Adams resolveu estender a saga em mais dois livros e assim ficou conhecida como a “trilogia de cinco”. 

Um erro comum que as pessoas cometem quando tentam projetar coisas completamente à prova de imbecis era subestimar a ingenuidade dos imbecis completos.
O que muitos autores fazem com cenários de ficção científica, não é esmiuçar cada fator da tecnologia, biogenética entre outras coisas. Mas muitas vezes só usam esse cenário como um recurso narrativo. E assim fazer críticas ao mundo atual e até mesmo ao nosso passado. Assim, isso cria uma mentalidade mais definida sobre o nosso futuro. 
Arthur Dent é um sujeito extremamente comum, simples, que vivia no planeta Terra... Não leram isso errado. Ele VIVIA. Já vão entender. Ele é um homem inglês, e certo dia descobre que a prefeitura pretende destruir sua casa, pois ela fica no meio de uma nova rua que estão construindo. Ele tenta convencer o pessoal a não destruir sua residência. Eis que aparece um conhecido como Ford Prefect.
Ele puxa Arthur pois ele é um alien, que sabe sobre a destruição da Terra! Já que ela será estourada em DOZE MINUTOS! E o que Ford sugere? Irem beber uma cerveja. Prefect é na verdade um alienígena que esta tentando atualizar o verbete da Terra, em um item conhecido como O Guia do Mochileiro das Galáxias. É um livro eletrônico que falava sobre tudo no universo.
De qualquer forma, antes que o planeta fosse explodido, eles param dentro da nave de aliens. Aqueles mesmos que acabaram de detonar a Terra. Que só queriam destruir a terra para criar uma nova via interplanetária... 

Nada viaja mais rápido que a velocidade da luz, com exceção talvez das más notícias, que obedecem leis próprias e específicas.
Douglas Addams usa elementos diversos para tirar sarro de coisas como política, burocracia, dos cientistas, dos artistas, dos filósofos, entre outras tantas pessoas que muitas vezes acreditam saber sobre o mundo e como ele funciona. Só que a gente sabe que na verdade, são só figuras carimbadas no mundo, se me entende.
O autor faz piadas com coisas simples e cotidianas do nosso dia a dia. Como o fato de todo o lugar ter uma bebida extravagante que se parece gim tônica, qual era o sentido da vida, ou que nós humanos tem a manina te falar o óbvio. 
25 de maio é considerado o Dia da Toalha e também Dia do Orgulho Nerd. Só que são comemorações bem diferentes. 
É impossível você ter crescido no mundo nerd ou geek sem ter visto alguma referência  da obra desse cara. Desde pessoas andando com uma toalha e um hobby, até significado do número 42, passando por conversas em que uma determinada coisa era "praticamente inofensiva" e "não entre em pânico".
Aliás, muita gente tentava descobrir o motivo de o sentido da vida ser o número 42. E Douglas Adams falou que isso não significa nada. Ele só queria um número que fosse par e baixo, então praticamente ele colocou esse número pois era legal. 
E até mesmo a toalha foi inserida no livro, pois o autor perdia a sua todo o dia que ia a praia.
O motor de probabilidade infinita é outra de suas criações. Eu vou "TENTAR" explicar isso. E nunca foi tão necessário aspas em um texto meu como nesse... Para praticamente qualquer coisa no mundo, nós podemos escrever uma equação sobre o que ocorre no nosso dia. Desde algo simples, até verdadeiros milagres, pois a física explica isso. E é bem vagamente isso que o motor faz, maaaaaas é bem mais complexo do que estou descrevendo. Ainda assim, a leitura te faz entender isso. Usando até mesmo o Príncipio da Incerteza de Heisenberg, mas em especial, o uso da probabilidade. A escrita usa de licença poética para que quem esteja na nave, possa viajar para lugares improváveis, já que ele faz uma equação de probabilidade infinita. Mas só quem esta na cabina a prova de improbabilidade esta a salvo dos efeito do motor. Como por exemplo, enquanto alguém viaja em um veículo com esse motor, dois mísseis se transformarem em uma baleia e um vaso de flor. Complicado...
Em 11 de maio de 2001, Adams faleceu por conta de um problema cardíaco. E é aí que a história sobre o Dia da toalha começa. Os fãs sentiram que precisavam homenageá-lo de alguma forma, mas não conseguiam se organizar para prestar a tal ode ao criador da série. Ninguém conseguia chegar a um consenso sobre a data. Várias sugestões começaram a pipocar em fóruns, a maioria envolvendo o número 42 (na mitologia de Adams, alienígenas perguntam a um supercomputador qual é a reposta para a Vida, o Universo e Tudo mais. A máquina diz que a resposta, com certeza, é “42”, mas que ele não sabe qual é a pergunta). O que fazer, então? Transformar o 42º dia do ano em “Dia do Douglas”? Comemorar na 42ª sexta-feira do ano? Ficou decidido, então, que a homenagem seria feita quando se completassem 42 dias da morte de Adams, em 22 de junho.
A coisa toda, no entanto, desandou. Os fãs perceberam que estavam demorando demais para agir, e acabaram inventando o Dia da toalha para homenageá-lo na data mais próxima. Não foi quando ele morreu, nem em nada que envolvesse o tal do 42. Foi uma data qualquer, quando se completaram duas semanas da morte do autor. A data você já sabe, 25 de maio.
O dia aparentemente escolhido sem muito critério acabou ganhando força por uma coincidência. Foi em 25 de maio que Star Wars foi exibido pela primeira vez nos cinemas, em 1977. Em 2006, quando Guerra nas Estrelas completou 29 anos, os fãs perceberam que as datas batiam, e a comunidade geek acabou adotando o dia e o transformando não só em uma coisa para os fãs de Guia. Nascia ali o Dia do Orgulho Nerd. Na página oficial da comemoração do dia da Toalha, no entanto, há uma boa justificativa para o dia 25. “Como o universo que Douglas Adams criou era repleto de absurdos e acasos, essa talvez tenha sido a escolha certa, no fim das contas”, escrevem os organizadores. 
Em 2005 foi lançado um filme com Martin Freeman, Zoe Deschanel e até Alan Rickmann fazendo a voz de Marvin, o robô depressivo que eu queria bater! Só que pensa em um filme fraco... Não chega nem aos pés dos escritos de Adams. Lembrando, que antes já ocorreu de sair um seriado feito pela BBC. 
O projeto da adaptação cinematográfica foi estudado por mais de vinte anos. A primeira vez que a ideia foi cogitada foi em 1982, pelos produtores Ivan Reitman, Michael C. Gross e Joe Medjuck. Douglas Adams escreveu três diferentes versões do roteiro para a equipe de produção, mas a ideia não foi levada pra frente e acabou perdendo para outra comédia de ficção científica – O Guia do Mochileiro das Galáxias foi adiado para que os envolvidos no projeto pudessem trabalhar na produção de Os Caça-Fantasmas.
No longa-metragem da saga, o rosto de Douglas Adams pode ser visto como um planeta durante o passeio de Slartibartfast pela galáxia. Uma singela homenagem da produção ao autor da série. Filme fraco, mas bela homenagem.
Criaram até jogo e cards disso! E o Radiohead fez uma homenagem ao livro. A música “Paranoid Android”, da banda de rock alternativo, faz referência a Marvin, o androide paranóico.
Um dia antes da morte de Douglas Adams, a instituição The Minor Planet Centre, que monitora e coleta informações sobre pequenos planetas, deu ao asteroide 18610 o nome de “Arthurdent” em homenagem ao protagonista da saga. Para ver quão importante esse autor foi para a comunidade geek e científica.
O livro A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e o do Guia do Mochileiro das Galáxias, da Editora Aleph, reúne trechos inéditos além, claro, da biografia completa do autor. Revelando desde influências dos Beatles até relações com Doctor Who e Monthy Pyton, o livro lança um novo olhar para Douglas e sua obra-prima.
É um fato bem conhecido que todos que querem governar as outras pessoas são, por isso mesmo, as menos indicadas para isso.

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